Berger revela como teve engenheiro ‘roubado’ por Senna
Companheiros na McLaren de 1990 até 1992, austríaco viu engenheiro que indicou ser colocado no carro do brasileiro
Dono de apenas três vitórias nos três anos que esteve ao lado de Ayrton Senna na McLaren, Gerhard Berger revelou em uma coluna ao site oficial da McLaren que o time acabou lhe preterindo após a indicação do engenheiro Giorgio Ascanelli para a equipe.
Enfrentando um início difícil de temporada em 1990, ele falou com o chefe da equipe, Ron Dennis, sobre seu trabalho com Ascanelli na Ferrari. Sua indicação foi levada a sério, mas não da maneira que ele imaginava.
“O carro foi construído para o Prost, por isso com o meu tamanho... Na verdade, isso não deveria ser uma desculpa, mas haviam algumas coisas que não eram boas para mim. Mas quero deixar bem claro: Ayrton foi o melhor que eu”, falou. “Só estou dizendo que enfrentei algumas coisas.”
“E aqui está outra coisa. Quando eu estava na Ferrari, meu engenheiro era Giorgio Ascanelli. Nós trabalhamos bem juntos, e ele entendia exatamente o que eu precisava. Eu dizia a ele, 'o carro está fazendo isso aqui’, e depois ia embora para a festa. Voltava no dia seguinte e o carro estava mudado completamente, graças às ideias do Giorgio.”
“Quando vim para a McLaren Eu tinha um engenheiro muito bom, Steve Hallam. Mas ele estava acostumado a trabalhar com o Prost, que falava: "preciso que você altere o roll-bar, altere as molas e etc’. Prost era da velha escola, e eu estava acostumado com a nova escola, os com computadores e com os engenheiros fazendo os cálculos. Então, eu me vi tendo um pouco de dificuldade em acertar o carro. Estava faltando o Giorgio.”
“Então eu fui para o Ron Dennis e disse: 'tinha um grande engenheiro na Ferrari, e eu acho que devemos contratá-lo. Acho que realmente melhoraria as coisas para mim’. Então, Ron o trouxe a bordo e começou a trabalhar com Ascanelli. Mas um dia, Ron veio até mim e disse: 'tenho uma boa notícia e uma má notícia, o que você gostaria de ouvir primeiro?’ Eu disse: 'a boa notícia, claro’. Ele disse: 'Ascanelli está vindo’. Eu disse: 'Fantástico! E qual é a má notícia?’ E Ron disse: ‘A má notícia é que ele vai estar no carro do Ayrton...”
“Isso para mim foi um ponto crucial. Assim, o peso ficou cada vez mais do lado do Ayrton, e eu estava cada vez mais com dificuldades. No entanto, eu mantive meu temperamento. Eu vi os pontos fortes de Ayrton, e vi que, em geral, toda a equipe foi fantástica comigo. Eu tinha um ótimo relacionamento com Mansour Ojjeh (acionista da McLaren), mas também com a mecânica. Eles eram a minha família. Com Ayrton, pensei apenas tentar ser melhor, eu não culpo a equipe ou a Honda ou qualquer outra coisa.”
A boa ação mal recebida
No GP do Japão de 1991, no qual Senna se sagrou campeão pela terceira vez, Berger estava na pole mas acabou sendo superado pelo brasileiro no meio da prova. Com o título garantido após o abandono de Nigel Mansell no início da corrida, Ayrton deixou Berger passar após um pedido do chefe, Ron Dennis.
Berger disse que não sabia do acerto dos dois, e achou o episódio injusto. “No Japão, eu estava na pole e estava liderando a corrida. Mas tive um escapamento quebrado.”
“Ayrton me ultrapassou. Estava em segundo e ainda com o escapamento quebrado, quando ele ficou lento no final. Eu pensei que ele tinha tido um problema de combustível ou algo assim. Pensei que aquela ultrapassagem era justa, então passei.”
“Eu não sabia naquela hora que ele estava me deixando vencer. Eu não gosto disso. Se eu soubesse, teria freado. Nós teríamos parado ambos os carros antes da linha de chegada, e talvez quem estivesse atrás ganharia a corrida.”
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