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Burti aposta em asa móvel, Mercedes e ano bom para brasileiros

Piloto e comentarista, o ex-test-driver da Ferrari abre o jogo e conta suas expectativas para a temporada de Fórmula 1 em 2011

Burti fala sobre as novidades nos carros, pneus, destaques e um tal de Schumacher

A temporada 2011 da Fórmula 1 está prestes a começar e, para ficar por dentro das novidades, nada como conversar com uma pessoa que tem livre acesso aos boxes e motorhomes das equipes. Melhor ainda se esta pessoa for um ex-piloto, pois os comentários ficam ricos em detalhes - afinal, só quem já participou de um GP sabe como é o mundo da principal categoria do automobilismo mundial.

Estamos falando de Luciano Burti. O paulista de 36 anos integrou o cenário da F1 como piloto entre 1999 e 2004, realizando treinos com a Stewart antes de integrar as equipes Jaguar e Prost como titular, ocupando posteriormente o cobiçado cargo de piloto de testes da Ferrari por três campeonatos. Hoje, Burti alterna entre o Peugeot da Boettger Itaipava na Stock Car e a cabine de transmissão da Rede Globo, onde forma um trio de respeito com Galvão Bueno e Reginaldo Leme, ganhando destaque por sua visão diferenciada.

Em conversa com o TotalRace na etapa de abertura da Stock em Curitiba, Burti falou sobre tudo: as novidades na parte técnica e de pneus, os amigos brasileiros e o ex-colega Michael Schumacher. A começar sobre as inovações técnicas e as mudanças nos carros. Discordando de Ross Brawn, chefe da equipe Mercedes, o piloto e comentarista não crê que o escapamento dianteiro introduzido pela Renault causará tanto impacto com os difusores duplos em 2009, apostando suas fichas na nova asa traseira móvel.

"Esse escapamento não é nada grande como o difusor. Aliás não chega nem perto. Ele tem um efeito aerodinâmico, mas é detalhe. Já o difusor foi decisivo para o título da Brawn. A asa traseira será, sim, uma mudança grande, pois ela ajudará na hora de ultrapassar, coisa que o Kers, por exemplo, não faz diferença. A asa só pode ser usada para ultrapassar, enquanto você pode se defender com o Kers. Para a corrida, será interessante ver o quanto isso influenciará no resultado."

Outro item que deve agitar as corridas é a entrada da Pirelli, que levará compostos de pneus bem diferentes entre si para agitar as corridas. E, neste ponto, Burti entrou em uma contradição interessante: ele reprova como piloto, mas apoia como comentarista. "Olhando de fora eu aprovo, mas, para quem pilota, será uma porcaria. Tecnicamente, não é legal. Estive em Barcelona nos testes pré-temporada e no olho dá para saber quem está com pneus novos e usados. O carro fica ruim, com pouca aderência e equilíbrio. Mas, para o espetáculo, quanto menos técnico, mais bagunça. Isso provocará um efeito positivo. Mas temos de esperar para ver na prática".

Já na hora de fazer apostas, Burti é bem cauteloso. "Temos que lembrar que a F1 muda do dia para a noite. Um pacote aerodinâmico muda o carro em um segundo e, certamente, o que vi agora não será regra durante o ano", ressalta. Mesmo assim, uma decepção foi eleita durante a pré-temporada: "A McLaren foi mal nos treinos, quebrou, não foi legal. Já a Mercedes estava neste mesmo nível, mas teve um bom pacote de atualizações e subiu, provando que tudo muda rápido."

O ex-piloto, inclusive, usou de seus bons contatos para analisar quem pode surpreender. "Se eu fosse eleger uma zebra, por incrível que pareça, seria a Mercedes, pois ela não foi bem no ano passado e no primeiro teste. Diria que não era tão comum ela andar bem. Agora, das equipes médias, a Toro Rosso chegou a ir bem, mas conversei com o Giorgio Ascanelli [diretor técnico do time] e ele disse não saber se o carro será bom, não deu uma pinta de otimismo. Já no caso da Sauber, o Rubinho tem falado que eles têm sido constantes desde o início. Talvez eles tenham usado menos combustível, mas, das médias, a Sauber é quem mostrou mais potencial.”

No lado dos pilotos estreantes, Burti não mostrou muita empolgação com as novas caras. "O Sergio Perez é um bom piloto, mas não acho um destaque. Ele andou bem na GP2, cheguei a ver corridas que ele ganhou, mas não foi um destaque, assim como [Nico] Hulkenberg e [Lewis] Hamilton. Ele foi bem em Barcelona, mas não sei, vou esperar para ver. Já o Pastor Maldonado ganhou a GP2 depois de um bom tempo. Tinha experiência, mas não era uma concorrência leal. Porém, nos treinos, o desempenho foi melhor que eu esperava. Ele foi rápido, constante e pode andar bem."


Os únicos brasileiros na categoria, Barrichello e Massa, terão um 2011 melhor, na opinião de Burti, uma vez que, no caso de Massa, por exemplo, pior que 2010 não fica. "O Rubinho é um cara muito positivo hoje em dia, ele tenta ver o lado bom e enxerga que a Williams deu um passo adiante. Não sei dizer o tamanho do passo, mas pode ser melhor que o ano passado. Brigar pela ponta? Ainda não, mas vamos ver. Enxergo o Felipe mais competitivo que no ano passado, por tudo o que aconteceu com o pneu, que muita gente usa como desculpa. E isso não é o caso, é algo que precisa ter conhecimento técnico. Se será o suficiente pra bater o Alonso, a ver, mas ele terá uma condição boa contra o ano desastroso de 2010."


Por fim, com a evolução que a Mercedes apresentou no fim da pré-temporada, Burti, com a autoridade obtida após três temporadas de convivência, se arriscou a responder a pergunta feita pela maioria dos fãs do esporte: será que o velho Michael Schumacher estará de volta? "A surpresa é não ver o velho Schumacher de volta. A surpresa foi no ano passado um Schumacher apagado, inconstante, nada a ver com ele. Acredito que ele vá andar melhor neste ano. No entanto, o velho Schumacher que ganhou tudo não volta mais, pois ele não tem mais uma equipe toda ao seu redor. Ele era fora de série e tinha uma condição única."

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Bruno Vicaria
Fórmula 1
Michael Schumacher
Rubens Barrichello
Felipe Massa
Pastor Maldonado
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