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Carlos Reutemann: Uma estrela brilhante da F1 que nunca chegou ao título

Ao longo de uma década na F1, argentino correu por alguns dos nomes mais importantes da história do esporte

Carlos Reutemann

Carlos Reutemann, que morreu nesta quarta (07) aos 79 anos, esteve no grid da Fórmula 1 por uma década, pilotando pela Brabham, Ferrari, Lotus e Williams. Ele venceu 12 GPs em cerca de 150 disputados, mas apesar de ter colocado as mãos na taça em 1981, infelizmente nunca concretizou o sonho de ser campeão.

Em 1974, Reutemann venceu pela primeira vez, no GP da África do Sul, em Kyalami. Foi significativo, não apenas por ser a primeira vitória de uma Brabham desde 1970, mas também por ser o primeiro triunfo de um carro projetado por Gordon Murray. Por coincidência, em sua terra natal.

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O fato de Reutemann ter encontrado sucesso já no começo de sua terceira temporada na categoria não chocou a F1. A maioria dos seus rivais já esperavam que isso viesse, até mesmo mais cedo, desde sua contratação pelo novo dono da Brabham, Bernie Ecclestone, em 1972, conquistando a pole já em sua estreia, correndo no GP da Argentina!

Carlos Reutemann, Brabham BT34
Carlos Reutemann, Brabham
Carlos Reutemann, Brabham BT34 Ford leads Chris Amon, Matra MS120C
Carlos Reutemann
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Apesar do restante de sua temporada como novato na F1 ter sido limitada pela ruim Brabham BT37, 1973 mostrou progresso a partir do momento que o BT42 de Murray chegou às pistas. Em uma era onde apenas os seis primeiros conquistaram pontos, Reutemann chegou a esse grupo seis vezes nas últimas nove corridas do ano, incluindo dois pódios.

Então, quando Murray fez o BT44 para 1974, a Brabham parecia ser novamente uma equipe mais digna de seu fundador, Sir Jack Brabham, e Reutemann chegaria a vencer três vezes naquele ano.

Carlos Reutemann, Brabham BT44 Ford
Carlos Reutemann, Brabham BT44 Ford leads Niki Lauda, Ferrari 312B3
Carlos Reutemann, Brabham celebrates
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A bela atualização do BT44B para 1975 enfrentou a rápida e confiável Ferrari 312T de Niki Lauda e, agora, Reutemann tinha o problema oposto do ano passado. Murray havia resolvido os problemas do original, então o carro era quase a prova de balas, mas faltava uma velocidade fundamental, então Reutemann precisava praticamente acabar com seus pneus Goodyears para tentar seguir os carros vermelhos nas corridas.

Ele terminaria aquele ano em terceiro no campeonato com uma vitória, um triunfo de sorte em Nurburgring, além de cinco outros pódios. Mas, sem dúvidas, pela primeira vez em sua carreira, ele tinha ao seu lado um companheiro de equipe difícil, José Carlos Pace, e ficou um pouco para trás em termos de velocidade nas classificações, algo que se manteve para 1976.

Carlos Reutemann, Brabham BT44
Carlos Reutemann, Brabham BT44B
Carlos Reutemann, Brabham BT44B Ford
Gordon Murray and Bernie Ecclestone with Carlos Reutemann, Brabham BT44B-Ford
Carlos Reutemann, Brabham BT44B-Ford, Bernie Ecclestone, Gordon Murray and Herbie Blash
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Segue sendo algo perplexo. Considerando o quão sensacional Reutemann se provou ser, talvez Pace, que morreria em um acidente de avião em 1977, estaria no mesmo patamar de Guy Moll, Ricardo Rodríguez, Johnny Servoz-Gavin e Stefan Bellof entre os maiores talentos do esporte que não tiveram a chance de provar sua qualidade.

Ou, como alguns especularam, Reutemann chegou a perder o foco após detectar uma união maior entre a direção da Brabham e Pace. A carreira de Reutemann, assim como a de René Arnoux, foi marcada por mudanças de humor aparentes que poderiam durar meio fim de semana de corrida ou meia temporada.

Não que houvessem vencedores na Brabham em 1976, já que Ecclestone havia trocado os motores Cosworths por Alfa Romeos. As máquinas, com lindas pinturas da Martini, não eram rápidas nem confiáveis, e Reutemann definitivamente levou a pior, não terminando nove das doze corridas que largou naquele ano.

Mas Enzo Ferrari começou a abrir uma porta, chamando o argentino para substituir Clay Regazzoni em 1977. O movimento veio cedo, quando Lauda se recuperava do acidente sofrido em Nurburgring, mas assim que a Ferrari confirmou Reutemann durante o GP da Itália, o campeão retornou, e superou seu futuro companheiro de equipe tanto na classificação quanto na corrida.

Carlos Reutemann, Ferrari 312T2
Carlos Reutemann leads Niki Lauda
Race winner Carlos Reutemann, Ferrari
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Na temporada de 1977, Lauda e Reutemann estava bem igualados em termos de classificação, mas o frio Lauda, que não se importava com seu companheiro de equipe, venceria três corridas e o Mundial, enquanto o argentino teria apenas uma vitória no ano e apenas o quarto lugar na classificação, após apresentar algumas corridas brilhantes e outras medíocres.

Mas com Lauda saindo da equipe antes do fim da temporada, Reutemann foi alçado ao posto de líder, com o novato Gilles Villeneuve ao seu lado, e Carlos respondeu de modo magnífico.

Enquanto a Lotus conquistou oito vitórias em 1978 e Mario Andretti ficou com o título, a ameaça mais próxima à belíssima Lotus 79 de efeito solo foi a Ferrari 312T3 sem efeito solo mas de pneus Michelin de Reutemann, com quatro vitórias e o terceiro lugar no campeonato.

Carlos Reutemann, Lotus
Race winner Jacques Laffite, Ligier JS11 leads third place Carlos Reutemann, Lotus 79
Mario Andretti, Lotus, Carlos Reutemann, Lotus
Podium: second place Carlos Reutemann, Lotus, Race winner  Jacques Laffite,  Ligier, third place  John Watson,  McLaren
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Então seu passe estava alto quando mudou para a Lotus em 1979, mas o momento da mudança foi mal cronometrado: a Lotus 80 não funcionava bem na maioria dos circuitos. Andretti obteria um terceiro lugar na estreia, mas a usaria apenas mais duas vezes, enquanto Reutemann se recusou a usá-la.

No lugar, ele passou a usar a Lotus 79 que, naquele momento, não era mais tão rápida a ponto de entrar na luta por vitórias.

O carro que veio forte na segunda metade daquele ano foi a Williams FW07, e Reutemann não perdeu tempo e garantiu uma vaga na equipe de Sir Frank Williams para 1980, usando o novo modelo B, mesmo que isso significasse ter um contrato que o deixasse como nº 2 contra Alan Jones.

Rapidamente, o conteúdo do contrato se mostrou imaterial, com o australiano vencendo cinco corridas e conquistando o título daquele ano contra apenas uma vitória de Reutemann em Mônaco, terminando em terceiro no Mundial, ficando atrás também da Brabham de Nelson Piquet.

Carlos Reutemann, Williams FW07C
Carlos Reutemann, Williams FW07C
Carlos Reutemann, Williams FW07C
Podium:
Race winner Nelson Piquet,  Brabham, 
second place  Carlos Reutemann,   Williams, 
third place Alain Prost, Renault
Juan Manuel Fangio shows the chequered flag to Carlos Reutemann, Williams FW07C-Ford Cosworth
Alan Jones and Carlos Reutemann, Williams
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A sorte parecia que começaria a sorrir para Reutemann em 1981, com o FW07C igualando seu ritmo de classificação (fazendo 10 a 5 contra Jones), mas ele causaria tensão dentro da Williams. Com o título de Jones, a restrição do argentino como nº 2 não chegou a ser removida.

Reutemann foi pressionado por Jones a errar enquanto liderava a primeira corrida do ano, em Long Beach. Mas, no Brasil, Reutemann manteve sua vantagem na chuva, impedindo a passagem do companheiro de equipe para garantir a vitória.

Ele venceria também em Zolder, na Bélgica, um triunfo emocionante após atropelar um mecânico da equipe Osella durante os treinos e o jovem italiano não resistir aos ferimentos. 

Após a nona rodada, de um total de 15, ele tinha 17 pontos de vantagem no campeonato. Mas ele terminou apenas mais duas vezes na zona de pontos ao longo das seis corridas restantes e, nas três finais do ano, pilotava como se não quisesse o campeonato, resistindo pouco aos reais protagonistas: Piquet, que terminou campeão, e Jones.

Poucos dias após o final daquela temporada, Reutemann decidiu que abandonaria o esporte, voltando atrás na sequência, correndo os dois primeiros GPs de 1982 com a Williams e conquistando um pódio, antes de se afastar, dessa vez permanentemente.

Carlos Reutemann, Williams FW07C
Podium: race winner Alain Prost, Renault, second place Carlos Reutemann, Williams, third place René Arnoux, Renault
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Ao mudar seu foco para a política, como governador de Santa Fé, na Argentina, o mundo do esporte a motor ficou analisando o enigma de Reutemann. Ele era sensível demais? Ele precisaria de mais apoio para ser o melhor de forma consistente? Ele era, consciente ou inconscientemente, avesso à atenção que um campeonato teria trazido? Ele ficava muito em sua cabeça?

Como poderia um homem, mentalmente forte para superar a tragédia no pitlane de Zolder em 1981 para fazer pole ou vitória não mostrou os mesmos nervos de aço ao lidar com companheiros de equipe como Niki Lauda ou Alan Jones?

Ninguém, talvez nem mesmo ele, teria todas as respostas. Mas todos concordariam, sem pestanejar, e uma coisa: em seus melhores momentos, Reutemann era quase intocável.

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