Coluna do Massa: Como segurei Hamilton atrás de mim na China
Após os GPs, o piloto brasileiro vai trazer aos leitores do Motorsport.com - e de maneira exclusiva - suas opiniões e impressões sobre o que aconteceu dentro e fora da pista; na estreia, o brasileiro fala sobre a disputa na pista com tricampeão
Há algo muito especial que dá ao GP da China uma identidade única para mim. Toda vez que venho para Xangai, antes de eu sequer pensar sobre a pista ou os compromissos do fim de semana, há uma tradição especial: conhecer os meus fãs.
Conheço alguns deles já e todos os anos eles esperam por mim na frente do meu hotel - às vezes por um dia inteiro - aguardando a minha chegada.
Em muitos outros países, o ritual termina com um aperto de mão, um autógrafo ou uma selfie. Mas, na China, não. Há presentes. E estamos falando de fãs que conhecem minha vida às vezes melhor do que eu!
Eles sabem os nomes dos meus amigos e da minha família. Este ano recebi presentes não só para mim mas também para o meu filho e para a minha sobrinha.
É realmente incrível pensar no entusiasmo que esses fãs me dão. São milhares de quilômetros de distância de casa, de modo que encontrar pessoas que te valorizam de forma calorosa e educada te dá um grande sentimento.
Jantar dos pilotos
Em Xangai tivemos também um jantar muito agradável, que foi organizado entre todos os pilotos.
Pode parecer estranho dizer isso, mas embora compartilhemos o mesmo paddock durante anos, nós realmente não nos conhecemos muito bem.
Quando você sobe no carro, todo mundo só pensa em si mesmo e eu sou o primeiro a querer ultrapassar todos os meus adversários e estar na frente.
Mas quando você tira seu capacete, somos um bando de rapazes que compartilham o mesmo mundo, os mesmos problemas e os mesmos objetivos.
É por isso que o jantar de Xangai foi uma boa oportunidade para que possamos ficar juntos em um contexto diferente e contar histórias que não são necessariamente relacionadas com o que fazemos na pista.
O ambiente estava muito descontraído e alegre e eu acho que muitos de nós voltou para nossos quartos no hotel com uma sensação muito boa.
Estou convencido de que encontros como este são muito úteis e espero que possamos ter coisas como esta com muito mais frequência.
A luta com Hamilton
Após o jantar, meus pensamentos voltaram para a batalha na pista e nesta frente meu GP da China foi muito positivo.
Nos estágios finais da corrida, tive que defender duramente meu sexto lugar de um ataque de Lewis Hamilton. E foi difícil.
Tínhamos os mesmos pneus (ele tinha mudado uma volta mais cedo do que eu), de modo que estávamos equilibrados. E mesmo ele tendo problemas com o carro, devemos lembrar que ainda é uma Mercedes.
No final, consegui controlar a situação e eu acho que foi principalmente pela maneira que fui capaz de administrar os pneus.
Meus traçados estavam muito diferentes na corrida, porque se eu tivesse usado os mesmos que fiz na classificação, depois de algumas voltas meus pneus estariam ruins, especialmente os da frente.
Também só pisei fundo no acelerador nas curvas quando o carro estava perfeito nas retas, e esta técnica funcionou muito bem.
Acho que para esta corrida, o ritmo em sequências mais longas de voltas não estava tão bom, que era a diferença entre Bottas e eu.
Isso também confirmou muitas informações de que eu tinha fornecido à equipe após os testes de inverno. É sempre bom ser capaz de produzir um resultado que vem depois de trabalhar com os engenheiros: isso se torna um prêmio que ajuda a fortalecer as relações dentro da equipe.
Terceira melhor equipe
O sexto lugar me permitiu deixar Xangai ocupando a mesma posição no campeonato de pilotos e acho que é uma avaliação positiva após três corridas.
Muitas pessoas têm me perguntado se eu esperava algo mais desde o início desta temporada, mas quando você começa uma campanha, todos os pilotos têm grandes expectativas.
Como um todo, acho que a Williams deu um bom passo em comparação ao final de 2015, mas não podemos esquecer que os nossos adversários têm trabalhado duro também.
No final do ano passado estávamos lutando contra a Red Bull pela terceira posição e eu ainda acho que hoje estamos na mesma situação.
Vimos no Bahrein e Xangai que a Red Bull tem melhorado muito em termos de velocidade máxima e só posso deduzir que deu alguns passos à frente com a sua unidade de potência.
A confirmação virá de Sochi, onde há longas retas, mas eu acho que nós temos uma chance. Meu objetivo, claro, é ficar à frente deles.
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