F1: Como a Red Bull quase se complicou na Espanha por causa das regras de combustível
Temperatura do combustível é um tópico que vem dando o que falar nos bastidores desde o começo do ano
O vencedor do GP da Espanha de Fórmula 1, Max Verstappen, não teve um domingo tranquilo. Mas seus problemas em Barcelona poderiam ter sido ainda maiores, além da escapada e a falha no acionamento do DRS, tudo por causa de um drama na equipe antes mesmo de sair da garagem.
Verstappen foi o último piloto a sair do pitlane a caminho do grid, com este fechando às 14h30. Ele saiu da garagem apenas segundos depois de Pierre Gasly sair dos boxes da AlphaTauri. Já seu companheiro de equipe, Sergio Pérez, havia saído um pouco antes.
A Red Bull afirmou que a saída tardia de Verstappen foi por causa dos problemas com o DRS e, de fato, a equipe estava checando a asa traseira do holandês no momento em que o pitlane foi aberto.
Porém, foi apurado que todos os carros com motor Honda saíram tardiamente da garagem devido a preocupações sobre o cumprimento da norma da FIA sobre a temperatura mínima do combustível, algo que forçou Sebastian Vettel e Lance Stroll a largarem do pitlane com a Aston Martin em Miami.
O Artigo 6 do regulamento técnico da FIA especifica que o combustível não pode estar mais de 10 graus abaixo da temperatura ambiente oficialmente declarada.
A regra fiz: "Nenhum combustível para uso imediato em um carro pode estar mais de dez graus centígrados abaixo da temperatura ambiente. Ao analisar o cumprimento, a temperatura ambiente será a registrada pelo serviço de meteorologia usado pela FIA uma hora antes de qualquer sessão de treinos ou duas antes da corrida. Essa informação será disponibilizada pelos monitores".
"A temperatura do combustível pretendida para o uso no carro deve ser medida por um sensor aprovado e selado pela FIA".
Tanques de combustível do lado de fora da garagem da Ferrari
Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images
Para as cinco primeiras corridas da temporada com os novos carros, foi acordado pelas equipes e a FIA para manter a temperatura mínima em 18 graus, usando uma previsão de 28 graus ambiente para Bahrein, Jeddah, Melbourne, Ímola e Miami.
Porém, a regra original foi retomada para Barcelona. A FIA registrou a temperatura ambiente em 35 graus, então o combustível não poderia estar abaixo dos 25. As equipes precisam encher os tanques dos carros duas horas da largada, declarando à FIA a quantidade de combustível colocada.=
Então o combustível vai esquentando gradualmente enquanto aguarda dentro do carro, e o processo segue enquanto o motor é ligado na garagem. No modo como a regra está escrita, parece haver uma dúvida sobre o combustível estar no nível legal antes mesmo do carro estar na pista, já que a frase "combustível para uso imediato" pode levar a uma interpretação aberta.
Porém, a FIA enviou uma retificação às equipes, confirmando que o momento determinado é o de saída da garagem. Com isso, as equipes tem a chance de colocar o combustível no carro duas horas antes da corrida abaixo da temperatura legal, apostando no aquecimento antes da abertura do pitlane, com os carros saindo da garagem 40 minutos antes da corrida.
Quando os carros vão para a pista, a temperatura inicial do combustível seria mais baixa do que caso o mínimo legal fosse determinado para o momento de sua colocação no tanque. As equipes preferem um combustível com temperatura mais baixa pensando em confiabilidade e performance, apesar do último ser menos significativo do que na era dos motores aspirados.
Foi apurado que, em Barcelona, Red Bull e AlphaTauri perceberam que a janela para atingir a temperatura necessária seria muito pequena no momento de abertura do pitlane, às 14h20, horário local.
Mecânicos trabalham no DRS do RB18 de Max Verstappen
Photo by: Giorgio Piola
Para tirar vantagem dos quase 10 minutos extras para permitir que o combustível aquecesse, e com os motores de ambos os carros acionados, as equipes atrasaram a saída da garagem até o último momento possível antes do fechamento do pitlane, às 14h30.
Como resultado, os carros não puderam fazer as duas ou três voltas tradicionais com passagem pelo pitlane, ou testes de largada. As duas equipes estavam em uma situação melhor que a da Aston em Miami, onde um erro no processo levou Stroll e Vettel a largarem do pitlane.
Não há dúvidas sobre a legalidade da temperatura da Red Bull e da AlphaTauri na saída dos boxes, já que isso é monitorado pela FIA, e qualquer discrepância seria flagrado.
Porém, após a corrida, o chefe da Ferrari, Mattia Binotto, jogou lenha na fogueira, ao indicar que acreditava que o combustível deveria estar acima do mínimo "o tempo todo", e sugeriu que uma equipe não pode aquecê-lo ao ligar o motor.
De fato, sua declaração sugeriu que talvez ele tenha uma interpretação diferente das regras do que o sugerido pela retificação recente, uma que pode derivar do fato da Ferrari ter menos preocupações com a temperatura do combustível do que as rivais.
"Obviamente não sei o que estava acontecendo ali naquele momento", disse Binotto sobre a chegada tardia de Verstappen ao grid. "Eu imagino que seja sobre a temperatura do combustível no tanque, que precisa estar no máximo 10 graus a menos que o ambiente".
"Acho que, pelo regulamento, precisa ser o tempo todo durante o evento. Então não apenas quando o carro está saindo dos boxes, mas dentro da garagem também. Então não acho que ligar o motor para aquecer o combustível seria suficiente, porque precisa ser o tempo todo, então só posso confiar na FIA".
Christian Horner, Team Principal, Red Bull Racing, Mattia Binotto, Team Principal, Ferrari, on the grid
Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images
"Então, pra mim, é difícil de entender que eles estejam aquecendo o combustível ao ligar o motor. Porque, como eu disse, deve estar nessa janela o tempo todo. Mas devo confiar na FIA, e tenho certeza de que eles tenham checado tudo. Talvez não seja a explicação certa, então vocês devem perguntar a eles".
Os incidentes da Aston em Miami e o que aconteceu com a Red Bull e a AlphaTauri em Barcelona colocou um novo holofote no tópico do resfriamento de combustível, e qualquer vantagem que possa existir ao potencialmente reduzi-lo abaixo do limite quando ele é colocado no carro antes da corrida.
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