F1: Rubinho analisa 'Max x Lewis' e relação de Bottas e Mercedes
Ex-piloto da categoria máxima acredita que equipe alemã pode voltar forte no GP da Estíria e acha que existe desgaste entre finlandês e escuderia
A disputa acirrada entre Max Verstappen e Lewis Hamilton pelo título de pilotos da Fórmula 1 em 2021 e a situação "duvidosa" de Valtteri Bottas na Mercedes seguem sendo temas de muito debate no mundo do esporte a motor.
Em live com Reginaldo Leme no canal no Youtube do jornalista, Rubens Barrichello analisou como o duelo de gigantes, com recentes derrotas da equipe alemã, deve se desenrolar na próxima etapa, na Estíria. Além do que pode estar por trás dos últimos atritos do finlandês com a equipe no rádio aberto do GP da França, visivelmente contrariado por não ter feito dois pit stops.
"A Mercedes não está em decadência", afirmou Rubinho. "É um momento ruim pro moral, mas o que a gente consegue sentir é que para um piloto do nível do Bottas falar o que ele disse em rádio aberto é que existe sim um desgaste."
"Se quiser ficar na escuderia, vai ter que ter conversa. A gente vive em um mundo que não é igual a 20 anos atrás onde se falava um palavrão de boca cheia. Dá para ver que os ânimos estão desgastados."
No GP da França, disputado no último fim de semana, a Red Bull deu um "nó tático" na rival. Verstappen fez o undercut (ultrapassagem no pit stop) sobre Hamilton na primeira janela de paradas e tomou outra vez a posição do britânico nos momentos finais da corrida, após a equipe austríaca chamá-lo aos boxes mais uma vez, colocar pneus médios, e recuperar a liderança na pista contra compostos duros do heptacampeão.
Segundo Barrichello, para jogadas do tipo darem certo, a execução precisa ser perfeita: "A F1 tem tanto ensaio de computador que eles sabem exatamente o que vai acontecer. Só que o cara da pista tem que estar esperto, porque só funciona se ele não pegar trânsito, retardatário..."
"E o piloto nunca entra devagar nos boxes. Sempre vai com tudo para ter essa sensação de que [o trecho] faz parte do circuito mesmo. É difícil arrumar dois décimos na pista, mas é muito mais fácil perder esse tempo nos boxes", completou.
Rubinho ainda cogitou a possibilidade da Mercedes não ter feito a segunda parada, sugerida por Bottas, para não atrapalhar Hamilton: "Existe sim. Por que você vai fazer a mesma estratégia com dois pilotos? Uma história também é que o Valtteri seguraria o Max para não chegar no Lewis, mas se ele trocasse o pneu já cairia para trás, e pode ser que tanto Bottas quanto Verstappen pudessem passá-lo, é uma teoria."
Max Verstappen, Red Bull Racing RB16B, Lewis Hamilton, Mercedes W12
Photo by: Jerry Andre / Motorsport Images
A próxima etapa da Fórmula 1 será no GP da Estíria, no Red Bull Ring, casa dos líderes dos campeonatos de pilotos e construtores e onde já venceram provas em 2018 e 2019. Apenas eles e a Mercedes ganharam no circuito desde que este voltou ao calendário, em 2014.
"A Áustria é uma que deteriora também o pneu dianteiro", disse Barrichello. "E a Mercedes ainda anda mais na reta que a Honda, mesmo que seja minimamente. O Hamilton reclamava de saída dianteira [na França]. Se o carro que esteja com problemas na frente vai a uma pista com curvas de 90 graus, não gasta muito pneu."
"A primeira curva, a última, a penúltima... tem sim muitas mais longas, mas é um circuito pequeno, então pode ser que aí tenha uma demonstração de que a Mercedes volte para cima."
Para Rubinho, o forte desempenho da Red Bull em 2021 não se deve apenas à sua conhecida vantagem aerodinâmica: "Eles não só tem um carro equilibrado, como andam muito de reta, estamos vendo com a AlphaTauri também. O motor Honda está muito bem esse ano."
"Para ganhar campeonato precisa ter tudo funcionando, não adianta ter uma 'partezinha' falhando. A RBR já levou títulos com motores Renault que falavam que não estavam tão bons... mas alguma coisa acontece."
Max Verstappen, Red Bull Racing, 1st position, celebrates on arrival in Parc Ferme
Photo by: Zak Mauger / Motorsport Images
Ano "diferente" para candidatos ao título
É a primeira vez que Verstappen aparece como candidato real ao título de pilotos desde sua estreia na F1 pela Toro Rosso em 2015. Ele, que já foi muito criticado por acidentes na pista e comentários após as corridas, hoje é um adulto, segundo Rubens.
"É uma surpresa o Max estar a 12 pontos do Hamilton na liderança. É uma evolução de posicionamento. O Verstappen hoje deixou de ser um menino e amadureceu demais. Já foram muitas batidas, muitas coisas, mas com certeza é uma surpresa das boas."
"Quando você vê que o cara tá pronto para levar um campeonato? Tem que saber os dias de ganhar e aprender a perder naqueles que você não tem como vencer, que é o dia para chegar em segundo ou terceiro. Nessa hora a gente vai ver se o Max vai produzir o que a gente quer que produza. Porque, de talento, é um cara que tem muito para ser campeão."
Não somente o holandês, mas Hamilton também vive situação que não presenciava desde 2016, sua última disputa acirrada por título. Na época, o britânico perdeu o mundial para Nico Rosberg e muito se comentou sobre o psicológico do heptacampeão.
"Não tenha dúvida que ele acorda todo dia querendo ir para a academia, comendo direito e pensando na próxima prova", afirmou Barrichello. "Quando eu era criança, se fosse sair de férias com meu pai, eu estava tão feliz, mas ao mesmo tempo com tanto medo de acabar que nem vivenciava o presente por medo do futuro."
"Corrida é igual. Quando você vai mal, o que mais quer é que a próxima seja já na segunda-feira, que não demore uma semana ou duas. Só que tem que baixar a ansiedade e por o pé no chão, tranquilo. O Hamilton já provou muitas vezes que faz isso. Ele perdeu campeonato pro Rosberg por não ter ficado calmo, então tem experiência em lidar com a situação."
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