A companhia de trens de Melbourne, na Austrália, confirmou que mais de 1.500 funcionários estarão em greve durante os quatro dias do GP da Austrália, com planos de interromper os serviços entre 10h e 14h na quinta e sexta-feira e 12h e 16h no sábado e domingo.
Os trens são cruciais para a manutenção de Albert Park durante o fim de semana de corrida, com serviços de transporte especiais operando entre os vários portões do circuito.
Segundo relatos locais, a ação de greve foi desencadeada por uma disputa salarial, com o sindicato pedindo um aumento anual de 5% nos próximos três anos.
Apesar das ameaças de greve no fim de semana do GP da Austrália, o CEO da Australian Grand Prix Corporation (AGPC), Andrew Westacott, está confiante de que o problema será resolvido antes do evento.
Ele diz que a AGPC tem um acordo com o Departamento de Transportes de Victoria para fornecer serviço de transporte e sua expectativa é que se resolva o problema nas próximas semanas.
"Temos um contrato forte com o Departamento de Transportes, um contrato forte com a Yarra Trams (empresa que opera os trens), e espero que esses serviços estejam trabalhando nos quatro dias do evento.”
"Não espero nenhuma interrupção para os fãs quando comparecerem ao GP. Nosso sistema depende de um serviço de traslado da cidade. Ele depende de pessoas que podem vir de todas as partes de Melbourne em trens, bicicletas, a pé e ônibus."
"É um sistema muito integrado, e espero que as partes trabalhem em uma solução. Temos essa expectativa da Yarra Trams e do Departamento de Transportes.”
"Falei com esses fornecedores nos últimos dois dias e tenho uma expectativa de que isso seja resolvido de maneira apropriada nos próximos 28 dias".
Westacott admitiu que a greve seria embaraçosa para o evento e para a cidade.
"Se eles não são capazes de cumprir os padrões de primeira classe que estabelecemos, então seria um estrago no que temos como um ecossistema de eventos, como a capital mundial dos grandes eventos", ele adicionado.
"Nossa expectativa é que as partes em que confiamos para prestar serviços funcionem e prestem esses serviços da mesma maneira fantástica que eles têm feito há 24 anos."
Westacott também reconheceu que o surto de coronavírus pode afetar o número de pessoas no GP da Austrália deste ano.
"Eu acho que seria ingênuo sugerir que algo dessa magnitude, global e regionalmente na posição da Austrália no mercado asiático, provavelmente não terá impacto", disse ele.
"Mas, no momento, as vendas estão maiores em comparação ao ano passado. Estou realmente confiante de que todos verão uma grande corrida no dia 15 de março."
Relembre casos quando a F1 teve que adiar/cancelar provas já marcadas
O primeiro cancelamento de um GP no mundial de Fórmula 1 aconteceu no seu terceiro ano, em 1952. O GP da Espanha deveria ser a nona e última etapa do campeonato, no circuito de Pedralbes, mas acabou cancelado por questões financeiras. A situação se repetiu novamente em 1953, até que a etapa conseguiu integrar o calendário em 1954
Em 1955, um desastre marcou a história do automobilismo mundial. Nas 24 Horas de Le Mans, uma batida envolvendo o piloto da Mercedes Pierre Levegh matou 83 espectadores e feriu outros 180. A repercussão do acidente foi tamanha que afetou o calendário da F1, com as etapas da França, Alemanha, Suíça e Espanha canceladas. Na Suíça, as consequências foram ainda maiores, com o esporte a motor sendo banido do país pelas autoridades, algo que foi revertido apenas em 2018, com uma etapa da Fórmula E em Zurique
Em 1956, o mundo acompanhou o conflito armado que ficou conhecido como "Guerra de Suez", entre Israel e Egito. Com isso, o preço dos combustíveis subiu muito e as etapas da Espanha e da Holanda se tornaram inviáveis para as equipes, sendo canceladas. No ano seguinte, o conflito continuou afetando o calendário da Fórmula 1 e outras três provas tiveram que ser canceladas: além da Espanha e Holanda novamente, a etapa da Bélgica precisou ser removida da temporada pelo mesmo problema
Naquele ano, a etapa da Alemanha seria realizada no Circuito de rua AVUS, em Berlim. Mas devido às reclamações dos pilotos sobre os perigos da pista, especialmente as curvas, que chegavam a ter uma inclinação de 40 graus, a prova foi cancelada.
Em 1969, o GP da Bélgica foi cancelado devido ao boicote de parte dos pilotos, que exigiam mudanças para deixar a pista mais segura. O boicote veio após uma inspeção do circuito por Jackie Stewart, que, naquela época, era o piloto mais envolvido do grid no debate sobre segurança. Como os donos do circuito de Spa não cederam aos pedidos dos pilotos, a prova acabou cancelada. A etapa belga passou pela mesma situação dois anos depois, em 1971, e, depois disso, ficou de fora do calendário da Fórmula 1 até 1983, quando a pista foi reformada e encurtada.
Em 1972, a F1 já tentava realizar duas etapas nos Estados Unidos, assim como a Liberty tenta atualmente. Mas o projeto do GP do Oeste dos Estados Unidos, na Califórnia, não foi concretizado. Outro GP cancelado naquele ano foi o do México. Após a morte de Pedro Rodríguez, piloto que era ídolo nacional, no ano anterior, o interesse dos mexicanos pela prova caiu consideravelmente e a etapa foi cancelada.
No final dos anos 70 e início dos anos 80, a Fórmula 1 se viu dividida em uma disputa entre a Federação Internacional do Esporte Automobilístico (FISA) e a Associação de Construtores da Fórmula 1 (FOCA), que levou a uma situação curiosa. No GP da África do Sul de 1981, vários pilotos boicotaram a prova devido ao embate entre as instituições. O medo de que isso se repetisse na Argentina afugentou os patrocinadores, levando ao cancelamento da prova.
Na temporada de 1983, a Fórmula 1 tentou organizar uma etapa em Nova York, em um circuito de rua que seria montado no bairro do Queens, mas o projeto não conseguiu ser concretizado pela categoria, nem nos dois anos seguintes. Se tivesse sido realizada, a prova em Nova York seria a terceira em território americano no mesmo ano, junto com Long Beach e Detroit
Na temporada de 1985, o GP da Bélgica seria realizado originalmente em 02 de junho, mas após problemas com o novo asfalto do circuito, a prova precisou ser adiada, acontecendo três meses mais tarde, em 15 de setembro.
Uma das histórias mais curiosas de cancelamentos de etapas da Fórmula 1 vem do GP do Canadá de 1987. Naquele ano, a etapa foi cancelada porque os organizadores não conseguiram resolver um problema inusitado: duas cervejarias locais, Labatt e Molson, queriam ser as patrocinadoras master do evento, mas não foi possível chegar a um acordo e a prova foi cancelada.
A etapa do Pacífico, que seria realizada no circuito de Okayama, em 16 de abril, precisou ser remarcada após o terremoto próximo à cidade de Kobe em janeiro, matando mais de 6 mil pessoas. A prova foi transferida para 22 de outubro
O GP da Bélgica de 2003 foi cancelado devido à nova lei aprovada no país contra o tabagismo. Como muitas equipes do grid tinham patrocínio de marcas de cigarros, a etapa acabou sendo retirada do calendário. A situação foi resolvida e a F1 voltou a correr em Spa já no ano seguinte
Em 2011, o GP do Bahrein estava marcado para ser a prova inaugural do campeonato, mas a etapa foi inicialmente adiada devido a protestos contra o governo do país. Foi sugerido uma mudança no calendário, para a corrida do Bahrein ser realizada em 30 de outubro com o GP da Índia fechando o ano em dezembro, mas as equipes recusaram e a prova no país do oriente médio acabou cancelada naquele ano