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Raio-X do caso Massa-2008: Entenda todos os aspectos da polêmica que ganhou vida 15 anos após ‘Crashgate’

Entrevista do ex-chefão da F1 Bernie Ecclestone para alfinetar Lewis Hamilton abriu ‘caixa de pandora’ que pode trazer consequências inéditas na história da categoria

Uma entrevista publicada no dia 1º de março de 2023 foi o estopim para a 'reabertura' da temporada 2008 da Fórmula 1: o ex-chefe da categoria máxima do automobilismo mundial, Bernie Ecclestone, teve declarações publicadas no site F1-Insider em que dizia que considerava apenas o alemão Michael Schumacher como heptacampeão mundial, já que o título do britânico Lewis Hamilton com a McLaren não era legítimo, pelo menos na opinião do dirigente inglês.

O que pode parecer uma opinião polêmica 'contra' o atual piloto da Mercedes tinha por trás uma confissão que mudou o jogo. Ecclestone revelou que sabia, já em 2008, que durante o GP de Singapura daquele ano, o brasileiro Nelsinho Piquet bateu de propósito para beneficiar seu companheiro espanhol de Renault, Fernando Alonso, dando a vitória ao asturiano e à equipe francesa, em esquema orquestrado pelo então chefe do time, o italiano Flavio Briatore.

Foi uma 'bomba', até porque o escândalo do 'Crashgate' veio à tona para o grande público da F1 somente em 2009. Assim, segundo as regras da FIA (Federação Internacional de Automobilismo), a história do campeonato de 2008 não poderia ser mudada, uma vez que a entidade já havia coroado Hamilton como campeão, de modo que, desportivamente, não haveria brecha nos regulamentos para qualquer contestação da polêmica temporada em que o brasileiro Felipe Massa foi vice da F1.

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A declaração de Bernie reverberou no mundo inteiro, inclusive no Brasil. Especialmente para Massa, que perdeu o campeonato por apenas um ponto com a Ferrari e que, em Singapura, foi apenas o 13º colocado, enquanto Hamilton fechou o pódio daquela prova. O brasileiro, então, viu brecha para alguma providência, uma vez que um 'fato novo' veio à tona: tanto Bernie, CEO da F1, quanto o então chefão da FIA, Max Mosley, já sabiam do Crashgate antes da decisão de 2008, no Brasil.

Pouco mais de um mês depois da fatídica entrevista, o Motorsport.com publicou uma entrevista exclusiva com Massa em 4 de abril, após reportagem realizada em Goiânia, na abertura da temporada 2023 da Stock Car. Foi quando o piloto disse que estudava levar o caso aos tribunais, já que encarava como “roubo” o fato de quem cuidava do esporte simplesmente não fez nada, mesmo podendo tomar alguma providência ainda em 2008, antes da etapa de Interlagos.

Ainda naquela semana no começo de abril, o Motorsport.com obteve acesso a imagens de um material bruto de um documentário sobre Mosley que confirmavam que o inglês e seu compatriota Charlie Whiting, então diretor de prova da F1, souberam da batida proposital de Nelsinho após seu pai Nelson Piquet, tricampeão da categoria, confessar tudo no fim de semana do GP do Brasil de 2008, antes da corrida na qual o título foi decidido. Ou seja, fatos que corroboram Ecclestone.

As primeiras providências

Felipe Massa

Felipe Massa

Photo by: Alexander Trienitz / Motorsport Images

Enquanto constituía um grupo de advogados, Massa preferiu adotar o silêncio como estratégia. Mas, no dia 15 de agosto de 2023, um novo capítulo surgiu: a equipe jurídica de Felipe enviou um comunicado endereçado para Mohammed ben Sulayem, atual presidente da FIA, e Stefano Domenicali, CEO da F1, detalhando as intenções do piloto brasileiro em reabrir o caso na justiça comum da Inglaterra.

O documento, ao qual o Motorsport.com teve acesso no Brasil, é obrigatório antes de qualquer ação na justiça britânica, a fim de demonstrar as intenções de um indivíduo antes de um processo e exigindo uma “resposta substancial” da outra parte envolvida antes da ação na Justiça em si.

As duas entidades (FIA e F1) teriam 48 horas para confirmar o recebimento, como efetivamente fizeram, e 14 dias para dar a “resposta substancial”. De todo modo, as duas semanas não foram necessárias, conforme apurou o Motorsport.com com exclusividade junto a Massa na 'etapa oval' de Goiânia da Stock Car neste fim de semana. À reportagem, Felipe confirmou que obteve um retorno das entidades, mas optou por não revelar o conteúdo das respostas.

Silêncio de Piquet

 

Entre outros detalhes, Massa revelou ao Motorsport.com que tentou falar com Nelson Piquet para que o pai de Nelsinho pudesse reafirmar que contou aos chefões do esporte o que ocorreu no GP de Singapura de 2008. Porém, segundo Felipe, o tricampeão mundial de F1 não quis atendê-lo.

No último fim de semana em Goiânia, Massa também afirmou que vai 'até o fim' com essa história, dando a entender que as respostas dadas por FIA e F1 não foram substanciais como pedia a carta, podendo haver novos capítulos no futuro.

Além disso, o ex-piloto da Ferrari na elite global do esporte a motor reiterou que não está nessa empreitada em busca de dinheiro, reafirmando que seu objetivo é ser reconhecido como campeão da F1 2008.

Envolvidos despistam

Nelsinho, Hamilton e Massa no pódio do GP da Alemanha de 2008

Nelsinho, Hamilton e Massa no pódio do GP da Alemanha de 2008

Photo by: Sutton Images

Nos quatro meses em que o caso voltou a ganhar força na mídia, as pessoas que têm algum tipo de envolvimento com o caso foram questionadas. Hamilton, por exemplo, disse no GP da Holanda de F1 que não se lembra do que aconteceu em 2008 e que seu foco está no presente. Fréderic Vasseur, atual chefe da Ferrari, disse que não gosta de resultados modificados, mas que não se meteria.

Nelsinho Piquet, em seu podcast Pelas Pistas, falou sobre o caso logo que Massa anunciou que estava querendo entrar na justiça. O ex-Renault relatou sua versão do que aconteceu em Singapura e detalhou como foi coagido por Briatore a participar do esquema. Depois, não falou mais do caso.

No último fim de semana, Jean Todt, que assumiu a presidência da FIA no final do ano em que o caso veio à tona, em 2009, vindo de uma grande experiência como chefe da Ferrari, foi o convidado de honra de Massa na 'etapa oval' de Goiânia da Stock Car.

Quando questionado sobre se apoiava Massa em sua empreitada, o francês disse ao Motorsport.com: “Muitos me perguntam se eu apoio Felipe Massa ou não. Nesse momento eu sempre vou apoiar Felipe, ele é como se fosse parte da família para mim, mas eu não farei qualquer tipo de julgamento. Ele decidiu entrar com uma ação e para mim é inapropriado falar sobre este assunto".

Jean Todt e Felipe Massa em Goiânia

Jean Todt e Felipe Massa em Goiânia

Photo by: Rodrigo Guimarães

McLaren 'reage' à busca de Massa por justiça em relação à F1 2008

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