F2 - Ineditismo, quebra de jejum e 'duopólio', data comemorativa e mais: o 'tamanho' do título de Drugovich
Veja por que a conquista do piloto de Maringá, que não pertence a nenhuma academia de equipes da F1, é tão importante no automobilismo
Com uma rodada de antecedência, o brasileiro Felipe Drugovich, da equipe holandesa MP Motorsport, conquistou o título mundial da temporada 2022 da Fórmula 2, a principal categoria de acesso à Fórmula 1.
O paranaense chegou a Monza, na Itália, com uma vantagem considerável sobre o principal rival, o francês Théo Pourchaire, e confirmou o favoritismo sobre o piloto da escuderia francesa ART Grand Prix com facilidade, o que já se encaminhou com a ótima classificação do piloto -- depois punido.
Agora, a taça está garantida e o representante do Brasil pode ir para a etapa final, em Abu Dhabi, sem nenhuma pressão sobre si -- o que também permite mais tranquilidade para Felipe negociar seu futuro, com uma vaga de reserva na Aston Martin F1 no horizonte, além de contatos com a Alpine e o grupo Red Bull já iniciados, de modo que um assento titular na categoria máxima do automobilismo não está descartado.
De qualquer forma, o que 2023 reserva, só o tempo dirá. Mas o fato é que o 2022 de Drugovich representa um marco para o esporte a motor brasileiro, que não tinha um campeão em uma classe rainha de qualquer categoria global desde o ex-F1 Lucas di Grassi, vencedor da temporada 2016-2017 da Fórmula E pela equipe Audi-Abt, numa época em que a F-E ainda não era um 'Mundial' chancelado pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo).
'Seca' encerrada em data marcante
A conquista de Drugovich, aliás, também chega em momento histórico para o País: neste sábado, completam-se 50 anos do primeiro título de Emerson Fittipaldi na F1, ganho justamente em Monza com o Lotus 72D -- o 'pioneiro', aliás, guia o carro no sábado, antes do quali, e no domingo, pré-GP.
Emerson Fittipaldi a bordo do Lotus 72: bicampeão guiará carro de seu primeiro título na F1 em Monza, neste fim de semana
Photo by: JEP / Motorsport Images
Além disso, o Brasil não faturava uma taça da principal categoria de acesso à F1 desde o longínquo ano de 2000, em que Bruno Junqueira foi campeão da extinta Fórmula 3000 -- em 2005, ela se tornou GP2, que virou F2 em 2017.
Di Grassi, Nelsinho Piquet, Bruno Senna e Luiz Razia foram vice-campeões da GP2, de modo que a glória de Drugovich é, em algum grau, um feito inédito para o automobilismo brasileiro, que não tem um piloto titular na F1 desde o fim de 2017, com Felipe Massa.
Elevando patamar da equipe e quebrando 'duopólio' histórico da GP2/F2
Felipe Drugovich, MP Motorsport
Photo by: Dutch Photo Agency
'Drugo', além de se tornar campeão mundial da F2, também dá à MP Motorsport, fundada em 1995, uma conquista sem precedentes na história do time holandês, que nunca havia vencido um campeonato 'superior' a disputas de Fórmula 4. Tal feito é ainda mais importante pelo fato de, desde 2015, todos os pilotos vencedores da GP2/F2 terem corrido pelas duas escuderias mais dominantes da competição.
Uma delas é a ART, pela qual o belga Stoffel Vandoorne (2015), o britânico George Russell (2018) e o holandês Nyck de Vries (2019) conquistaram seus títulos, e também campeã com o alemão Nico Rosberg (2005), o britânico Lewis Hamilton (2006) e o alemão Nico Hulkenberg (2009).
A outra é a italiana Prema Racing, que consagrou o francês Pierre Gasly (2016), o monegasco Charles Leclerc (2017), o alemão Mick Schumacher (2020) e ainda o australiano Oscar Piastri (2021).
Vencedor Charles Leclerc, segundo colocado Alexander Albon e terceiro colocado Nicholas Latifi na F2 2017
Photo by: FIA Formula 2
O piloto 'independente' triunfa no campeonato de 'apadrinhados'
Todos os nomes supracitados foram campeões associados a alguma equipe da F1: Rosberg com a Williams, Hamilton com a McLaren, Hulkenberg com a Williams, Vandoorne com a McLaren, Gasly com a Red Bull, Leclerc com a Ferrari, Russell com a Mercedes, de Vries com a McLaren, Schumacher com a Ferrari e Piastri com a Alpine-Renault.
Drugovich, por outro lado, foi campeão 'contra tudo e contra todos'. Agora, é prospectar o interesse de algumas das marcas da F1 pensando em 2023.
PODCAST #194 - Qual será o futuro de Felipe Drugovich?
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