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Piquet critica excesso de segurança no automobilismo: “burocracia grande e chata”

Piloto da Jaguar na Fórmula E diz que esporte a motor deveria recuperar purismo de época antiga e vê pilotos da MotoGP como “fodas”

Nelson Piquet Jr., Jaguar Racing, Jaguar I-Type 3

Com o tempo, cada vez mais a FIA foi investindo seus recursos em formas de fazer o automobilismo ficar mais seguro para pilotos e espectadores. Várias medidas e procedimentos de segurança foram adotados desde o meio dos anos 90, principalmente devido ao trágico final de semana do GP de San Marino de 1994 da Fórmula 1.

No entanto, com áreas de escape asfaltadas em todas as pistas atualmente e a polêmica introdução do halo, cada vez mais os fãs têm ficado insatisfeitos com as várias burocracias criadas no esporte a motor.

Quem também fica contrariado é Nelsinho Piquet. Para o primeiro campeão da história da Fórmula E, deveria haver um limite na introdução de procedimentos de segurança para não tirar o DNA do esporte.

“Muita gente me julga por isso”, disse Nelsinho ao Motosport.com.

“Você vê, pilotos da MotoGP são todos malucos e... eles são foda. Pilotos de Fórmula 1 nos anos 1970 ou 1960 eram fodas também. Eles eram super heróis. Mas acho que isso mudou muito. Não vou dizer que os carros não precisam ser seguros, mas chega um ponto que... não sei, você acharia normal colocar uma gaiola em volta da moto, airbag, cinto de segurança e tudo? Isso tira um pouco.”

“Não sei, eu acho que chega um ponto que isso fica demais. Às vezes um fazendeiro tem muito dinheiro e quer fazer uma pista, mas aí você tem que levar a FIA para provar que o circuito tem que ser do jeito que eles querem. Isso é uma burocracia tão grande e chata que acaba às vezes tirando um pouco da raiz do esporte. Estou falando em geral, não é nem só o halo. Sei lá, se o piloto tem medo de andar – eu por exemplo não ando de motocross porque me machuquei quando era mais novo - e isso é uma escolha minha, não quero me machucar. De certa forma isso também acontece no carro.”

“Todos os pilotos passaram pelo kart, todos já tiveram acidentes e se arriscaram muito. Chega um ponto que se o cara está com medo de andar no carro porque tem família ou tem mais idade, para de correr. A gente chega hoje em dia em um ponto que o cara está tão seguro... é muita preocupação com isso.”

Piquet disse que recentemente foi alvo de uma das burocracias da FIA. Ele fez um furo em uma de suas balaclavas para permitir a entrada do rádio, algo que não tinha sido feito pela fábrica que faz seu material esportivo.

“Vou citar um exemplo de uma coisa que acho ridícula infelizmente”, seguiu.

“A nossa balaclava daqui. Eu fiz um corte para o rádio na frente dela e não me deixaram usar. Me disseram que a marca tinha que homologar a balaclava com aquele buraco. Aí na semana seguinte fizeram um buraco ali e aí podia. São coisas tão ridículas, tão exageradas... nesse ponto eu acho que estão chegando em um extremo muito radical."

"Mesmo o macacão. Às vezes tem um fiozinho saindo na perna eles falam: ‘temos que tirar uma foto para montar um histórico sobre isso aqui e vamos mandar para a FIA par ver se pode, você vai precisar usar outro macacão’. Pelo amor de Deus...”

“Outra coisa: tenho um patrocinador novo para essa corrida, mas não posso costurar o macacão porque só pode estar na manta de fora, não na manta de dentro. São umas coisas que... ok é regulamento, mas está ficando muito chato. Não te afeta muito, mas tira um pouco da raiz do esporte.”

Para ele, as pistas também têm ficado muito iguais.

“A MotoGP é o único esporte a motor que é perigoso, você toma risco e faz quem gosta e quer”, falou.

“Quem não quer, não faz. Obvio, você não quer ver acidentes como o do Billy Monger. Mas é corrida, tem um certo risco. Daqui a pouco as pistas vão ter 20 metros de largura, e se você sair da pista e acelerar durante dez segundos não bate em nada. Você vai par ao Bahrein, para a China ou Malásia, essas pistas não têm característica igual Spa, Monza ou Silverstone antiga. Essas pistas você batia o olho e sabia qual que era, como era. Hoje em dia na F1 as pistas estão cada vez mais parecidas.”

“É seguro, é legal. Mas quando uma curva é muito rápida e o muro está ali, alguns vão tirar o pé e outros não. Se não tiver muro, qualquer idiota faz de pé cheio. Escapou? Vai lá fora e volta, não perde tempo e não estraga o carro. Às vezes não é nem o medo de se machucar, às vezes é o medo de estragar o carro. Se você tirar os muros de qualquer pista de rua nós seremos 0s5 mais rápido – aí você pode arriscar. Até por isso eu gosto da Fórmula E, porque é mais raiz. Saiu, bateu. O piloto tem que saber o limite.”

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