Entrevista

Paludo:"NASCAR é minha paixão e continua no topo da lista"

Em entrevista exclusiva ao MOTORSPORT.COM, piloto que atualmente está Porsche GT3 Cup revela as dificuldades de voltar à NASCAR, do "declínio" da Truck Series e de como a categoria continua sendo seu maior objetivo na carreira

Miguel Paludo comemora vitória em Goiânia
Miguel Paludo comanda o pelotão
Miguel Paludo
Miguel Paludo comemora vitória em Goiânia
Miguel Paludo
Miguel Paludo
Miguel Paludo
Miguel Paludo
caminhão de Miguel Paludo
Nelson A. Piquet, Turner Motorsports Chevrolet and Miguel Paludo, Turner Motorsports Chevrolet
Miguel Paludo
Miguel Paludo
Miguel Paludo
Miguel Paludo
Miguel Paludo
Miguel Paludo

Depois de três temporadas completas na Truck Series e outras provas esparsas dentro das divisões da NASCAR, Miguel Paludo está em busca do terceiro campeonato da Porsche GT3 Cup. No fim de semana, o piloto esteve no Brasil para participar da sexta etapa do campeonato, chegando a vencer a segunda prova de sua divisão, corrida essa que foi marcada pelo forte acidente de Pedro Piquet.

Falando com exclusividade, o gaúcho deu detalhes sobre as questões do patrocínio da categoria americana, a atual situação da divisão que competiu e, principalmente, sobre o futuro de sua carreira.

Motorsport (MS): Em que estágio você considera o atual momento da sua carreira?

Miguel Paludo (MP): Estou feliz de estar correndo. Ano passado não foi fácil, depois de três anos na NASCAR, fiz apenas uma prova de BMW no fim do ano, então estou feliz de correr, de estar competitivo e o objetivo é sempre esse, ter um banco numa categoria tão boa quanto a Porsche.

MS: Existe possibilidade de volta à NASCAR? Por que seu patrocinador da Porsche não volta a apoiá-lo?

MP: Não está descartado. Atualmente meu patrocinador já tem acordo com um piloto da Sprint Cup (Justin Allgaier), então eles patrocinam um piloto da NASCAR e outro na Porsche Cup. Não faz sentido para eles terem dois pilotos na NASCAR. Não descarto essa possibilidade, talvez uma prova ou outra, estarei lá.

MS: O que realmente impede sua volta à NASCAR?

MP: Patrocínio. Totalmente patrocínio. A NASCAR, o esporte como um todo está em declínio, a Truck Series está em declínio, equipes estão fechando. A Turner Scott Motorsport fechou, a Richard Childress descartou a Truck Series um ano antes, as equipes estão diminuindo o número de carros e hoje tem apenas dois times fortes, de Kyle Busch e o de Brad Keselowski. Para correr é preciso de patrocínio. O James Buescher, meu ex-companheiro de equipe e campeão da categoria está em casa, sentado no sofá sem ter onde correr. Hoje em dia, se você não tem patrocínio, não tem como se destacar e entrar em boas equipes.

MS: Qual é o seu limite de espera para voltar à NASCAR?

MP: Estou com 32 anos e a NASCAR não tem limites. O Jimmie Johnson fez 40 anos semana passada, Jeff Gordon está se aposentando com 44, mas com certeza cada ano que passa fica mais difícil. Mas como falei, não descarto fazer uma prova aqui ou ali, de Xfinity ou Truck Series, mas em temporada completa isso está num outro nível que não está muito próximo nesse momento.

MS: Chega a ser uma meta sua ou uma real possibilidade?

MP: A NASCAR é a minha paixão. Eu mudei a minha vida para poder andar lá. Minha família e eu nos mudamos para os Estados Unidos, continuamos lá e não vamos sair. Todos os dias eu saio de casa e vejo caminhões e carros indo para o dinamômetro. O café que eu frequento tem um dinamômetro a uma milha e fico ouvindo o barulho dos motores, então isso está no topo da minha lista, mas não adianta, é a realidade nesse momento. O automobilismo tem dessas coisas, que não sei se chamo de tristes ou de dura realidade, mas é a vida.

MS: O que você viu no automobilismo americano e que deveria ser aplicado aqui no Brasil?

MP: Muitas coisas. A NASCAR é um esporte feito para os fãs. Isso efetivamente acontece. O fã pode comprar uma credencial de boxe, ficar ao lado dos carros, ver os pilotos entrando e saindo o tempo todo, todo mundo canta o hino e minutos antes dos motores serem ligados eles estão ao lado do seus pilotos preferidos. É um mundo aberto, existem muitas atividades dentro da pista, tem parques de diversões, o exército americano traz simuladores, recruta pessoas lá dentro e dependendo do tamanho da pista, isso fica ainda maior. Cada piloto tem seu caminhão de merchandising, ou seja, é um esporte feito para o fãs. Eles chegam na quinta-feira e vão embora no domingo e isso é o que eu mais tiro da NASCAR. Outra coisa que gosto muito é o número de bandeiras amarelas. Isso faz com que o grid volte, tenham mais relargadas e mais disputas. O automobilismo brasileiro tem a vocação de não dar a bandeira amarela. Se tem um carro rodado, um carro no canto da pista em lugar perigoso, ela não acontece. Nos Estados Unidos, se tem uma garrafinha de água na pista, dão a bandeira amarela, juntam todos em duas filas e relargam. Eu vivi os dois mundos e sei que se algumas coisas fossem aplicadas aqui, poderia se ganhar mais fãs.

MS: Alguma coisa daqui poderia ser aplicado lá?

MP: É difícil. Eu teria que pensar um pouco mais, de primeira mão não tenho nada.

MS: Há algum plano em andamento para 2016?

MP: Não, o patrocinador começou a conversar sobre isso. Se eu conseguir ganhar o campeonato (da Porsche Cup) poderá abrir mais portas para mim, para podermos estender a parceria, mas nesse momento não tenho planos em andamento e ainda está tudo no ar.

MS: Você vê no futuro o Brasil ocupando alguma posição de destaque na NASCAR?

MP: Não vejo, infelizmente. Hoje não tem ninguém na categoria e está cada vez mais difícil conseguir um assento e um patrocínio numa equipe competitiva para correr. Então nos próximos 3 ou 4 anos eu não vejo ninguém. Não que não aconteça de alguém ir para lá testar e correr, mas para ter um futuro na NASCAR é preciso de um projeto de no mínimo cinco anos para chegar até a Sprint Cup.

 

Daytona 2016 

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