Esperando investigação, Cacá não descarta processar CBA
Piloto da Red Bull, que segundo reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo poderia ter sido deliberadamente prejudicado pelos comissários da Stock Car, disse que espera desenrolar de investigação, mas pode processar a Confederação Brasileira de Automobilismo
Às vésperas da abertura da temporada 2016 da Stock Car, um escândalo abalou as estruturas da principal categoria do automobilismo brasileiro. O jornal Folha de S. Paulo publicou uma reportagem com conversas entre comissários da categoria no WhatsApp em que eles insinuam que poderiam deliberadamente prejudicar Cacá Bueno, pentacampeão da categoria.
O piloto da Red Bull, em entrevista ao Motorsport.com, revelou que ainda espera mais revelações sobre o processo, mas não descarta processar a CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) para ser ressarcido de alguma forma, caso seja comprovado que ele foi deliberadamente prejudicado.
“A gente espera que as investigações caminhem. Tomei conhecimento do que havia acontecido somente após a reportagem (da Folha de S. Paulo). Outros jornalistas e pessoas ligadas ao automobilismo vieram falar comigo e o que se diz é que há mais elementos que vão aparecer”, disse.
“Vou esperar mais um pouco para ver até onde vai tudo isso, quem são os responsáveis – se isso saiu da cabeça deles ou foi algo feito a mando de alguém – o que há por trás disso e aí, então, tomar as medidas cabíveis. Se prejudicaram a minha imagem, se me tiraram títulos e premiações, se sofri danos morais, eu logicamente estaria no direito de correr atrás disso para que eu tenha uma parte da justiça feita, já que os títulos perdidos eu não terei”, afirmou.
A CBA instaurou uma comissão para avaliar o caso, mas disse na época da publicação da reportagem que as aplicações de punições são meramente técnicas e, em levantamento feito desde 2009, não havia títulos decididos com interferência de penas.
Os dois fiscais citados na reportagem, Paulo Ygor Dias e Clóvis Matsumoto, se defendem dizendo que tudo não passou de uma brincadeira e nunca houve punições forçadas, já que o regulamento técnico é claro e não dá abertura a interpretações.
Reclamações antigas
Cacá destacou que sempre deixou evidente a posição em relação às atitudes dos comissários em momentos em que ele se considerou prejudicado pelas decisões tomadas pela direção de prova no passado.
“Durante dez anos, reclamei publicamente da CBA, briguei com a confederação pedindo comissários mais qualificados e justos, mas eles sequer prestaram atenção às minhas reclamações – que faziam sentido”, disse.
“Se eles (CBA) não participaram diretamente, foram no mínimo coniventes ao manter essas pessoas de caráter duvidoso dentro do quadro de funcionários e atuando em funções tão importantes, sem dúvida”, afirmou.
Caso em Curitiba semelhante ao de Ribeirão Preto em 2015
Em 2015, Cacá foi punido após ter dito à equipe, pelo rádio, que“os caras da CBA são um bando de imbecis”ao final da corrida 1 em Ribeirão Preto, quando ele e Marcos Gomes seguiram brigando por posição mesmo com o fim da prova, já que ambos não receberam a bandeira quadriculada.
Na corrida de duplas, que abriu a temporada 2016 da Stock Car, o duo formado por Rubens Barrichello e Augusto Farfus foi punido após o piloto do DTM, convidado em Curitiba, tocar em Lucas di Grassi, parceiro de Thiago Camilo na etapa. Momentos depois, a transmissão oficial da prova, no Sportv, veiculou uma conversa de rádio da equipe em que é possível ouvir alguém se referindo a um dos comissários como “bosta”.
Para o piloto da Red Bull, a situação sequer deveria ser investigada, assim como a dele em Ribeirão Preto também não deveria ter sido. A justificativa gira em torno da privacidade das conversas – que, segundo Cacá, sequer deveriam ser exibidas na transmissão.
“A punição que sofri por uma conversa privada, em que não prejudiquei ninguém e não infringi o regulamento, é absurda. Caso punam a dupla (Barrichello/Farfus) pelo que foi dito, serei o primeiro a levantar a voz e dizer que também não é caso para punição”, disse.
“Eles (os comissários) ficaram em uma saia justa, não é? Se punem, erram novamente, pois não há o que punir – é o tipo de conversa que, para mim, sequer deveria ir ao ar; se não punem, comprovam que me tratam de modo diferente”, afirmou.
“Mas repito: seria o primeiro a dizer que tal conversa não deveria ser motivo para punição. Dentro do carro, estamos com o 'sangue quente', conversando com nossos engenheiros e aquilo é nosso, o momento é nosso. Isso não deve ser levado em consideração, é diferente de conceder uma entrevista e emitir uma opinião sobre alguém”, completou.
Entrevista por Felipe Motta
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