Promotor quer levar “espírito de Le Mans” às 6H de São Paulo
Em entrevista ao Motorsport.com Brasil, Nicholas Duduch diz que objetivo para prova brasileira do WEC é ter um “grande entretenimento” com preços acessíveis
Promotor das futuras edições das 6 Horas de São Paulo, a etapa brasileira do WEC, Nicholas Duduch garantiu que o objetivo central da corrida é proporcionar entretenimento para o público dentro e fora do autódromo e, ao mesmo tempo, tornar a atração viável a todos através de ingressos acessíveis.
Duduch e Patrícia Negrini, sócios da empresa responsável por organizar e promover a futura corrida, compareceram às 24 Horas de Le Mans a fim de estreitar os laços com a alta cúpula da categoria. As 6 Horas de São Paulo voltarão a ser realizadas a partir de 2019, nos meses iniciais da próxima temporada.
Em entrevista ao Motorsport.com Brasil no circuito francês, Duduch ressaltou que o objetivo da prova é transferir o “espírito de Le Mans” ao público brasileiro, ou seja, focando em atrações dentro e fora da pista, mas que, ao mesmo tempo, seja acessível financeiramente.
Confira a entrevista completa:
Qual foi o propósito da visita a Le Mans?
Viemos aqui com uma comitiva, com um time que já está trabalhando bastante no projeto das 6 Horas de São Paulo justamente para visualizar, entender todo o contexto, toda a produção, essa magnitude do que acontece aqui. Porque é um grande exemplo: é a maior prova de automobilismo do mundo, e temos de respirar um pouco esse espírito de Le Mans, porque é isso que nós desejamos: pegar esse espírito de Le Mans e levar a São Paulo. E é assim que o WEC deseja que seja passado a todas as etapas.
É difícil definir, mas, na sua percepção, o que é esse espírito de Le Mans? O que faria o público brasileiro entrar neste espírito?
Esse espírito envolve muita resistência, muita paixão, família... É maluco você chegar aqui e ver uma criancinha com um fone, se protegendo do barulho, daquela coisa toda, mas com uma alegria, com uma felicidade. Isso é único. É uma criança que, desde pequenininha, começa a ter prazer, a ter vontade, o sonho de pegar o carrinho, brincar, ver o piloto, este piloto se torna ídolo da criança, vai acompanhando, vai crescendo... E isso vai se perpetuando. E o espírito vai muito além disso, é ter uma coisa por trás disso tudo que faça mais sentido.
Nicholas Duduch
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Le Mans é uma prova tradicional, que já tem raízes com o público local de longa data. Como converter isso para o Brasil, que possui cultura de automobilismo, mas que é algo mais voltado à F1? Como trazer o público quando não há a mesma base?
Primeiro, vamos olhar o lado bacana do WEC: nós temos uma prova com duração de seis horas. Isso já é algo bem diferente do que o brasileiro está acostumado, já que a cultura da F1 é muito diferente da cultura do WEC. Você tem todo um entretenimento que é pensado, planejado, oferecido ao espectador, ao fã, ao longo de um dia inteiro de atividades. Isso é muito interessante. Há muitas atrações. É montada basicamente uma vila de atrações, de entretenimento, para fazer com que o fã que está no autódromo possa ter um dia muito agradável e também curtir uma corrida – uma corrida que tem categorias diferentes, com ultrapassagem o tempo todo, emoção o tempo todo. Então, isso é o que faz a diferença no produto do WEC. Há o atrativo dos carros, com os protótipos, os GTs, com três pilotos por carro correndo. A previsão é que tenhamos em São Paulo 35 carros no grid, então estamos falando de mais de 100 pilotos. É um mundo, uma diversidade, algo muito bacana. Então é isso o que a gente quer: mostrar para o público geral em São Paulo que vai ser um fim de semana muito gosto, muito interessante para a família. A gente vai valorizar muito isso: a família no autódromo, com uma qualidade de serviço incomparável.
Existe algum plano pensando em quem não está no autódromo, para tentar promover o evento para quem está fora? Em Le Mans, por exemplo, há o desfile que leva o evento até as pessoas. Claro que é difícil fazer um desfile no centro de São Paulo, mas existe algum cuidado nesse sentido?
Olha, é difícil fazer um desfile, mas não é impossível. Acho que é bem interessante criar uma ação promocional para a gente poder divulgar os carros, todas as modalidades, mostrar o que tem de tecnologia, de inovação, de design e tudo mais, e aproximar isso da população. Se vai ser através de um desfile, se vai ser através de uma exposição... Com certeza vamos criar um caminho como esse, para aproximar o produto WEC da população.
#14 Porsche Team Porsche 919 Hybrid: Romain Dumas, Neel Jani, Marc Lieb
Photo by:
Essa é a segunda versão das 6 Horas de São Paulo, já que a corrida já foi realizada entre 2012 e 2014. Analisando a experiência prévia, é possível detectar algum acerto para se repetir, ou erros para tentar melhorar?
Acho que é importante a gente olhar para frente. O nosso farol tem de ser muito mais potente do que nosso retrovisor. Pensando nisso, sem dúvidas nós sabemos que a parte desportiva foi muito bacana, rodou bem e tudo mais, então isso vai andar muito bem. Agora, a grande diferença é que somos um grupo de empreendedores com muita experiência na área de eventos, de planejamento. Então isso, sem dúvida, está sendo muito bem trabalhado, muito bem pautado. Estamos com uma sinergia inacreditável com a equipe da FIA, do WEC. Estamos trabalhando em quatro mãos, e isso faz a diferença. Então, acho que é pegar um pouco de tudo isso aí, com um bom planejamento, com especialistas no assunto, com pessoas estratégicas, para ver uma solução bem integrada, bem completa, para ter um resultado fantástico. É nesse sentido.
O WEC também anunciou os detalhes do regulamento técnico para 2020, que vai ser o regulamento que estará em vigor neste retorno ao Brasil. Dá para tirar alguma conclusão da novidade?
O WEC está pensando no futuro, e isso é muito importante. Ou seja, nós teremos um game: olha que novidade, olha como o fã pode criar uma interação neste momento, podendo competir junto com o piloto, junto com o seu ídolo. Vai estar junto, interagindo. Isso é uma grande novidade, e sem dúvidas vai deixar a categoria mais acessível. Essa é uma grande característica do WEC: ele realmente é um produto muito mais acessível do que, como você já tocou no assunto, a F1. É muito mais acessível para os times estarem participando, das montadoras, é mais acessível ao público para estar presente. E nós queremos valorizar justamente isso, fazer com que o fã possa ir ao autódromo cedinho, acompanhar as corridas de suporte, todas as atrações que vamos desenvolver ao longo do dia e, por que não, terminar a corrida com um grande show, um grande entretenimento. Vai ser um dia espetacular, e isso vai fazer a diferença. A gente quer quebrar um pouquinho dos paradigmas – não necessariamente você tem que fazer aquilo que já foi, mas pegar o que de melhor o WEC tem e trabalhar dentro da nossa realidade.
E o desafio financeiro disso tudo? Obviamente o plano é ter muitas atrações de entretenimento, e isso tem um custo. Como é o desafio de proporcionar tudo isso, mas que, ao mesmo, seja algo acessível para o fã que vai ao autódromo com sua família?
Pelo formato, pela quantidade de atrações e por ser um produto muito bacana e inovador, as empresas estão se interessando. Estamos com um trabalho muito intenso e muito forte com os patrocinadores, e isso vai ajudar bastante – e vai ajudar no sentido de você conseguir fazer com que o acesso do público seja viabilizado com um ingresso com preço muito acessível. É nisso que vamos trabalhar: vamos ter kits especiais para a família, vamos ter um valor de ingresso para que todos possam ter acesso, queremos ter bastante público no autódromo. A fórmula é basicamente essa, com a junção de patrocinadores, que vão ter visibilidade, um canal com o consumidor, um produto interessante, entretenimento, uma corrida apaixonante, carros espetaculares, pilotos famosos. Essa é a composição que vai ser um sucesso no Brasil.
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