Guia do Dakar: tudo sobre o desafio, os favoritos e os brasileiros em 2023
Quem são os principais nomes da 45ª edição da prova, que começa no próximo domingo?
O Dakar 2023 terá início com muitas expectativas e poucas certezas. Entre os 455 veículos inscritos nas sete categorias, a lista de possíveis vencedores é grande – e até inclui competidores brasileiros, diga-se de passagem.
Mas, como determina a tradição e a própria essência da corrida off-road, na 45ª edição do maior desafio do esporte a motor mundial tudo pode – e deve – acontecer. Confira abaixo um resumo do que de mais importante será visto na prova disputada nos desertos da Arábia Saudita, que define a ordem de largada no dia 31 de dezembro e tem o início de seus 15 dias de competição em primeiro de janeiro.
A corrida será disputada pela quarta vez seguida na Arábia Saudita, após 11 edições na América Latina, que recebeu a prova quando o Dakar foi forçado a abandonar a África devido a crescentes ameaças terroristas.
Pelo segundo ano seguido, o rally será válido também para o Campeonato Mundial FIA de Rally Cross-Country. O percurso será de 8.549km, sendo 4.706km de trechos cronometrados em alta velocidade – as chamadas especiais, correspondentes a um dia de competição.
O trajeto prevê alguns trechos já visitados, como os de Al’ula, Ha’il e Riad, mas também inclui percursos inexplorados no inóspito “Empty Quarter” – um deserto gigantesco cujo nome, em tradução aproximada, significa “território inabitado”. Quem se perder por ali estará sozinho em um mar de areia. O Dakar, novamente, promete que a sequência interminável de dunas será predominante na prova.
Carros: maior sofisticação – Ao todo, serão 455 veículos em sete categorias principais: motos, quadriciclos, carros, protótipos leves, UTVs, caminhões e clássicos – destinada a carros do Dakar de várias épocas, mas em percurso menos radical.
A principal categoria é a dos carros, por ter os veículos mais sofisticados, velozes e os pilotos mais importantes. Entre os 73 automóveis, há algumas subcategorias determinadas pela configuração das máquinas, incluindo veículos 4x4 e 4x2, motores híbridos, a diesel, diesel ecológico e gasolina.
A principal divisão é a T1+, na qual a equipe Overdrive Toyota tenta repetir a vitória geral da prova obtida em 2022 com a dupla Nasser Al-Attiyah/Mathieu Baumel, além de chegar reforçada pelo vencedor do Dakar 2009 Giniel De Villiers e o navegador Dennis Murphy.
É neste esquadrão também que está o estreante brasileiro e atual bicampeão dos Sertões, Lucas Moraes, e o navegador alemão Timo Gottschalk. A dupla é vista como fonte de possíveis surpresas, tanto pelo desempenho de Moraes quanto pelas atuações no Mundial de Rally Baja e Cross Country.
Loeb e os Audi híbridos – A bordo de um modelo Hunter da Prodrive testado ao longo do ano, o nove vezes campeão mundial de Campeonato Mundial de Rali (WRC, na sigla em inglês) Sebastien Loeb chega a 2023 depois de ter terminado no pódio três vezes.
O supercampeão da França promete não deixar escapar a primeira taça no Dakar neste ano, ao lado do navegador belga Fabian Lurquin. De todo modo, trata-se de um desafio grande, uma vez que a competição difere bastante do WRC, mais focado em velocidade pura em etapas curtas.
Outra sensação é a equipe alemã Audi, que volta à carga com os carros híbridos gasolina-elétricos e-Tron Quattro, que, após um ano de desenvolvimento, estão entre as principais apostas do Dakar 2023.
A mão de obra é do lendário “Mister Dakar” Stéphane Peterhansel (com o navegador francês Edouard Boulanger) e do icônico Carlos Sainz (em parceria com o também espanhol Lucas Cruz), além do ex-DTM Mattias Ekstrom (e seu compatriota, o navegador sueco Emil Bergkvist).
Entre os 19 quadriciclos, além do campeão Alexandre Giroud (França), o Brasil vem bem representado com Marcelo Medeiros – que, na edição anterior, venceu três das 12 especiais do evento e terminou em sexto.
As motos são a categoria mais numerosa, com 125, mas sem brasileiros. Destaque para o atual bicampeão Sam Sunderland (Inglaterra), além do espanhol Joan Barreda, o chileno Pablo Quintanilla, o norte-americano Ricky Brabec, o australiano Toby Price e o austríaco Matthias Walkner.
Russos banidos – Devido à invasão da Ucrânia, competidores russos e mesmo a fabricante Kamaz foram banidos do Dakar. Em 2022, a montadora dos icônicos caminhões de rally baseada em Naberejnye Tchelny faturou os quatro primeiros lugares.
Mas essa ausência não torna menos impressionante a categoria dos caminhões, embora não possua competidores brasileiros. Com 56 veículos inscritos, os gigantes do deserto prometem um show à parte, com destaque para os pilotos holandeses da Iveco, Janus van Kasteren e Martin van den Brink – primeiros colocados em 2022 logo após os quatro caminhões russos que dominaram a corrida saudita.
Já entre os 47 Protótipos Leves, que são UTVs construídos especificamente para rally, os chilenos Francisco López Contardo e Juan Pablo Latrack são os atuais campeões e novamente ocupam o alto da lista de apostas.
Os favoritos terão a companhia de duas duplas brasileiras: Pâmela Bozzano/Carlos Sachs e Enio Bozzano Júnior/Luciano Gomes. Mas a provável grande rival deve ser a dupla formada pelo americano Austin Jones e o brasileiro Gustavo Gugelmin, atuais campeões entre UTVs de produção.
Entre os UTVs vendidos em lojas comuns, os brasileiros Rodrigo Luppi/Maykel Justo estão entre as parcerias mais fortes. O Brasil também será representado por Bruno Conti de Oliveira, que contará com a navegação do português Pedro Bianchi Prata, e Cristiano Batista, que terá navegação do espanhol Fausto Mota. Apesar de rivais, Rodrigo e Bruno são pai e filho e disputarão a prova pela mesma equipe, a South Racing Can Am, atual campeã do Dakar.
45ª Edição do Rally Dakar
8.549km de percurso total. Especiais somam 4.706km
(Data / locais / total do dia / especial)
Prólogo: 31/12 – Sea Camp – 10 km / 10 km
01/01 – Sea Camp –> Sea Camp – 603 km / 368 km 02/01 – Sea Camp –> Al-'Ula – 590 km / 431 km 03/01 – Al-'Ula –> Ha'il – 669 km / 447 km 04/01 – Ha'il –> Ha'il – 573 km / 425 km 05/01 – Ha'il –> Ha'il – 646 km / 375 km 06/01 – Ha'il –> Ad Dawadimi – 876.68 km / 466 km 07/01 – Ad Dawadimi –> Ad Dawadimi – 641.47 km / 473 km 08/01 – Ad Dawadimi –> Riyadh – 722.41 km / 407 km 09/01 – Descanso – Riyadh 10/01 – Riyadh –> Haradh – 710 km / 439 km 11/01 – Haradh –> Shaybah – 623 km / 114 km 12/01 – Shaybah –> Empty Quarter – 426 km / 275 km 13/01 – Empty Quarter –> Shaybah – 375 km / 185 km 14/01 – Shaybah –> Al Hofuf – 669 km / 154 km 15/01 – Al Hofuf –> Dammam – 414 km / 136 kmVeículos e Categorias
Carros: 73 (1)* Motos: 125 Quadriciclos: 19 (1) Protótipos Leves: 47 (5) UTVs: 46 (4) Caminhões: 56 Clássicos: 89 Total: 455 veículos *Nota: entre parêntesis, competidores brasileiros, que totalizam 11. Entre eles, a primeira piloto brasileira do Dakar (Pamela Bozzano)Brasileiros no Dakar 2023
Piloto / Navegador / Veículo
CATEGORIA T1+
Lucas Moraes (Brasil) / Timo Gottschalk (Alemanha), Toyota GR DKR IMTPROTÓTIPOS LEVES
Gustavo Gugelmin (Brasil) / Austin Jones (EUA), Can-Am Maverick XRS Pâmela Bozzano (Brasil) / Carlos Sachs (Brasil), Can-Am Maverick X3 Enio Bozzano Júnior (Brasil) / Luciano Gomes (Brasil), Can-Am Maverick X3UTVs DE PRODUÇÃO
Rodrigo Luppi (Brasil) / Maykel Justo (Brasil), Can-Am Maverick XRS Bruno Conti de Oliveira (Brasil) / Pedro Bianchi Prata (Portugal), Can-Am Maverick X3 Cristiano Batista (Brasil) / Fausto Mota (Espanha), Can-Am Maverick XRSQUADRICICLOS
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