5 lições que os testes podem ensinar para temporada de 2017
Briga apertada pela ponta, Massa com chance de redenção, calvário da McLaren e diminuição nas disputas na pista: o que a F1 pode apresentar no começo do ano
A temporada de 2017 da F1 terá início no próximo domingo, dia 26 de março, com o GP da Austrália. Como acontece em todo o ano, a corrida de abertura do campeonato é cercada de curiosidade tanto por parte do público quanto dos próprios membros da F1, que querem saber ao certo quem começará a campanha em vantagem.
Entre fevereiro e março, a categoria realizou sua breve pré-temporada no circuito de Barcelona, na Espanha. Os oito dias de atividades na pista catalã mostraram alguns pontos importantes que devem ser vistos neste começo de campeonato.
A reportagem do Motorsport.com acompanhou as ações de perto em Barcelona e lista abaixo cinco lições que os testes podem ensinar para a primeira fase da temporada de 2017.
A Ferrari vem com força
A grande surpresa das atividades em Barcelona foi o desempenho apresentado pela Ferrari SF70H. O projeto de Maranello impressionou com sua velocidade e com seu comportamento estável na pista, que passou confiança para Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen.
Na reta final das atividades, os carros vermelhos assustaram a concorrência por não só terem sido muito rápidos (a melhor marca dos treinos, de Raikkonen, com 1min18s634, foi cerca de 0s6 mais veloz que o tempo obtido pela Mercedes), mas também por ter passado a impressão de que poderia ter sido muito melhor.
Por exemplo, Vettel nitidamente recuou o ritmo naquela que foi sua melhor volta de toda a pré-temporada. Depois, adotou um discurso sóbrio para analisar suas condições para o campeonato de 2017, mesmo tendo jogado o favoritismo para a Mercedes.
“Me sinto muito feliz dentro do carro, mas ainda está cedo. Ainda temos muito trabalho a fazer, mas vamos ver. Acredito que estamos um pouco atrás se contarmos que a Mercedes normalmente segura o ritmo nos testes. Mas o nosso carro é muito melhor do que o do ano passado”, disse o alemão.
Mercedes também merece atenção
Dominante na F1 desde a introdução das unidades de potência V6 híbridas turbo, a Mercedes também deve ser observada com cuidado no início da temporada. Por mais que o modelo W08 não tenha apresentado a mesma velocidade bruta da Ferrari, os atuais campeões mundiais fizeram pré-temporada sólida, o que indica que o time virá com força total.
Os números já falam por si só: foram 5.102 km acumulados durante as atividades, 652 a mais do que a concorrente mais próxima, justamente a Ferrari. Uma confiabilidade a prova de balas permitiu que Lewis Hamilton e Valtteri Bottas fizessem uma preparação quase sem contratempos.
Contudo, Hamilton também adotou um discurso bastante cauteloso para analisar a sua pré-temporada.
“Ainda não entrei em uma boa janela de performance com o carro. Não sei se eu conseguiria ser tão rápido quanto eles [Ferrari]. Vamos ver. Eles fizeram um trabalho fantástico. Nós temos mais potencial? O tempo vai dizer”, disse o inglês.
Massa terá chance de redenção
Felipe Massa também se destacou, à sua maneira, durante as atividades em Barcelona. O único representante brasileiro da F1 mostrou que poderá ter sua campanha mais positiva e sólida em muito tempo.
Massa se sentiu bastante confortável com o carro, cujas características casam bem com seu estilo de pilotagem. O vice-campeão de 2008, então, pôde fazer uma pré-temporada consistente, incluindo uma jornada em que completou incríveis 168 voltas.
Desta forma, o que se desenha é um cenário em que Massa possa desenvolver seu trabalho no papel de líder – até porque a própria Williams reconhece que o jovem Lance Stroll, seu companheiro de equipe, ainda precisará de tempo para começar a apresentar competitividade com mais regularidade.
Obviamente, as possibilidades de Massa ainda dependem do que o Williams FW40 poderá alcançar. E, analisando os resultados dos treinos em Barcelona, o que se vê é uma equipe que tem condições liderar o segundo pelotão, atrás de Mercedes, Ferrari e Red Bull – ou seja, com condições moderadas de lutar por pódios.
De qualquer forma, a temporada de 2017 deve representar uma boa oportunidade para Massa reencontrar sua competitividade. Relaxado e em boa forma física, o piloto tem a chance de fazer campanha sólida e terminar um campeonato à frente de seu companheiro de equipe (algo que só fez três vezes em 14 anos de F1).
McLaren deve ter ano para esquecer
Um dos grandes assuntos da pré-temporada foram as agruras vividas pela McLaren. O novo conjunto desenvolvido em parceria com a Honda se apresentou de forma extremamente frágil, o que, como consequência, também teve uma performance bastante abaixo do esperado pela equipe.
O grande ponto de incômodo para a McLaren é que a Honda apresentou dificuldades para lidar com a situação, tanto pela demora para compreender as causas das constantes quebras quanto para apresentar as soluções necessárias.
Com isso, a relação entre as duas partes atingiu níveis de grande tensão. Fernando Alonso deixou a diplomacia de lado em uma de suas raras entrevistas coletivas, onde alternava queixas em tons hilários a críticas duras.
Em determinados momentos, o espanhol afirmou que a Honda “cometia erros amadores”, “entrou na F1 sem entender nada do novo regulamento” e que o motor “não tinha potência, nem confiabilidade”.
As constantes quebras fizeram, inclusive, com que a McLaren cancelasse uma coletiva de imprensa que seria realizada conjuntamente entre Eric Boullier, diretor esportivo do time, e Yusuke Hasegawa, diretor da Honda. Tudo para evitar novos momentos de constrangimento em meio aos incessantes problemas.
O fim do sistema de tokens pode dar a chance de uma reação rápida, mas tudo indica que 2017 será mais um ano de calvário para a McLaren-Honda.
Pilotos podem ter dificuldades nas ultrapassagens
Por mais que as mudanças no regulamento possam dar uma agitada na relação de forças e colocar o reinado da Mercedes em risco, existe a possibilidade de haver um efeito colateral.
Nas atividades em Barcelona, muitos pilotos expressaram sua preocupação com a dificuldade em realizar ultrapassagens. Afinal, os carros de 2017 possuem maior dependência aerodinâmica, o que pode causar problemas para um piloto seguir o outro de perto.
Desta forma, o DRS poderá ganhar ainda mais importância nas provas deste ano, mas tudo deve ser feito com cuidado: segundo os pilotos, os carros mais largos poderão proporcionar mais acidentes nas disputas.
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