ANÁLISE: Como a vestimenta e o novo regulamento salvaram Grosjean no Bahrein

Uma mudança no regulamento para esta temporada tornou todo o vestuário de um piloto de F1 mais seguro

Romain Grosjean, Haas F1, emerges from flames after a horrific accident on the opening lap of the Bahrain Grand Prix. Marshals extinguish the fire

Romain Grosjean, Haas F1, emerges from flames after a horrific accident on the opening lap of the Bahrain Grand Prix. Marshals extinguish the fire

Andy Hone / Motorsport Images

A escapada quase ilesa de Romain Grosjean de seu grave acidente no GP do Bahrein de Fórmula 1 resultou muito foco em torno do papel do halo e das estruturas de choque que o salvaram. Mas um outro aspecto foi crucial para que ele ficasse 29 segundos em meio ao fogo e saísse apenas com queimaduras nas mãos.

Sua vestimenta a prova de fogo, formada por macacão, roupas de baixo, meias, balaclava e luvas fizeram exatamente o que era exigido delas: protegê-lo das chamas.

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O sucesso é um testamento à FIA, por introduzir novos padrões de segurança nas vestimentas dos pilotos em 2020, além do trabalho extra que a Alpinestars, fornecedora das roupas de Grosjean, teve para atingir esses padrões.

Novo regulamento

É bastante conhecido que a vestimenta dos pilotos da F1 precisa ser a prova de fogo, e passa por testes envolvendo chamas diretas e transferência de calor.

Porém, para 2020, um novo padrão para todas as roupas entrou em vigor na F1, aumentando a proteção em cerca de 20% para diversos itens e garantindo que todos eles, incluindo roupas de baixo e meias passassem por testes.

Esse novo regulamento, conhecido como 8856-2018, foi introduzido há dois anos e entrou em vigor nesta temporada para F1, F-E, WRC e WEC.

Os requerimentos do teste de fogo anterior segue o mesmo, com os materiais sendo submetidos a chamas de 700ºC por 10 segundos. Após esse período, a chama é retirada e o material não pode queimar por mais do que dois segundos, além de não poder ter nenhum tipo de derretimento ou buracos.

O que foi intensificado é o teste de transferência de calor, que mede como que o calor entra pelo material.

A máquina utilizada um termopar, colocado em contato com a camada mais interna da roupa para medir o tempo necessário para um aumento de 24ºC a partir do ponto inicial. Ele usa um calor de 1000ºC para simular um incêndio.

A partir de 2020, os macacões são obrigados a resistir pelo menos 12 segundos, sendo que a regra anterior determinava 10. Sapatilhas e luvas devem resistir 11 segundos, com a exceção das palmas das mãos e dos pés, caindo para oito segundos.

Roupas de baixo, balaclavas e meias também foram incluídas nesses testes pela primeira vez, e devem ter um período mínimo de cinco segundos.

A Alpinestars sempre se orgulhou por uma busca incessante para ir além do que lhe é exigido, então a roupa de Grosjean excedeu os tempos mínimos determinados pelo regulamento

No ano passado, a empresa completou uma nova linha de itens que estavam homologados dentro do regulamento de 2020, com alguns itens tendo uma durabilidade três vezes maior do que o requerido.

"Sempre tentamos ir além do que é determinado", disse Christopher Hillard. "E, neste caso, funcionou bem, porque quando você faz os cálculos, Romain foi exposto ao fogo por mais do que o mínimo exigido".

"Para tudo há um limite no que pode ser feito e, felizmente, não temos muitos casos como esse, com quebras da células de combustível e incêndios. Mas, quando temos, fazemos de tudo para aprender ao máximo e tentar evoluir nossos produtos".

Medical delegates assist Romain Grosjean, Haas F1, after a huge crash on the opening lap

Medical delegates assist Romain Grosjean, Haas F1, after a huge crash on the opening lap

Photo by: Andy Hone / Motorsport Images

As luvas

As principais lesões de Grosjean foram queimaduras nas mãos, precisando ser tratadas no hospital. Hillard disse que as lesões à essa área não são uma grande surpresa, porque, depois da área da face exposta pela viseira, as mãos são a parte mais exposta do corpo de um piloto.

"As mãos são protegidas por apenas uma camada de material a prova de chamas, porque não se utiliza nada por baixo. Não é como a sapatilha que Romain perdeu, porque ele ainda estava protegido por uma meia".

"Por mais que essas queimaduras sejam uma infelicidade, e queremos fazer de tudo para solucionar isso no futuro, as mãos são uma área em que você depende da sensibilidade na hora da condução, então é uma situação complicada".

"É algo que vamos lidar a partir das informações recebidas. Mas, ao mesmo tempo, acho que é algo lógico, já que era a área de seu corpo que estava mais exposta".

A sapatilha perdida

As fotos da saída de Grosjean de dentro do carro mostram que ele estava sem a sapatilha esquerda. Os primeiros indicativos apontam que ela ficou presa em alguma coisa dentro do cockpit, potencialmente o pedal de freios, e ficou lá no momento em que Grosjean saiu.

Enquanto parece incomum ter uma sapatilha saindo, parte da análise que precisa ser feita é se o fato dela ter ficado para trás ajudou Grosjean a sair com mais facilidade do carro. Caso contrário, poderia ter deixado ele preso no carro.

Alguns pilotos, como Grosjean, preferem que a sapatilha seja de velcro, enquanto outros preferem os cadarços.

"Temos sapatilhas para todos os gostos dos pilotos, de cadarços ao velcro. Nesse quesito, o foco é tentar economizar em termos de peso e cada produto cumpre os requerimentos mínimos. Mas tudo depende da escolha do piloto e como ele prefere utilizá-la".

O que vem a seguir

O macacão e demais itens que Grosjean usou no acidente serão enviados para a sede da Alpinestars na Itália para análises no laboratório da empresa.

Os cientistas da companhia esperam ter uma compreensão melhor do impacto que a vestimenta passou, em termos de calor e chama direta, e ver se é possível tirar conclusões para melhorias no futuro.

"Sei que a Haas estará trabalhando ao nosso lado, dando todos os detalhes que precisamos. Esse é um caso para aprendermos o máximo possível, olhando para a integridade do equipamento".

"Estamos também em contato com Romain, que nos deu suas impressões e vamos analisá-la também. Agora, estamos esperando pela chegada das roupas para iniciar a nossa investigação".

"Nesses casos, o mais importante é o feedback de Romain, com ele falando qual foi a sensação no momento. E ele está trabalhando conosco. O objetivo principal é tornar o material ainda melhor".

Mas, no final, a Alpinestars afirma que tem orgulho por saber que seus esforços para tornar o equipamento o mais seguro possível foram confirmados no Bahrein: "Quando algo extremo como esse acontece, a segurança é o mais importante. Temos bons relacionamentos com nossos atletas e as pessoas que trabalham conosco".

"Temos muito orgulho de nossos produtos. E entendemos, porque sabemos que o que produzimos, precisam entregar os resultados necessários para eles. E estamos confiantes disso, mas é sempre um alívio ver isso sendo provado em uma situação como essa".

 

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