Saída da Honda da F1 escancara a importância da Ferrari; entenda
Repórter italiano do Motorsport.com, Roberto Chinchero mostra como a decisão da montadora japonesa mostra que a escuderia é essencial à categoria máxima do automobilismo
A saída da Honda da Fórmula 1 no final da temporada 2021 atesta a inconstância das grandes montadoras em sua abordagem ao mundo dos GPs: elas entram quando querem realizar grandes operações de marketing e, de repente, saem da categoria.
Nesse contexto, entendemos o valor que a Ferrari representa na elite do esporte a motor: é uma equipe que nunca traiu a F1. Assim, entendemos porque o poder de veto concedido ao time de Maranello é um direito, e não um privilégio.
O debate sobre o direito de veto da Ferrari reaparece ciclicamente entre os assuntos mais discutidos no paddock. Nenhuma outra equipe desfruta desse privilégio e, ao longo dos anos, houve quem tentasse questionar o benefício desfrutado da escuderia.
Ainda durante a elaboração do último Pacto de Concórdia, o acordo comercial da F1, houve quem questionasse o direito de veto da Ferrari. A acusação é sempre a mesma: por que a Ferrari está em uma realidade diferente do resto das equipes? Na verdade, existem muitas razões, e uma das mais importantes vem à tona mais uma vez com o anúncio de que a Honda sairá da F1 novamente.
Há pouco mais de dez anos, entre 2008 e 2009, uma série de decisões foi tomada pelos conselhos de administração de Honda, BMW e Toyota. Todas deixaram a F1. Os grandes fabricantes sem dúvida trouxeram benefícios consideráveis para a categoria, com grandes investimentos de capital que permitiram o desenvolvimento de muitos aspectos, mas há uma desvantagem.
Para estes grupos, a F1 é um desafio, um exercício técnico e de marketing, mas como tal é também um programa que pode ser ‘abandonado’ a qualquer momento, independentemente dos resultados obtidos.
Se um conselho decide reduzir despesas, o projeto de F1 é apenas um ramo que pode ser cortado facilmente, sem aviso ou dúvidas. Mas e as consequências para a categoria? Não interessam para aqueles que saem dela. Os problemas que essas decisões repentinas criam para aqueles que administram a F1 são tremendos, com centenas de empregos em risco, equipes que ficam sem motores, etc.
Mas não é assim com a Ferrari. As origens da escuderia afirmam claramente que o embrião de uma história extraordinária foi precisamente o programa esportivo, a partir do qual a produção de carros de rua posteriormente tomou forma.
Para a Ferrari, a F1 não é um dos muitos ramos da empresa, e sim um elemento essencial, fundamento da estrutura, e a categoria nunca foi questionada mesmo nos momentos em que as coisas não iam da melhor maneira em Maranello.
Quando, no início da década de 1980, Bernie Ecclestone concedeu a Enzo Ferrari o direito de veto, compreendeu plenamente este aspecto. Entendeu a importância de uma presença perene da F1, uma realidade que difere do approach das montadoras que vêm e vão de acordo com interesses e situações econômicas. A F1 ‘sempre’ terá a Ferrari, e isso é de enorme valor para quem administra o esporte.
Quando representantes de equipes, FIA e titulares dos direitos comerciais se sentam para tomar decisões, todos têm o mesmo peso. Mas, quando se trata de assuntos que envolvem o 'DNA' da F1, é justo que a Ferrari tenha um peso maior.
O raio que caiu na F1 com a saída da Honda é um exemplo claro disso. Para a montadora, a categoria é algo do qual se pode renunciar. O mesmo vale para a Mercedes e a Renault, que já saíram e voltaram. Mas não para a Ferrari, de modo que é justo que a escuderia seja reconhecida pelo valor de sua história, um valor que, para a F1, é uma garantia tremendamente importante para planejar o futuro.
Ferrari SF1000 (Temporada 2020) |
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Motor: Ferrari |
Combustível: Shell |
Pneus: Pirelli |
Pilotos: 16 - Charles Leclerc 5 - Sebastian Vettel |
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