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Engenheiro de Massa relembra derrota na última corrida de 2008 para Hamilton: “chorei por uma hora após a prova”

Em Live com piloto brasileiro, Rob Smedley lembrou como geriu situação com Ferrari no GP do Brasil de 2008

Podium: Felipe Massa, Ferrari

O Mundial de 2008 da F1 certamente entrou para a história como um dos mais emocionantes, com a disputa até o final da corrida em Interlagos entre Lewis Hamilton e Felipe Massa. O brasileiro chegou a ser campão durante 38 segundos, após a cruzar a linha de chegada em primeiro até o inglês finalizar a prova em quinto, tendo conseguido superar Timo Glock na última volta (veja vídeo sobre pilotos que mereciam ter sido campeões abaixo).

Parceiro de Massa no período em que esteve na Ferrari e Williams, Rob Smedley foi o convidado do brasileiro em uma Live no Instagram, com ambos relembrando momentos em que atuaram juntos, especialmente na temporada de 2008.

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Massa e Ferrari chegaram ao Brasil sete pontos atrás de Hamilton, na época em que o vencedor conseguia no máximo 10 pontos, bastando ao inglês terminar na quinta colocação. O engenheiro revelou ao piloto que tentou ao máximo tirar a pressão de todo o resto da equipe.

“Me lembro que havia uma grande diferença de pontos para a McLaren, eles tinham um ótimo carro e o campeonato estava nas mãos deles”, disse Smedley. “Me lembro de levar os mecânicos e engenheiros para um jantar quando ainda estávamos na Itália, e disse a eles que tínhamos que ir a Interlagos e nos divertir. Foi uma maneira de tirar a pressão, de relaxar e fazer a melhor corrida possível, como de fato foi, do início ao fim, o carro estava perfeito desde a sexta-feira.”

A loucura da última volta em Interlagos afetou todos aqueles que estavam envolvidos, exceto Massa e Smedley.

“Eu tinha plena consciência do que estava acontecendo. Nosso engenheiro de performance, Giuliano, estava conversando comigo a todo momento, me dizendo onde Lewis estava, em um diálogo normal, sem emoções ou qualquer outra coisa, porque estávamos trabalhando ainda.”

“Eu estava observando e o GPS não era muito exato. Então, você (Felipe) cruzou a linha de chegada e os carros estavam ainda na curva 12, antes da última curva, e vi Lewis chegando. Todo mundo começou a pular de alegria em cima de mim, gritando ‘conseguimos! Conseguimos! Campeões do Mundo!’. Vi a McLaren cruzar à frente e as pessoas continuaram pulando em cima de mim e eu disse ‘não, não, não conseguimos’. Eu ainda estava trabalhando, tinha que lidar com aquilo, falei com você e tudo mais.”

Se mantendo frio e focado durante todos os momentos decisivos, Smedley admitiu que não se segurou assim que a poeira do momento baixou.

“Depois disso, quando tudo acabou, consegui um tempo para mim, fui a um lugar quieto e chorei por cerca de uma hora, estava comigo mesmo, não havia ninguém lá. Me lembro de ter ligado para minha esposa, Lucy, e estava muito difícil de falar com ela porque eu estava muito triste. Esse foi o momento mais devastador da minha carreira até então.”

VÍDEO: Os 5 pilotos da F1 que mereciam ter sido campeões e ficaram sem título

Relembre toda a carreira de Felipe Massa na F1

Um detalhe sobre o início de carreira de Felipe Massa é que seu primeiro contato com o esporte a motor foi com o motocross, como ele próprio relatou no filme Heroes. Ao vê-lo começar a saltar cada vez mais alto e se machucar, seu pai, Titônio, decidiu apresentar o kart ao futuro orgulho da família.
Massa começou a correr de kart em 1989 e competiu no Brasil até 1999, quando foi campeão nacional de Fórmula Chevrolet. O passo seguinte, naturalmente, foi a Europa.
Ele se destacou ao chegar no Velho Continente, com títulos na Fórmula Renault (2000) e F3000 Europeia (2001). Isso, obviamente, o colocou nos radares da F1.
Em setembro de 2001, Massa fez seu primeiro teste na F1, em Mugello, e causou boa impressão. Já debaixo das asas da Ferrari, o jovem piloto conseguiu garantir uma vaga de titular na Sauber no ano seguinte.
Massa teve alguns desempenhos de destaque e fechou o campeonato em 13º, com quatro pontos. Porém, a inconstância cobrou seu preço, e o brasileiro perdeu sua vaga.
Massa, então, passou o ano de 2003 testando o carro da Ferrari e trabalhando de perto com Michael Schumacher e Rubens Barrichello. Mesmo sem competir, foi uma temporada de aprendizado para o ainda jovem piloto.
Mais maduro, Massa voltou ao grid pela Sauber em 2004. Apesar de ter sido derrotado por Giancarlo Fisichella, o brasileiro cresceu com o passar da temporada, especialmente com as segundas filas obtidas na China e no Brasil.
Massa foi mais sólido em 2005: derrotou Jacques Villeneuve no duelo interno e bateu na trave do pódio com um quarto lugar no Canadá. Com a saída de Barrichello da Ferrari, abriu-se a vaga desejada para se juntar à escuderia italiana no ano seguinte.
Massa competiu ao lado de Schumacher e deixou boa impressão em 2006: esteve com consistência no pódio e fechou o ano em terceiro, atrás apenas do alemão e de Fernando Alonso, que disputaram o título. Os destaques ficaram nos GPs da Turquia e do Brasil, suas primeiras vitórias.
Sem Schumacher 2007, Massa ganhou espaço e se colocou no páreo da disputa pelo título no começo do ano. Porém, Kimi Raikkonen cresceu com o passar do ano, o que deu ao finlandês seu primeiro título na F1.
Em 2008, Massa fez sua campanha mais forte, com seis vitórias e ocupando a posição de real protagonista. Mas, como todos sabem, o título escapou das mãos por pouco: ele ficou apenas 1 ponto atrás de Lewis Hamilton, o campeão.
A Ferrari não veio tão forte em 2009, mas Massa ainda continuava com boas atuações. Contudo, sua campanha foi interrompida com o acidente da Hungria, que o deixou de fora da segunda metade da temporada.
Quando voltou à ativa em 2010, Massa encontrou uma situação diferente na Ferrari, desta vez com Alonso como parceiro. O brasileiro teve dificuldades dentro e fora da pista, e seu ano ficou marcado pelos fatídicos acontecimentos do GP da Alemanha, quando cedeu a liderança para o espanhol.
Em 2011, mais uma vez a Ferrari não se acertou, e Massa teve dificuldades a mais do seu lado da garagem. O piloto foi bastante apagado ao longo da temporada e teve sua primeira campanha na Ferrari sem sequer obter um pódio.
No geral, 2012 foi um pesadelo para Massa. Enquanto Alonso disputou o título, o brasileiro tinha dificuldades para pontuar no início da campanha. Porém, ele ganhou terreno com o passar do campeonato e fechou o ano com dois pódios, no Japão e no Brasil.
Mais um pódio foi para sua conta em 2013, mas sua relação com a Ferrari chegou ao ponto de ruptura. Com um discreto oitavo lugar na tabela, o brasileiro deixou a equipe italiana.
Massa encontrou espaço na Williams a partir de 2014, que havia tido temporada ruim no ano anterior. Mas, surpreendentemente, a equipe deu a volta por cima, o que possibilitou a Massa uma pole position e três pódios.
Massa anotou mais dois pódios em 2015 e se destacou no GP da Grã-Bretanha, quando liderou a primeira fase da prova. Acabou o campeonato em sexto, logo atrás do parceiro, Valtteri Bottas.
Massa fez campanha inconstante em 2016 e se viu ameaçado com a chegada do ‘endinheirado’ Lance Stroll. Assim, anunciou que se aposentaria da categoria ao fim daquele ano.
Porém, a aposentadoria de Nico Rosberg abriu espaço para a ida de Bottas à Mercedes, o que proporcionou que Massa voltasse à Williams em 2017. O brasileiro prevaleceu no duelo contra o jovem canadense, mas, desta vez, sua despedida foi confirmada.
Massa fechou seu período na F1, com 269 corridas, 11 vitórias, 41 pódios e 16 poles, sendo o último representante do país na maior categoria do automobilismo mundial.
Em 2018, Massa anunciou que correria na categoria totalmente elétrica, a Fórmula E. Na primeira temporada, seu melhor resultado foi em Mônaco, na terceira posição. Ainda em fase de aprendizado, o brasileiro foi o 15º colocado no campeonato.
Na atual temporada, interrompida por causa da pandemia do novo coronavírus, Massa é apenas o 19º colocado, após cinco provas.
Fora das pistas, Massa ocupa o cargo de presidente da Comissão Mundial de Kart da FIA, ajudando a trazer o Mundial de Kart ao Brasil, mais precisamente a Birigui. Inicialmente o campeonato seria realizado em outubro deste ano, mas como consequência do coronavírus, terá que ser realizado em 2021.
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