Estreia hoje na TV série inédita sobre Senna

Livros, filmes e especiais de TV. Ayrton Senna é fonte inesgotável de histórias que cada vez mais atraem os velhos e novos fãs do automobilismo. A partir deste sábado um novo baú se abre com o especial "Ayrton - Retratos e Memórias", que será exibido no Canal Brasil, às 23h30. Serão dez episódios de meia hora cada, com cada parte abordando uma etapa da vida do tricampeão.

A direção da série-documentário ficou a cargo de Ernesto Rodrigues,que também é autor da biografia "Ayrton, o Herói Revelado" e esteve por trás das reportagens especiais para o programa Esporte Espetacular, da Rede Globo exibido em 2014.

Em entrevista exclusiva ao MOTORSPORT.COM, o jornalista falou sobre algumas passagens curiosas e que estão somente na biografia, não fazendo parte do especial transmitido pela Rede Globo, ano passado.

Dentre as mais importantes, uma chama bastante atenção. Muitos se lembram até hoje das seis pessoas que carregaram o caixão de Ayrton Senna após o velório em direção ao enterro, tendo na linha de frente Emerson Fittipaldi e Gerhard Berger. Alain Prost ficou ao lado de Rubens Barrichello logo atrás e Christian Fittipaldi e Thierry Boutsen completaram o conjunto.

Mas não era para ser assim. A princípio, estariam na primeira fila, Prost e Jackie Stewart. Quando soube da notícia, a assessora de Senna, Betise Assumpção interveio e conseguiu mudar a ordem:

"O cerimonial do enterro do Ayrton, pelo que sei, não ficou ligado diretamente à família, eles delegaram a alguém. Quando a Betise viu aquilo, ela disse 'não, quem vai puxar a fila não será quem não tinha tanta amizade assim com o Ayrton'."

"O Jackie Stewart teve uma discussão histórica com ele, após o acidente com o Prost em 1990 em Suzuka. Sobre o Prost, havia aquela história que os dois se reconciliaram, mas não foi bem assim, o caso foi muito mais uma questão de diplomacia."

"Mas para a Betise não tinha cabimento, já que os dois eram rivais de uma carreira toda, um dentro e outro fora da pista. Ela mudou a ordem, colocando o Emerson Fittipaldi, primeiro campeão brasileiro da Fórmula 1 e do outro lado, o Gerhard Berger, que era grande amigo dele."

Outra passagem importante e inédita para a TV, foi a da visita que a família Senna recebeu após a morte do piloto.

"Existem histórias que estão no livro, mas será novidade para muita gente que puder assistir a série-documentário, como o dia em que o Frank Williams fez questão de ir à casa da família de Senna para dizer que achava que a barra de direção quebrada poderia ser o motivo da morte."

O jornalista também promete passar por um tema que ressoa até hoje: a rivalidade entre os brasileiros tricampeões mundiais de Fórmula 1:

"Tem os bastidores das origens da inimizade entre o Senna e o Nelson Piquet, quando começou a ficar muito forte a tensão entre os dois e porque aconteceu isso."

Ernesto Rodrigues também comentou o fato de ter que fazer um trabalho audiovisual, mas sem contar com imagens das corridas e, consequentemente, sem os grandes feitos de Senna na pista:

"A Formula One Management (FOM) faz muitas restrições quanto ao uso de imagens das transmissões e me senti no desafio de fazer do limão, uma limonada. O objetivo era ter um documentário em série sobre um personagem da Fórmula 1, com mais de 50 depoimentos e sem mostrar uma corrida sequer. Utilizei muitas fotos de profissionais que acompanham a categoria até hoje", disse Ernesto.

O episódio de estreia de "Ayrton - Retratos e Memórias" deste sábado vai abordar a época em que Senna dava seus primeiros passos no Kart e ia em direção à Fórmula 3, com depoimentos de Alan Mosca, filho de Sid Mosca, lendário designer de capacetes; Terry Fullerton, grande rival do brasileiro no kart; Roberto Aranha, treinador de pilotos; Keith Sutton; fotógrafo pessoal de Ayrton; a dupla Galvão Bueno e Reginaldo Leme; os jornalistas Celso Itiberê, Mair Pena Neto, Sergio Rodrigues e o ex-piloto Martin Brundle.