F1 - Alonso: "Preciso destruir qualquer força que os outros tenham"

Abertura do mercado de pilotos vinda por parte de Fernando Alonso neste verão tem suas raízes na habilidade que o espanhol segue mostrando na pista

Fernando Alonso, Alpine

Foto de: Mark Sutton / Motorsport Images

Apesar de ter 41 anos e ser o piloto mais velho do grid, Fernando Alonso tem demonstrado ao longo da temporada de 2022 da Fórmula 1 que ainda segue no auge das suas habilidades, somando os benefícios da experiência ao talento natural bruto que tem carregado ao longo da carreira, além da competitividade que segue a mesma diante de adversários tão jovens na categoria.

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Um aspecto que tem sido especialmente fascinante este ano, tem sido observar a atenção ao detalhe que o piloto da Alpine tem na hora de encontrar todas as vantagens competitivas que pode.

No GP da Áustria, por exemplo, ele passou um tempo limpando seu lugar no grid durante a sessão de treinos livres no sábado pela manhã, com a esperança de que suas ações lhe dariam um melhor começo mais à frente (infelizmente não foi assim, já que seu carro não pôde arrancar antes do sprint).

Mas essa não foi a única vez que ele fez um esforço adicional para ter uma vantagem. Se você o observava com atenção durante as voltas para o grid antes do GP da França, Alonso estava sozinho pilotando muito lentamente pela saída do pit lane.

Essa falta de velocidade deu a ele a capacidade de virar quase à esquerda no fim, para logo limpar a pista e colocar um pouco de borracha no interior da curva 1 e depois no exterior da curva 2. Sua mentalidade era de ultrapassar todas as pessoas neste lugar desde o princípio, enquanto os outros pensavam que a pista estaria muito suja ali.

E foi que exatamente aconteceu, já que conseguiu uma ultrapassagem brilhante em cima de Lando Norris e George Russell nos pedaços de pista que havia limpado minutos antes.

Alonso confessa que gosta muito quando esses pequenos momentos são notados, já disse que tudo é parte da forte competitividade que tem, tanto na hora de explorar seus pontos fortes como na esperança de trazer à tona as dificuldades dos adversários.

"Sim, quero dizer, eu sou esse tipo de pessoa", ele sorriu em uma entrevista exclusiva com o Motorsport.com antes de anunciar sua ida à Aston Martin.

"Preciso fazer 100% do me e preciso destruir qualquer força que os outros tenham. Mas isso acontece em tudo que pratico, quando jogo qualquer coisa.

"Eu acostumava jogar tênis e quando jogava com alguém bom, colocava a bola muito alta porque assim, você para o ritmo deles porque estão acostumado a bater muito forte na bola.

"Jogando com profissionais, a bola chega para eles muito forte porque estão acostumados com esse tipo. Mas, quando você coloca a bola no alto, eles cometem erros, porque a bola chega muito mais suave. Assim, posso jogar tênis melhor quando coloco a bola alta.

"Colocar a bola alta é a minha única oportunidade de ganhar deles. Então faço isso automaticamente. Não é somente nas corridas, apenas preciso destruir as forças dos outros e tentar maximizar as minhas."  

Fernando Alonso, Alpine A522, Sebastian Vettel, Aston Martin AMR22

Fernando Alonso, Alpine A522, Sebastian Vettel, Aston Martin AMR22

Photo by: Mark Sutton / Motorsport Images

Alonso tem claro em sua cabeça que a experiência na F1 lhe trouxe claras vantagens, o que o permite ter uma visão melhor sobre quais áreas precisa se concentrar.

"Acredito que a experiência ajuda de muitas maneiras", disse. "Partida, consciência das coisas, gerenciamento de pneus, paradas nos boxes, a forma que se aproxima da mecânica.

"Também, a forma com que você aborda o fim de semana: os treinos livres, a importância dele ou a falta de importância, às vezes.

"Quando você é jovem, presta muita atenção em cada volta que dá, encara o primeiro treino livre como da mesma formada última volta do campeonato. Portanto, acho que você entende essas coisas.

"Estão sendo feitas muitas melhorias em condições úmidas e chuvosas. Normalmente, as corridas no molhado são uma possibilidade remota, as coisas mudam muito rápido, tem muitos safety cars, muitas linhas secas que aparecem depois. Existem mais oportunidades.

"Nem todas as voltas são a última volta. Eu costumava cometer erros no início das corridas, que agora eu tento evitar e isso só vem com a experiência e com seus próprios erros."

Alonso não sente que a idade tenha lhe causada nada de negativo, especialmente depois de um descanso de dois anos longe da F1 e que permitiu com que recarregasse as pilhas.

"Em termos de desvantagem, é difícil dizer algo porque não sinto que estou perdendo nada do que tinha quando era mais jovem", disse.

"Talvez em 2018, senti que estava esgotado mentalmente por conta de todo o marketing, as viagens, coisas assim. Precisava desses anos fora.

"Agora me sinto bem. Ainda não sei se foram apenas esses dois anos que me ajudaram ou se simplesmente um foco diferente que tenho algo."

Apesar de tudo, Alonso acredita que é uma versão muito melhor de si mesmo após seu retorno à F1 em relação ao tempo da sua primeira etapa no esporte. Ele pensa que ficar um pouco longe também ajudou a compreender melhor o panorama geral da F1: e trouxe consigo esses aspectos positivos.

"Acredito que ver as corridas de fora, às vezes você não entende coisas diferentes e comportamentos diferentes da corrida, vendo de fora e vendo por 360 graus", disse.

"Não se trata apenas do seu próprio cockpit e sua própria estratégia, então talvez tenha uma melhor compreensão de como a corrida se desenvolve e também as diferentes categorias que competi: creio que me ensinaram coisas diferentes.

"Existem diferentes filosofias de corrida, diferentes técnicas de condução. Não que sejam aplicadas a um carro de F1, mas quando perco o carro, talvez minhas mãos e meus pés estão fazendo algo que não sabia antes porque somente tinha pilotado carros de F1.

"Então, de certo modo, agora me sinto mais no controle das coisas."

Baseado no que aconteceu dentro e fora das pistas este ano, Alonso nunca se viu tanto no controle das coisas na F1 como agora.

Podcast #191 – O que primeira parte da temporada da F1 em 2022 trouxe de bom e ruim?

 

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