De acordo com o australiano Peter Windsor, jornalista de Fórmula 1 e ex-membro das equipes Williams e Ferrari na categoria, Lewis Hamilton e Max Verstappen provavelmente não errarão da mesma forma que Michael Schumacher errou na elite global do esporte a motor.

Após se aposentar da F1 no fim da temporada 2006, quando foi vice-campeão com a Ferrari ao ser batido pelo espanhol Fernando Alonso, da Renault, o alemão voltou à categoria máxima do automobilismo mundial em 2010 com a Mercedes, na qual Schumacher ficou até o fim de 2012.

Neste período de três temporadas, o Kaiser foi amplamente batido por seu então companheiro, o também germânico Nico Rosberg, e se aposentou da elite global do esporte a motor de maneira melancólica, sendo substituído justamente por Hamilton a partir de 2013.

De 2014 em diante, o britânico e Rosberg ganharam todos os títulos da F1 até a Mercedes ter sua sequência de títulos entre pilotos interrompida por Verstappen, vencedor do campeonato de 2021 com a Red Bull.

Para Windsor, nem o holandês e nem o piloto da Inglaterra cometerão o mesmo erro de 'Schumi', ou seja, voltar à competição depois de uma aposentadoria. Peter inclusive 'rasgou elogios' a Hamilton em seu canal de YouTube. 

"Acho que uma das razões pelas quais Lewis tem tido tanto sucesso é porque ele é muito inteligente. Ele sabe como organizar sua vida e sua carreira, como se manter motivado, e tem feito isso muito bem até agora."

"Ele foi muito criticado, especialmente pelos tabloides britânicos, por levar uma vida longe da F1 ao longo dos anos. Mas muito disso se deve ao fato de Lewis saber que precisa deixar a F1, caso contrário, ela o 'dominará'. Tenho muito respeito por isso em relação a Lewis, acho que o que estamos vendo agora é um Lewis interessante, porque não acho que seja o mesmo Lewis que tínhamos em 2007 e 2008."

"Acho que se Lewis não se sentir completamente confortável no carro agora, ele não vai dar tudo de si. Mas se ele se sentir completamente confortável no carro, acho que ele ainda é mais rápido que George Russell [companheiro e compatriota de Hamilton]. Mas acho que agora ele está em um ponto em que, a menos que o carro esteja bom, ele nunca conseguirá igualar o ritmo de George e vimos isso em Abu Dhabi."

Foto: Steve Etherington / Motorsport Images

Lewis Hamilton, Mercedes F1 W14, à frente de Max Verstappen, Red Bull Racing RB19

Windsor também fez questão de diferenciar a volta de Schumacher à F1 ao retorno de Alonso à categoria em 2021. Aliás, durante seus dois anos de hiato da elite do esporte a motor, o espanhol se manteve plenamente ativo no WEC, na Indy 500 e no Dakar -- diferentemente de Michael.

"Fernando é um bom exemplo de um piloto que ainda é muito, muito bom e muito rápido. Ele teve seus altos e baixos na Indy, em Le Mans e em outras corridas. Agora ele está de volta à F1 e parece estar muito bem."

"Há o bom exemplo de Lewis, que está no controle de sua carreira de muitas maneiras diferentes fora das corridas. Já Fernando tem sua própria vida, é claro que ele a vive à sua maneira. Mas ele tem um controle semelhante ao de Lewis. Acho que isso é uma grande parte do sucesso e se trata de gerenciar seu próprio talento de forma inteligente, entender seu próprio talento e como obter o melhor de si mesmo. 

"Quanto a outros exemplos, acho que Michael [Schumacher] cometeu o erro de voltar para a Mercedes depois de se aposentar. Acho que isso não funcionou para ele. Quero dizer, foi uma coisa interessante que ele fez lá, ele sentia tanta falta das corridas que teve que voltar."

"Não consigo imaginar Lewis se colocando nessa situação, se é que você me entende. Não acho que Max se colocaria nessa situação, acho que ele tem muito controle sobre sua vida e sua carreira", completou Peter.

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