Moreno relembra lágrimas com Piquet há 29 anos no dia do bi de Senna na F1

O dia 21 de outubro de 1990 é um dos mais gloriosos da história do automobilismo brasileiro. Nesta data, há exatos 29 anos, o Japão ficava verde-amarelo.

Isso porque Ayrton Senna conquistava o seu bicampeonato na Fórmula 1, jogando sua McLaren contra a Ferrari de Alain Prost na primeira curva, tirando ambos da corrida, e ficando com o título.

Senna e Prost abandonaram, mas a corrida seguiu. E foi vencida por Nelson Piquet numa dobradinha dos brasileiros da Benetton ao lado de Roberto "Pupo" Moreno, que fazia sua estreia na equipe em Suzuka.

Moreno teve seu único pódio da carreira na F1 na última dobradinha brasileira na categoria. E o carioca de 60 anos explicou ao Motorsport.com o motivo da imagem que correu o mundo e ficou famosa quando, ao fim da prova, ele chorava copiosamente do cockpit de seu carro.

"O significado que me fez chorar foi ter a oportunidade de agradecer ao Nelson (Piquet) antes mesmo de ter corrido de carro. A emoção que eu senti de poder agradecer pela primeira vez na vida. O valor pra mim foi esse", disse Moreno, ao Motorsport.com.

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"Acho que fui iluminado de poder ter essa oportunidade que se desenvolveu aos dois brasileiros de uma mesma equipe chegarem em primeiro e segundo"

O início no automobilismo motivado por Piquet

Moreno explicou o agradecimento a seu conterrâeneo tricampeão mundial, que o ajudou desde os primórdios da carreira.

"Agradeço o Nelson a abertura de portas que ele deu pra mim em 1979, quando ele me direcionou a correr na Europa. Em 76 eu tive um acidente de moto em Brasília, fiquei um ano indo no hospital todo dia fazendo curativo com fratura exposta. Quando voltei a caminha de novo, andar de kart de novo, estava buscando uma maneira de correr no Brasil, o Nelson chegou da Europa e me aconselhou ao invés de correr no Brasil começar na Europa", explica Moreno.

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"Eu falei que não falava inglês, ele (Nelson) falou: ’Você precisa falar pra dirigir?’. Eu disse ‘não’. Eu falei que talvez não levasse jeito pra essa ‘m…e ele falou ‘O que você faz no kart, você faz na F1’. Aí falei ‘não tenho dinheiro’, e ele respondeu: ‘Eu tenho um patrocinador que não quer ir para a F1 comigo e acho que ele vai te ajudar’", continuou o ex-piloto brasileiro, que também teve passagem pela Indy, onde conquistou duas vitórias pela Patrick Racing.

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"Eu estava indo com o propósito de na pior das hipóteses aprender uma língua. Isso aconteceu no final de 78. E o Nelson falou ‘Eu te ensino o caminho, mas quem vai fazer tudo é você. Eu vou abrir a porta para você entrar’".

Moreno então foi para a Europa, onde em seu primeiro ano conquistou o campeonato britânico de Fórmula Ford e depois ganhou a Fórmula 3000, correu na Indy e chegou na F1 em 1982 como substituto na equipe Lotus. Depois, em 1987, voltou à Fórmula 1 de forma definitiva.

Os bastidores da corrida no Japão

Moreno terminou em segundo em Suzuka em 1990 de forma inesperada. Mas mais inesperado talvez foi a forma como ele entrou na Benetton.

Ele pilotava pela equipe EuroBrun, onde, com um carro muito ruim, não conseguiu se classificar para 12 das 14 provas daquele ano até então. Quando começou a ponderar as opções para o ano seguinte, chegou um teste na Benetton, que havia acabado de perder o italiano Alessandro Nannini, que sofrera um acidente de helicóptero na semana anterior a Suzuka que prejudicou gravemente seu braço, encerrando sua carreira na categoria.

Foi então que John Barnard, chefe técnico da Benetton à época, fez o convite a Moreno.

"A gente está indo para o Japão e precisa de um piloto. Você veio fazer um favor pra mim e tá aqui, você quer correr? O Briatore está com uma lista de pilotos que ele quer, eu consigo colocar você nesse carro, eu já bati de frente com ele hoje", disse Barnard, segundo Moreno.

E Moreno aceitou o convite e fez a corrida, chegando em segundo mesmo com situações às pressas, como ajuste do banco, dos pedais e até de seu macacão.

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