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Senna e Prost poderiam ter juntado forças?

O editor do Motorsport.com, Charles Bradley, comenta uma passagem da entrevista de Alain Prost nesta semana, em que Senna poderia fazer parte da equipe que o francês viria a ter

A batida de Ayrton Senna e Alain Prost na volta 46
Alain Prost
Charles Bradley, editor do Motorsport.com
Alain Prost (FRA)
Pódio: vencedor Ayrton Senna com Alain Prost e Nigel Mansell
Ayrton Senna e Alain Prost
Ayrton Senna e Adriane Galisteu
Ayrton Senna

Um trecho de entrevista interessante surgiu nesta semana vindo dos nossos colegas do Motorsport.com França, de Alain Prost, sobre Ayrton Senna.

"É engraçado. Por volta de uma semana antes do acidente (em Ímola, que matou o piloto brasileiro) estávamos conversando por telefone", disse Prost. "Eu disse:'Você sabe, um dia seria divertido se eu tivesse uma equipe e ter você como meu piloto'."

"Estávamos dando risada sobre essa possibilidade, mas eu já estava conversando sobre a compra da Ligier, no início de 1994. Teria sido fantástico, sem dúvida."

Pensamento positivo ou proposta séria? Não subestime o poder de sua amizade - apesar de muitas ressalvas, Senna tinha enorme respeito por Prost e vice-versa.

"Me lembro muito bem dos últimos seis meses de sua vida", Prost me disse uma vez. "Foi quando conheci melhor Senna e comecei a entender alguns motivos que o fazia agir de algumas formas, que antes não entendia."

"Olho para trás, em como ele era (quando estávamos competindo) e hoje acho positivo. Só depois eu entendi que uma das poucas motivações de Ayrton era se concentrar em mim e em como me vencer."

"É por isso que quando estávamos juntos no pódio na Austrália, em 1993, quando parei à sua frente por alguns segundos, percebi que ele já era uma pessoa diferente também. E é essa lembrança de nosso relacionamento que carrego hoje."

O momento em que tudo mudou

Lembram do pódio desta prova de Adelaide? Acabou sendo mais significativo do que imaginávamos na época. Sabíamos que era a última corrida de Prost, mas acabou sendo a última vitória de Senna também.

Depois que Prost recebeu seu troféu de segundo colocado, Senna insistiu em puxá-lo para o lugar mais alto do pódio para ficarem juntos. Uma cena e tanto...

Mas conversando com Prost hoje, e mesmo com ele gostando de compartilhar esses pensamentos sobre os meses finais de Senna - com a amizade deles "de telefone" - , ele disse algo que sentiu algo irreal.

E que se intensificou naquela fatídica corrida de Ímola, em maio de 1994.

"Perto do fim, quando estávamos mais próximos, foi muito estranho, porque falávamos sobre a falta de segurança da categoria e coisas do tipo", disse Prost. "Ele me pediu por várias vezes assumir uma posição de liderança na GPDA e eu sempre disse não. Tivemos várias conversas juntos nessa época. Foi muito estranho."

"Mantenho essa lembrança dos últimos dias. Encontrei com ele duas ou três vezes e pouco antes da corrida de Ímola - e claro, ele já era essa pessoa diferente que falei. Mas, prefiro pensar nisso sozinho."

"Ayrton me ligou no sábado, então encontrei ele no mesmo dia. E nos vimos no domingo duas vezes - o assunto principal, dentre tanta conversa, era a questão da segurança e o fato dele estar infeliz com aquela situação."

"Ele estava muito focado nisso, mas foi estranho... muito estranho."

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