Vettel: “não estou aqui para ir em festas”
Líder do mundial se diz pé no chão, revela que vê vídeos de outros pilotos para aprender – e que convidaria Kimi Raikkonen para jantar
Sebastian Vettel definitivamente não parece um jovem de 24 anos recém-completos. Nem tanto pelo título mundial de F-1 que já ostenta – ou mesmo pelo segundo que parece a caminho. Mas pelo foco que mantém mesmo com tudo o que lhe cerca. Em entrevista ao jornal espanhol “El Mundo”, o alemão falou sobre de tudo um pouco. Revelou que vê vídeos de pilotos como Fernando Alonso e Michael Schumacher para aprender e que se preocupa com amigos desempregados.
“É simples: não estou aqui para ir em festas. Simples assim. Estou para ganhar, para trabalhar e melhorar. Não venho a GPs para perder, mas para ganhar. E não digo isso para ficar bem com meus chefes. Digo porque o primeiro que quero é estar bem comigo mesmo. Fico em reuniões até tarde nos circuitos e, quando termino, vou para a cama. É minha forma de ser, minha educação.”
Ser trabalhador não é o único valor que carrega: Vettel também não é de extravagâncias e se diz pé no chão até hoje.
“Sou alemão, devo poupar dinheiro. Não compro iates. Venho de uma família humilde, sei quanto custam as coisas e não tiro os pés do chão. Não perco o contato com meus amigos e conheço os problemas dos jovens, como a vida anda dura. Tenho amigos que foram à universidade e não encontram trabalho. Talvez eu estaria na mesma situação se não tivesse me dedicado à F-1. Por sorte, sou um privilegiado. Faço o que gosto, curto isso. Não posso me queixar, mesmo que, como qualquer um, também tenha meus problemas e obrigações.”
Jovem, rico, bem sucedido. Problemas? Sim, quando se busca a perfeição, eles sempre lhe rondam – e servem de aprendizado.
“Chegar à F-1 não é fácil, ganhar e manter-se no topo menos ainda. Há pressão, responsabilidade e você tem de responder por uma equipe que está lhe apoiando, trabalhando muito para que seu carro funcione. Por exemplo, na corrida do Canadá, cometi um erro e deixei escapar a vitória na última volta. Não foi uma falha dramática, o carro só escapou um pouco, mas me irritou muito. Fiquei horas revendo as imagens, colhendo dados e analisando porque o carro escapou. Assim se aprende, se melhora.”
Vettel revela que sempre contou com o respeito de pilotos que até hoje são referência para ele – e que costuma observar os mais experientes para absorver um pouco de sua técnica.
“Sempre, desde que cheguei, senti o respeito dos demais, ainda que esteja claro que respeito é algo que tem-se de ganhar. Gente como Fernando Alonso ou Michael Schumacher sempre me tratou bem, sempre me dei bem com eles. Mas ainda me falta muito, tenho muito o que melhorar e aprender de Fernando e Michael, de pilotos que são referência. São pequenos detalhes, sobretudo ao volante. Presto atenção a suas freadas, sua maneira de conduzir o carro. Reviso as imagens das câmeras onboard. A experiência deles me serve.”
Mesmo sem toda a bagagem que crê ser necessária, Vettel afirmou ainda que traz velocidade para seu carro. “Anos atrás, o piloto tinha que cuidar muito mais do carro, fazê-lo terminar a corrida e, além disso, ganhar. Agora, a confiabilidade melhorou muito e você tem quase apenas de preocupar-se em fazer pit stops bons e dar o máximo, ser muito rápido. Meu carro é ótimo, muito competitivo sob todos os aspectos. Meu carro é bom, mas eu também.”
Perguntando qual piloto convidaria para jantar, Vettel escolheu um velho companheiro de paddock. “Com qualquer um, realmente me dou bem com todos. Talvez com os alemães, com quem divido mais coisas, mas creio que escolheria Kimi Raikkonen. Sente-se falta dele aqui... ainda que creio que seria uma janta muito silenciosa [risos].”
O jornalista quis uma dica do alemão para dar um nome a seu carro. Afinal, o campeão do mundo é conhecido por batizar cada chassi com um nome de mulher, sempre acompanhado por algum adjetivo do tipo “safada” ou “voluptuosa”. E Vettel explicou o processo.
“Você se diverte como ele ou ele lhe aborrece? Depende do que você sente por seu carro. Entro em acordo com meus mecânicos. Para mim um carro é muito mais que uma máquina. É meu sócio. Gosto e cuido dele.”
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