VÍDEO: Ricardo Penteado revela como é a vida de uma equipe de F1 na visão de quem já esteve lá
Engenheiro brasileiro foi responsável pelas unidades de potência da Renault até o final da última temporada da F1
Ricardo Penteado foi chefe do departamento de motores da Renault na Fórmula 1 e conhece de perto a categoria máxima do automobilismo. O brasileiro, único do País a ter ocupado tal cargo na elite do esporte a motor mundial, viveu grandes momentos, como o bicampeonato de Fernando Alonso pelo time francês em 2005 e 2006. O engenheiro também viu o 'surgimento' do holandês Max Verstappen, que corre na Red Bull e é um dos pilotos mais badalados da atualidade.
'Rico', como é conhecido, também passou por grandes desafios, como o retorno da equipe de fábrica da Renault ao esporte, na temporada 2016. Em 2020, o brasileiro deixou o time amarelo para trabalhar em um projeto ainda mantido em segredo. Entretanto, Penteado tem conhecimento de causa para falar sobre os bastidores da categoria mais celebrada do automobilismo. Neste vídeo, o engenheiro revela como é a vida de uma equipe na visão de quem já esteve lá:
A opinião de Penteado sobre Verstappen, com quem trabalhou em 2014
"Cara, o moleque é 'pauleira'. Ele é bruto que nem o pai dele, em termos de caráter (personalidade). Não sei se o pessoal viu a live com o [Enrique] Bernoldi, mas é exatamente o que ele falou [sobre Jos Verstappen, pai de Max e companheiro do brasileiro na Arrows em 2001]."
"Conversei muito com o Max porque eu fui engenheiro dele na Toro Rosso quando ele andou pela primeira vez de F1. Era eu o engenheiro dele, em 2014, no Japão. Conversei muito com ele e com o pai dele, aprendi a conhecer os dois. E tem histórias fenomenais."
"Eles quase saíram na porrada: pai, mãe e os moleques com o [Daniil] Kvyat em coisas de kart, sabe? Então você vê que a galera é mais bruta. Quando conversei com ele em 2014, você via que o moleque tinha não só o talento, mas acho que o Jos fez um trabalho muito bom nele de formação. De saber onde melhorar, de saber priorizar... E uma coisa que marcou muito é que ele é tipo o Ayrton [Senna] no sentido de que nunca vai ser ele que vai 'levantar' o pé."
"Tipo assim, se tiver que ir todo mundo para a brita, vai, mas não vai ser ele que vai levantar o pé, quando vai para o fight. Foi muito interessante ver que, tão novo, ele percebeu que isso era o segredo, a marca registrada dele."
"Você vê em qualquer briga na pista, às vezes até ridícula, tipo ele ir 'no fight' com o [Esteban] Ocon no Brasil (em 2018) e perder a vitória para brigar com o cara na pista. Mas você sabe que se você tiver que ultrapassar ele, ou você ultrapassa bem, ou vão terminar os dois na brita, porque ele nunca vai levantar o pé para deixar alguém passar ele. E eu lembro que, no final da temporada 2014, eu até escrevi uma mensagem para ele e falei: 'Não basta ser rápido, tem que trabalhar'."
"Você percebe justamente na maturidade dele. Quando ele chegou lá, o engenheiro de performance fez um trabalho muito bom com ele na parte de pneu. E você vê que ele já tem maturidade para entender bem disso tudo. Quando ele chegou na F1, ele tinha 16 anos e parecia que ele já tinha 22, em termos de bagagem técnica. É impressionante. Pelo fato de ele ter começado bem cedo, ele já tem muita maturidade."
Comparação com Ricciardo e Kubica
"O [Robert] Kubica, com certeza absoluta, é mais inteligente tecnicamente falando. Em termos de entender motor, ele entende tudo. Em termos de engenharia em volta do carro. Na Coréia, chegou um escapamento novo e eu tive que fazer o mapa (do motor) inteiro na mão ali, na sexta-feira de manhã, e ele me ajudou muito. O cara manja muito, é técnico. E ele entende muito de regulamentação, ele é malandro, tem um raciocínio de game muito pesado."
"Mas, em termos de talento, eu acho que eu colocaria o Max um pouco mais 'na mão'. Quando você vê aquela corrida dele em Interlagos no molhado (2016), meu... É difícil achar alguém que 'toque' mais do que ele, que tenha mais autoconfiança do que ele tinha."
"A gente escutava o rádio do Daniel [Ricciardo] na mesma corrida dele e o engenheiro dele falou assim: 'Na curva 3, o Max passa por fora. Tenta por fora'. Ele tentou uma vez e falou: 'Não, não, não, estou tranquilo aqui'. Por fora, tinha menos borracha, então o carro tinha mais aderência, só que tinha mais água também, porque tinha menos carros passando, então era meio difícil ali. Mas o Max 'toca' muito", finalizou Penteado.
VÍDEO: Entenda o que há de verdade na possível volta de Alonso à F1 pela Renault
Nelsinho, Bruno Senna e cia: relembre todos os pilotos brasileiros da história da F1
PODCAST Motorsport.com entrevista Felipe Massa, contemporâneo de Penteado na F1
.
Faça parte da comunidade Motorsport
Join the conversationCompartilhe ou salve este artigo
Principais comentários
Inscreva-se e acesse Motorsport.com com seu ad-blocker.
Da Fórmula 1 ao MotoGP relatamos diretamente do paddock porque amamos nosso esporte, assim como você. A fim de continuar entregando nosso jornalismo especializado, nosso site usa publicidade. Ainda assim, queremos dar a você a oportunidade de desfrutar de um site sem anúncios, e continuar usando seu bloqueador de anúncios.