Análise: MotoGP volta ainda melhor e promete ano sensacional
Saiba o que de melhor aconteceu na primeira etapa da MotoGP, disputada neste final de semana no Catar
A MotoGP voltou, e voltou com tudo. Em suas três corridas, o GP do Catar não desapontou nenhum dos fãs que contavam os segundos desde Valência pelas provas deste final de semana. E nada melhor do que começar 2018 da maneira como o segundo semestre de 2017 se desenrolou: com uma apaixonante disputa entre Andrea Dovizioso e Marc Márquez definida na última curva.
Depois de três segundos lugares nos últimos três anos no circuito de Losail, Dovi voltou ao Catar neste ano com a missão de ir pela primeira vez na carreira ao degrau mais alto do pódio no Oriente Médio. Nem nas categorias menores o piloto havia conseguido o feito, chegando a perder no fotochart de 125cc em 2004 para Jorge Lorenzo. A diferença no cronômetro? 0s000.
Mas o Dovizioso vencedor que deu as caras no ano passado conseguiu quebrar mais uma sina, e em grande estilo venceu seu primeiro GP do Catar – pela terceira vez em menos de um ano trocando posições com Marc Márquez na última curva.
Acredite se quiser: Dovi – que tinha há um ano apenas duas vitórias na MotoGP – agora dá “um pneu” de 3 a 0 em Marc Márquez em disputas na última volta. Um recorde negativo que o atual campeão vai fazer o possível para tentar reverter em breve, quando os dois disputarem mais uma vez a vitória. Tudo leva a crer que isso certamente acontecerá novamente neste ano.
Mas os números de Dovi impressionam: sete vitórias nas últimas 14 provas e nove triunfos na MotoGP ao todo - mesmo número de suas vitórias na 125cc e na 250cc somadas. O que aconteceu com ele?
Gestão dos pneus: a chave da prova
Desde que a Michelin retornou ao mundial, a administração do ritmo de corrida tem sido a grande incógnita das provas. Como em um jogo de pôquer, os pilotos precisam saber a hora de poupar e gastar seus pneus. A janela justa de utilização da borracha premia aqueles que entendem a melhor maneira de explorar seu potencial.
E esta parece ter sido a grande falha de Johann Zarco. Liderando praticamente de ponta a ponta a prova no início, o piloto perdeu nas últimas cinco voltas não só a liderança, mas outras seis posições terminando a prova em oitavo lugar. Todos os pilotos que o superaram aumentaram o ritmo e o francês não teve resposta, após ter ditado sua velocidade durante três quartos da prova.
Dovizioso fez um trabalho perfeito. Depois de cair para nono na volta 1, ele se recuperou aos poucos com confiança em seu ritmo de prova. Poupando os pneus, o italiano esperou o momento certo para atacar Zarco e dar seu 100%. Márquez também tinha suas cartas, e mergulhou com o italiano para passar o francês, em uma manobra arriscada que fez o joelho de Zarco tocar em sua RC213V. Na hora da verdade, Márquez tinha o mesmo ritmo de Dovi e chegou à última volta em condições de derrotar o italiano, que mostrou o fim de semana inteiro a melhor velocidade.
Uma derrota doce?
Márquez considerou o segundo lugar no Catar como uma vitória. Para quem nos últimos três anos não esteve nem próximo de vencer em Losail, disputar o triunfo na última volta em 2018 foi um considerável passo à frente, consolidando as evoluções mostradas da pré-temporada.
E, por isso, o resultado do espanhol pode ser um mau presságio para a concorrência nas duas próximas provas, na Argentina e nos EUA, onde Marc jamais esteve fora da pole position (sim, você leu certo, jamais).
O campeão está mais vivo do que nunca, e com certeza vai levar o ânimo do Catar para ir atrás de seu quinto título em seis anos na MotoGP.
A Yamaha estava tão mal quanto achávamos?
O terceiro lugar de Valentino Rossi e a boa recuperação de Maverick Viñales vieram como um alento para a Yamaha. No fim, as previsões apocalípticas da pré-temporada não condiziam tanto com a realidade. Rossi não se classificou bem, mas esteve no mesmo ritmo dos líderes a prova toda. Ele mesmo acha que se não tivesse errado em seu ataque a Johann Zarco na curva 1 na volta 11, quando foi ultrapassado seguidamente por Márquez e Dovizioso, poderia ter lutado mais diretamente pela vitória.
Após a corrida, o #46 confirmou que sua M1 melhorou bastante durante o final de semana na tração e na eletrônica, principais fraquezas suas na pré-temporada. Mas, na MotoGP atual, tudo pode mudar de prova a prova. Temos que lembrar que historicamente o circuito de Losail favorece a Yamaha.
Já o vencedor do Catar em 2017, Viñales, poderia ter sido mais forte se tivesse largado bem. Quem sabe o espanhol pudesse ter até vencido a prova se estivesse no primeiro grupo. Seu ritmo no fim definitivamente foi animador.
Categorias menores não ficaram atrás
Na Moto2, Pecco Bagnaia garantiu sua primeira vitória na categoria intermediária em uma disputa caseira com Lorenzo Baldassarri. Caseira, porque os dois italianos são da academia de Valentino Rossi, e certamente já dividiram muitas freadas como vimos na penúltima curva da prova em Losail no rancho do “doutor”, em Tavullia.
Por sinal, também foi a primeira vitória da equipe de Rossi na Moto2. A boa largada de Bagnaia foi importantíssima no duelo, já que o italiano parece ter ficado um pouco nas últimas voltas. Sorte dele que o pole, Álex Márquez, não saiu bem e ainda teve um estranho superaquecimento do freio traseiro durante a prova que custou seu segundo lugar. O irmão de Marc ainda segurou Mattia Pasini e foi o terceiro.
Na categoria menor, deu a lógica. Jorge Martin provou no ano passado e na pré-temporada deste ano ser o piloto mais completo do grid. Que Aron Canet e Enea Bastianini são velozes nós sabemos, mas será que no mesmo nível e na mesma constância do espanhol da Gresini? A pergunta será respondida nas próximas provas.
Eric Granado fez uma reestreia bem discreta no mundial de Moto2. O brasileiro infelizmente teve um final de semana recheado de problemas em todas as sessões, incluindo até mesmo um assento solto no final da corrida. Impossível avaliar sua atuação. Resta esperar que Eric tenha mais sorte na Argentina.
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