Barros: Hayden é o exemplo de que trabalhando se chega longe
Em entrevista ao Motorsport.com, brasileiro relembra convívio e lamenta morte do ex-companheiro de equipe norte-americano
O mundo do motociclismo entrou de luto na última segunda-feira (23). O norte-americano Nicky Hayden, campeão mundial da MotoGP em 2006, morreu em decorrência de um acidente na quarta-feira anterior, enquanto treinava de bicicleta na Itália. O piloto foi atropelado por um carro, sofreu traumas severos na cabeça e no tórax e não resistiu aos ferimentos.
O choque da perda foi mostrado por todos que conviveram com Nicky em sua extensa carreira na MotoGP. E um dos que melhor conheceu o norte-americano foi o brasileiro Alexandre Barros. Os dois foram companheiros de equipe na Repsol Honda em 2004 e sempre tiveram bom relacionamento.
Em entrevista ao Motorsport.com, o brasileiro lamentou a perda de Hayden.
“Papai do céu faz umas coisas às vezes que é só ele que sabe o porquê”, falou.
“Infelizmente às vezes essas coisas acontecem com as pessoas mais abençoadas, mais iluminadas.”
“Eu fiquei sabendo (da morte) ontem à tarde, umas 17h. É muito triste, a gente não tem o que falar. Foi uma infelicidade muito grande. Quando alguém tão jovem assim morre de uma forma... não sei se dá para falar boba, mas inesperada, é muito triste.”
Barros lembrou de seu convívio com o jovem Hayden, apenas em seu segundo ano na MotoGP. Para Alexandre, que fez 245 corridas na categoria máxima, Nicky foi um dos pilotos mais dedicados que já passaram pelo mundial.
“Era um cara muito rápido, trabalhador para caramba e muito dedicado”, lembrou.
“O Nicky é o perfeito exemplo de que sendo trabalhador você pode superar muita coisa e chegar muito longe.”
“Ele era uma pessoa muito do bem e muito disciplinada. Era um dos caras mais disciplinados que eu conheci. A gente até brincava: quando íamos treinar, se você ouvisse moto às 8h da manhã todo mundo falava, ‘é o Nicky’. E a família dele inteira era nota dez, o pai, a mãe e todos os irmãos. Ele era muito humilde, não tinha quem não gostasse do cara.”
“Nessa época ele ainda estava no começo da carreira. Ele tinha estreado em 2003 no campeonato, e aí em 2004 eu entrei no time (Repsol Honda). Era o segundo ano dele. A gente viajou muito e fizemos muita coisa juntos.”
“Ele me escutava muito, minhas histórias, minha experiência, perguntava das coisas pelas quais eu tinha passado. Ele era um garoto, né? Tinha 22 para 23 anos. Ali eu estava já com 33.”
“Quando você se dá bem com uma pessoa, você tenta passar coisas para ela e tenta ajudar. Vivemos alguns momentos difíceis dentro da equipe – nunca de conflito. Porque às vezes você treina, tenta acertar a moto e os resultados não aparecem.”
O último contato entre Barros e Hayden foi há dois anos e meio. “Foi quando fui ao mundial. Ele estava saindo da MotoGP e indo para a Superbike. Foi em 2015, na corrida de Valência.”
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