Exclusiva com Márquez: "minha equipe é intocável"
Tricampeão da MotoGP concedeu entrevista exclusiva a Oriol Puigdemont, do Motorsport.com, e abordou o início de temporada dele e da Honda, além de falar sobre os principais rivais na pista, como Valentino Rossi e Maverick Viñales
Após a primeira vitória na temporada 2017 da MotoGP, no GP das Américas, Marc Márquez conversou com Oriol Puigdemont, do Motorsport.com, e repassou momentos deste início de campeonato. Apesar dos contratempos nas duas primeiras etapas, o espanhol segue motivado e sorridente: "Todos os pilotos gostariam de ter o que tenho com minha equipe pessoal."
Motorsport.com: No ano passado, com uma moto teoricamente inferior a atual, você saiu de Austin como líder do campeonato, 21 pontos à frente do segundo colocado. Agora, depois da primeira vitória em 2017, você está em terceiro, a 18 pontos de Valentino Rossi.
Marc Márquez: É difícil encontrar uma explicação, pois a pré-temporada do ano passado foi pior do que esta, mas em compensação as duas primeiras corridas foram melhores. O que acontece é o que temíamos - quando chegamos com este motor novo aos circuitos precisamos nos adaptar. Não é somente o motor, mas o acerto da moto também muda bastante, em 2016 tínhamos uma base que funcionava relativamente bem em todas as pistas. Agora estamos buscando essa base. No Catar eu me sentia competitivo para terminar no pódio, mas por várias circunstâncias chegamos onde chegamos (em quarto) e na Argentina caí enquanto liderava.
M: Isso significa que sua situação é melhor do que a tabela de pontos mostra?
MM: Espero que seja assim e que as circunstâncias é que tenham feito estarmos onde estamos. A verdade é que a moto está no nível que tínhamos no final do ano passado, não melhorou. Temos motos rendendo mais do que a nossa e isso faz diferença. Essa desvantagem obriga a andar a 100%, o que nos aproxima de erros.
M: Após a queda na Argentina, você reconheceu o erro, uma vez que insistiu que não andava no limite. Esse é o perigo da Honda atual?
MM: A queda em Termas foi estranha, ainda não entendi o que aconteceu. Estamos buscando um acerto para tentar identificar o limite da moto. Mas ao observar o número de quedas de pilotos da Honda e da Yamaha, temos três vezes mais caídas, o que mostra o quão crítica é a moto. Para andar bem, é preciso ir ao limite. Temos buscado recuperar tempo nas freadas, que é algo que depende muito do piloto. Nas acelerações, que é onde mais sofremos, é praticamente impossível cair.
M: A única opção que você tem se quiser andar na frente é assumir riscos?
MM: Sim, já era assim no ano passado. A diferença é que tínhamos o acerto básico, o que ainda não temos no momento.
M: No ano passado, vimos um Márquez diferente, mais conservador - enquanto o de 2015 assumia mais riscos. Qual Márquez temos neste momento?
MM: Agora devemos ver o Marc de 2016, porque na Argentina era o de 2015 e acabei caindo. Foi a prova de que não estamos prontos para arriscar. Então devemos seguir somando pontos, pois corridas melhores virão.
M: Há a sensação de que, diferente da maioria dos pilotos, você pode discutir uma troca de marca para correr, mas que sua equipe pessoal é intocável.
MM: Minha equipe é intocável, como você disse. Tudo pode melhorar, mas se há recursos e você se sente motivado, é assim que se pode conseguir grandes coisas. A chave está na mentalidade e nã vontade. Se isso se mantém, é possível alcançar os grandes feitos aos quais você se propõe. Agora estou na Honda e apesar de não passar pelo melhor momento possível, sinto-me muito bem aqui.
M: Como você acha que os demais pilotos veem você e sua equipe pessoal?
MM: Supondo que eu estivesse na pele dos demais e visse a relação que tenho com meu staff, certamente sentiria uma ponta de inveja. Creio que todos os pilotos queriam ter um relacionamento tão bom com as equipes pessoais quanto eu tenho. Todos estamos focados no mesmo objetivo aos domingos, que é vencer. Se você acaba caindo, amanhã é outro dia e a vida segue. Ir para as corridas com vontade de estar com as pessoas do seu staff, não só de motos mas também de outros assuntos, não tem preço.
M: Você acredita que no ano passado a Honda também aprendeu algo do trabalho que você e sua equipe fazem do seu lado do box?
MM: Respeito demais a Honda e eles me respeitam demais. Temos conseguido combinar o improviso de minha equipe à precisão e planejamento dos japoneses.
M: Esperava ver um Maverick Viñales tão sólido?
MM: Vendo como ele andou na pré-temporada, eu já imaginava. Nos testes, o único que mais ou menos acompanhava o ritmo dele era eu. Imaginei que ele fosse vencer no Catar, mas com mais vantagem. Maverick já havia vencido uma prova no ano passado, feito pódios e terminou a temporada em quarto lugar.
M: Você vê ele mais consistente e sólido do que era Jorge Lorenzo?
MM: Depende de qual momento de Jorge. Quando ele estava em um momento no topo, era muito veloz. Talvez Maverick seja mais regular e não passe por momentos ruins que Jorge tinha às vezes. Se Lorenzo superava você em um circuito, depois você o superava. Creio que neste aspecto Viñales é mais regular.
M: Qual a leitura que você faz do início de campeonato de Rossi após a pré-temporada complicada que ele teve?
MM: É difícil de entender, mas tem muito valor. Valentino está em momento em que busca motivações. Passar por outra pré-temporada depois de 15 anos, depois mais outra. A motivação para um GP, porém, é completamente diferente de dar voltas em Sepang em fevereiro. A adrenalina em um domingo de corrida é um elemento muito potente.
Confira imagens da temporada de Márquez até o momento:
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