Olimpíada que tirou MotoGP do Brasil levou à Catalunha
Na contramão do brasileiro, programa olímpico espanhol previa a construção de autódromo e estrutura de base
O local que receberá a MotoGP neste final de semana - o Circuito da Catalunha (atualmente Circuit de Barcelona-Catalunya) - foi idealizado a partir do programa olímpico de 1992. A olimpíada de verão de Barcelona previa investimentos que tornaram a cidade na época a quarta mais visitada da Europa.
Mas o autódromo não foi apenas mais um. Pela localização privilegiada no continente europeu, ele passou a sediar testes tanto da Fórmula 1 quanto do Mundial de Motovelocidade durante o inverno graças à ausência de neve no local.
Há também uma escola de pilotagem baseada no circuito, regida pelo Real Automóvel Clube da Catalunha. O RACC, como é chamado, foi inclusive o responsável pela revelação de nomes como Jorge Lorenzo, Dani Pedrosa, Marc Márquez, Pol Espargaró e Álex Rins por seus campeonatos promocionais nos quais os melhores pilotos ganham apoio da associação.
Basta entrar no site da pista para ver que ela nunca está parada. Sempre existem eventos no local. Ou seja, 24 anos depois, se pode dizer que o legado olímpico para Barcelona no que diz respeito ao esporte a motor foi altamente bem aproveitado.
Já por aqui o negócio foi justamente o contrário. A MotoGP não visita o Brasil desde 2004, já que um ano depois a prefeitura do Rio resolveu demolir o lado norte da pista de Jacarepaguá para construir o Parque Aquático Maria Lenk (que se tornaria um chamado “elefante branco” anos mais tarde) para o Jogos Pan-Americanos de 2007. Mas o golpe “fatal” viria em 2008, quando a prefeitura anunciou que destruiria o resto do autódromo para construir outras instalações para as Olimpíadas de 2016. O ano de 2012 viu as últimas corridas da história de Jacarepaguá.
Atualmente no lugar do circuito estão sendo concluídas as obras do Parque Olímpico, que incluem Centro Internacional de Transmissão, pista de Mountain Bike, pista de BMX, campo de golfe e entre outras coisas, que após os jogos serão transformadas em obras de infraestrutura e lazer para a região.
Porém, a pista, que sediou nove provas da MotoGP, dez de Fórmula 1 e cinco da Indy na época da CART, não existe mais. E ao invés de aproveitar a vinda das olimpíadas para aumentar os investimentos em todos os esportes, criando cada vez mais uma base sólida, a prefeitura do Rio de Janeiro preferiu destruir o legado do esporte a motor na cidade. Algo que, pelos projetos pouco confiáveis de um novo autódromo, parece ser definitivo.
Esta é a diferença entre Espanha e Brasil, e um dos motivos pelos quais o esporte a motor está morrendo no nosso país. Ao contrário da Espanha, não serão os investimentos para um evento do porte de uma olimpíada que irão salvar. Pelo contrário.
Estes investimentos colocaram a pá de cal em cima da história do esporte a motor brasileiro no Rio de Janeiro. A casa da MotoGP - que torcemos para que um dia volte a correr por aqui - hoje não existe mais. Culpa de quem deveria lutar e não lutou. Culpa de quem administra e só pensa no hoje, nunca no amanhã.
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