Como a F1 poderia aprender com a NASCAR sobre ordens de equipe
Episódios como visto no GP da Rússia são raros na maior categoria do automobilismo americano
Um dos temas mais controversos dentro do automobilismo, especialmente na F1, é o jogo de equipe. Nada mais irritante para um fã ver seu piloto favorito ter que obedecer uma ordem vinda dos boxes, para deixar seu companheiro/rival ultrapassá-lo para o 'bem do time' ou por conta de algum acordo prévio.
Na F1, o último capítulo foi justamente no GP da Rússia, quando Sebastian Vettel se recusou a devolver a posição a Charles Leclerc, como parte do plano de manter Lewis Hamilton afastado. Mesmo tendo abandonado a corrida, as consequências e críticas ao alemão sobraram.
No mesmo dia, nos Estados Unidos, Chase Elliott vencia a etapa de Charlotte na NASCAR Cup Series, em prova válida pela terceira etapa dentro da fase de playoffs, quando quatro pilotos acabaram eliminados do mata-mata da categoria. O segundo colocado foi Alex Bowman, seu companheiro de equipe na Hendrick Motorsports, que estava na corda bamba para a classificação. Ele dependia de um mau resultado de seu concorrente direto na tabela, Ryan Newman, que foi o 32º colocado, mas que se conseguisse algumas posições à frente, Bowman teria que obrigatoriamente vencer a prova. Em nenhum momento se pensou que Elliott cederia a vitória, que não mudaria sua situação, e que daria uma ajuda definitiva a Bowman.
Por que não rolou ordem?
Isso se explica muito pela estrutura organizacional das equipes da NASCAR. Mesmo com quatro carros no grid, o caso da Hendrick, cada um deles possui uma estrutura mais independente, se compararmos com a da F1. Seria como se Toto Wolff fosse ligado apenas a Lewis Hamilton e algum outro membro da Mercedes fizesse o mesmo por Valtteri Bottas.
E isso se reflete principalmente nos patrocínios dos carros. Muito raramente uma mesma equipe ostenta as mesmas marcas em mais de um carro. Com anúncios individualizados, temos também interesses individualizados, logo, quem abrir mão de uma vitória ‘pelo time’, terá que se explicar muito bem aos seus patrocinadores, que ficariam sem bons minutos de exposição no victory lane, e sem o retorno de dezenas de milhões de dólares.
Mas também a história mostra algumas exceções, que não pegaram nada bem para a categoria.
Richmondgate
Em 2013, a NASCAR viu uma das páginas mais lamentáveis de sua história, durante a etapa de Richmond, que definia os 12 classificados para o “Chase”, nome anterior dos playoffs. Para beneficiar Martin Truex Jr., companheiro de equipe da Michael Waltrip Racing (MWR), Clint Bowyer, rodou propositalmente, quando restavam apenas 10 voltas para o final. Durante a semana seguinte, a NASCAR examinou os áudios de rádio entre pilotos e equipes e decidiu que, mesmo sem ter participado, Truex estaria fora da fase final e que Ryan Newman e Jeff Gordon passariam, fazendo com que 13 pilotos participassem do Chase, e não 12.
Desde então, ficou definido que na NASCAR todos os pilotos teriam sempre que dar 100% de si para conseguir o melhor resultado possível e que qualquer indício do contrário, punições pesadas entrariam em cena.
A NAPA, companhia de autopeças que injetava US$ 16 milhões na MRW, especialmente no carro #56 de Truex, acabou com a parceria, contribuindo para o encerramento das atividades logo depois. Dando ponto final de maneira amarga a um tipo de jogo de equipe desastroso, que marcou também a carreira dos pilotos.
Ensinamentos para outros esportes
Mesmo com culturas completamente diferentes, exemplos vividos em outras categorias do automobilismo mundial podem ajudar a suprir defeitos no presente, visando um futuro melhor. A Liberty, dona dos direitos comerciais da F1, que é de origem norte-americana, tem bons cases no quintal de casa e que podem ser empregados na categoria de monopostos, incrementando ainda mais o pacote de regras esportivas e técnicas do tão aguardado campeonato de 2021.
A rigidez nas regras que tratam da igualdade das pinturas de carros da mesma equipe poderiam ser amenizadas. Isso poderia ajudar nas finanças dos times e, quem sabe, inibir jogos que prejudicam a credibilidade do esporte, de acordo com os interesses dos patrocinadores envolvidos.
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