OPINIÃO: Vitória 200 de Kyle Busch obriga a análises entre eras na NASCAR
Feitos do atual piloto da Joe Gibbs e do “Rei”, Richard Petty, estão distantes, mas a análise dos cenários – e não a comparação - em que eles foram conseguidos não diminui lenda da NASCAR
Neste fim de semana a NASCAR viu um de seus pilotos mais polêmicos chegar a uma marca que une força e controvérsia, ao mesmo tempo. Kyle Busch triunfou em Fontana e somou a 53ª vitória na Monster Energy Cup Series na carreira e a 200ª se contarmos as três séries nacionais da maior categoria do automobilismo norte-americano.
Ao se aproximar do feito completado na Califórnia no domingo, parte da imprensa e fãs de Busch traziam à tona outro recorde, o do “Rei”, Richard Petty, que tem ao todo 200 triunfos, mas somente no que é considerada hoje a categoria principal da NASCAR. O atual piloto da Joe Gibbs Racing tem em seu cartel 94 vitórias na Xfinity Series e outras 53 na Truck Series.
Se contarmos apenas as vitórias na Cup, Busch é apenas o 11º na lista dos maiores vencedores, com um triunfo a menos do que o pai de Richard Petty, Lee Petty.
Race Winner Kyle Busch, Joe Gibbs Racing, Toyota Camry Interstate Batteries
Photo by: Logan Whitton / NKP / LAT Images
O ponto de discordância que envolve os muitos “haters” do “Buschinho” é justamente o fato de se colocar lado-a-lado campanhas que podem ser parecidas a olho nu, mas que na verdade estão muito distantes. Ao mesmo tempo, o fato de Busch, aos 33 anos de idade, ser o segundo maior vencedor em atividade da NASCAR, perdendo apenas para Jimmie Johnson com 83 – algo relevante – parece ter sido colocado em segundo plano.
Mas a simples comparação entre números e carreiras entre esses dois personagens é ingrata, para ambos os lados. Enquanto é notório que Busch tem adversários em um nível mais baixo nas outras duas principais divisões, sendo dono de sua equipe na Truck Series e contando com o apoio massivo da Toyota, e isso facilita o incremento de seu ranking, há de se ponderar também o cenário que o “Rei” tinha em seu auge.
Petty foi campeão sete vezes, entre 1964 e 1979, época em que a NASCAR era muito diferente do que é hoje, tanto em suas regras sobre carros, formato de disputa e, principalmente, calendário. Um exemplo disso é o ano de seu primeiro triunfo, 1964 é a temporada com mais corridas da história da categoria, com incríveis 62 provas. Petty ficou ausente em apenas uma delas, o que demonstra a força que tinha por trás da Petty Enterprises, sua equipe na época.
Mas o fato é que Petty brigava por vitórias com a elite do esporte e não pode ser culpado por ter um bom material em mãos e de que o futuro mostrou que muito dificilmente alguém terá 200 vitórias somente na Cup.
O papel de parte da imprensa norte-americana em exaltar as 200 vitórias de Busch sem grandes explicações, não ajuda na compreensão do fã médio da categoria, podendo leva-lo a erro, consequentemente.
Ao mesmo tempo, não reconhecer que Busch não seja um dos grandes pilotos do início do século XXI também é um convite ao enclausuramento das ideias sobre o esporte. Neste momento, no contexto geral, o piloto da Joe Gibbs ainda está abaixo de outras lendas do esporte, mas tendo pela frente, no mínimo, uma década de carreira, ele poderá se juntar aos maiores nomes e, quem sabe, a comparação com o Rei no futuro não seja tão descabida.
Race winner Richard Petty
Photo by: NASCAR Media
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