Às vésperas de decisão, Cacá Bueno vira “turista” em casa após quatro voltas ao mundo em 217 dias

Cacá Bueno pode entrar para a história do automobilismo neste fim de semana, ao se tornar o primeiro campeão da Jaguar I-Pace eTrophy, categoria de carros elétricos de Turismo. A tarefa não será fácil, já que está a 16 pontos de Sérgio Jimenez e a 10 do norte-americano Bryan Sellers. As esperanças do pentacampeão da Stock Car é que a rodada final em Nova York será dupla, com boa margem para recuperação.

Mas a virada que Cacá terá que enfrentar não será o único desafio de 2019. O piloto vem em uma sequência incrível de viagens, com compromissos na própria categoria de carros elétricos, na Stock Car, como piloto e coach na Porsche GT3, além de eventos de patrocinadores.

Mas se engana quem acha que a maratona começou com a primeira etapa da Jaguar, na Arábia Saudita no final do no passado. Uma semana antes, aconteceu a final da Stock Car de 2018, em Interlagos. Para aumentar as emoções, No dia 21 de dezembro, nasceu Bella, segundo filho do casal (confira álbum com fotos pessoais escolhidas pelo próprio Cacá abaixo). A partir de fevereiro, viagens dentro do Brasil e para Ásia e Europa se tornaram rotina.

Tudo começou com a ida à Cidade do México, depois com a “dobradinha” Hong Kong e Sanya, na China, quando a Jaguar realizou duas etapas em fins de semana seguidos e 15 dias depois, começava a temporada 2019 da Stock Car. O ápice foi a sequência de fins de semana seguidos de corridas entre Jaguar e Stock, dentro do período de 27 de abril e 25 de maio.

“Não é fácil ficar longe da família", disse Cacá com exclusividade ao Motorsport.com Brasil. "Aliás, esta é a parte mais complicada. Tiveram alguns meses que passei quatro noites em casa, o mês inteiro. Outras vezes, fiz questão de voltar para casa só pra dormir (chegando às 22h e saindo às 6h do dia seguinte). A Tali (esposa) é super compreensiva e me ajuda muito, com toda esta correria. Ela sabe que eu faço isso por eles. A distância do Cadu (filho mais velho, com seis anos), que é mais difícil, porque ele já está com idade que pede para eu ficar, pedir para fazermos programas juntos... mas ele também é muito maduro para a idade dele. Em resumo: não é fácil, mas a minha família me ajuda muito a superar toda esta correria.”

A dobradinha Hong Kong/Sanya foi a mais dura até agora, segundo Cacá: "A saudade está sempre presente, mas hoje temos algumas coisas que ajudam, como a chamada por vídeo. A maior deprê foi ficar quase 20 dias do outro lado do mundo, entre as etapas de Hong Kong e Sanya (China). Além de estar longe deles, era um fim do mundo! Ninguém falava inglês, a comida era horrível... foi duro! Mas deu pra compensar trazendo a vitória da etapa de Sanya, que foi a primeira de um brasileiro no Jaguar."

Até agora foram 69 voos, 168.185 quilômetros rodados, 235 horas dentro do avião para 133 horas de espera em aeroportos, totalizando 369 horas em ambiente aéreo.

Confira a sequência

A saga na pista de Cacá Bueno em imagens

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O outro lado

Tali, esposa de Cacá, também atendeu ao Motorsport.com Brasil com exclusividade e falou sobre a como é "carregar o piano" de ter que administrar casa e família com uma filha recém nascida, com um momento especial do pai.

“Não vou dizer que é fácil, pois realmente “o piano” pesa. Criar dois filhos, sem ele por perto na educação do dia-a-dia e sem ninguém das nossas famílias (todo mundo longe), ás vezes se torna um desafio. Porém, eu fico muito feliz e apoio todos os projetos em que ele participa. Ele é um atleta diferenciado e atletas têm que saber aproveitar as oportunidades, porque muitas vezes elas são únicas.”

“Enquanto eu conseguir dar conta de “carregar o piano” estarei apoiando ele sempre. Mesmo que as vezes eu pense que o piano vai cair, dou um jeito de segurar.”

Tali relata também uma das situações mais difíceis que teve que passar por conta dos compromissos de Cacá.

"Uma das situações mais difíceis pra mim foi uma vez que precisei ficar internada no hospital e ele estava viajando para corrida, eu não falei nada para não preocupá-lo. O Cadu, nosso filho mais velho, tinha dois anos na época, e tive que deixá-lo com a babá enquanto eu estava internada. Depois que voltei para casa eu não tinha forças nem para levantar da cama, mas implorei ao médico que me deixasse continuar o tratamento em casa para ficar com meu filho.“ 

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