20 anos: quando só quatro carros viram a bandeirada na F1
Em prova chuvosa e cheia de alternativas, o então promissor Olivier Panis se tornou último francês a vencer na F1
Uma possibilidade para o GP de Mônaco deste ano é a presença da chuva. Apesar de a classificação poder ser disputada com tempo ensolarado, a chance de o asfalto estar molhado para a corrida no domingo é considerada alta.
E foi com chuva há 20 anos que a F1 viu um de seus dos domingos mais imprevisíveis em 67 anos de história.
Três contos de fadas...
Podemos contar o GP de Mônaco de 1996 a partir de três contos de fadas. O primeiro deles veio no sábado, quando Michael Schumacher arrancou de Damon Hill a pole position de maneira fantástica com uma volta impressionante, 0s5 mais rápida que a do inglês.
A pole levantava a moral da Ferrari, que enfrentava um jejum de 15 anos sem vitórias no principado – curiosamente o mesmo hiato que enfrenta atualmente. Mas toda a esperança veio abaixo na largada, com Hill assumindo a primeira posição com a Williams. Tentando se recuperar prontamente, Schumacher errou ainda no primeiro giro e acertou o muro anterior à curva Portier. Seu domingo terminaria ali.
Com o conto de fadas da Ferrari arruinado, outro entrava sob os holofotes. Filho do “Mr. Mônaco”, Graham Hill, dono de cinco vitórias no principado, Damon havia tido o triunfo ceifado um ano antes por uma estratégia ruim da Williams. Em 1996, Hill tinha sua grande chance. Sem Schumacher pelo caminho, a corrida estava à sua disposição.
O piloto abriu mais de 40 segundos na liderança na pista molhada de Mônaco com uma tocada segura. Mas quem falhou foi a máquina. Após 40 voltas seu motor Renault estourou na saída do túnel e o deixou para sempre com a mágoa de jamais ter vencido em Monte-Carlo.
Com dois contos de fadas estragados, a corrida – que de poética não vinha tendo nada após 11 abandonos até ali (oito deles por acidentes) – teria um fim surpreendente e, por que não, romântico para um piloto, um país e uma equipe.
... e um final feliz
Sim. O último conto de fadas do dia teve um final feliz. Saindo de 14º no grid, Olivier Panis fazia grande corrida de recuperação. O francês conseguiu em uma manobra ousada ultrapassar o irlandês Eddie Irvine na Loews, jogando a Ferrari para o guard-rail após ambos escorregarem na pista molhada.
A manobra se mostrou ser de grande valia para Panis, já que Irvine, com ritmo mais lento, segurou durante muito tempo uma extensa fila de carros.
Após o abandono de Hill, Panis subiu para segundo atrás de Jean Alesi. A primeira vitória da Benetton no ano parecia questão de tempo, mas na volta 60 a suspensão do francês se quebrou e ele não teve escolha senão abandonar.
Pelas últimas 15 voltas, Panis segurou o ímpeto de David Coulthard da McLaren – que curiosamente corria com um capacete emprestado de Schumacher. Enquanto isso, Luca Badoer bateu com Jacques Villeneuve e tirou o canadense da corrida. A cinco voltas do fim, apenas quatro carros estavam na pista após Mika Salo, Mika Hakkinen e Eddie Irvine baterem.
E foi com estes quatro carros – Olivier Panis, David Coulthard, Johnny Herbert e Heinz-Harald Frentzen – que a corrida acabou no limite de duas horas.
Os recordes
Aquela foi a primeira e última vitória de Panis na F1, que teve a carreira bastante afetada no ano seguinte após quebrar a perna no GP do Canadá. Foi também a primeira vitória da Ligier em 15 anos (a última havia sido com Jacques Laffite no Canadá em 1981) e o GP com menos carros finalizando na história.
De quebra, Panis também entrou para a história do principado sendo o vencedor com pior posição de largada em 62 anos de GP de Mônaco. O francês partiu do 14º lugar. Desde aquele dia a França jamais venceu um GP na F1.
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