Em uma longa entrevista para a Rádio Jovem Pan nesta terça-feira, Rubens Barrichello fez mais comentários sobre os treinos que fez com o carro de Fórmula Indy da equipe KV no circuito de Sebring, nos Estados Unidos.
O ex-piloto da equipe Williams de Fórmula 1 se viu sem vaga na principal categoria do automobilismo após a contratação de Bruno Senna pelo time inglês e se mostrou bastante impressionado com o carro da Indy, que foi modificado para este ano.
"Foi uma experiência incrível poder depois de 19 anos guiando um tipo de carro que obviamente mudou bastante, com pneus, regulamento, mas basicamente o mesmo tipo de tocada. De repente guiar um F-Indy, que é totalmente diferente, motor turbo, é experiência incrível. Fiquei muito entusiasmado com aquilo que aconteceu, me adaptei rapidamente. Com 20 voltas fiz tempos bons e achei que foi um ótimo trabalho", comenta.
O entrosamento com a equipe, formada pelos amigos Tony Kanaan e Jimmy Vasser, ambos ex-campeões da Indy (em fases diferentes), também chamou a atenção do veterano. "Trabalho com equipe foi muito honesto e sincero. Falei para eles que gostaria de treinar muita coisa para que pudesse ter algum efeito, para que no meio do ano eles pudessem lembrar que fiz testes fundamentais na melhoria do carro."
"Eu tinha primeiro que me adatptar ao carro, porque em testes você tem de chegar no limite do carro para avaliar o teste. Não adiantava eu estar melhorando meu ritmo para fazer o teste. É um Dallara novo, que todo mundo está conhecendo, então é bom momento para fazer essa análise. Segunda andei muito, ontem tive alguns problemas e completei só 30 voltas. Mas já me sentia melhor com o carro", continua.
A empolgação com o teste logo contagiou o público, que tratou de fazer uma campanha via Twitter para fazer com que a esposa de Barrichello, Silvana, libere-o para correr nos Estados Unidos, uma vez que já aconteceu o veto anteriormente por conta dos perigosos circuitos ovais. "Essa eu não sabia [da campanha no twitter #DeixaSilvana]. Eu adoro esse tipo de coisa porque eu tenho muito carinho. Podem falar o que quiser, mas eu tenho carinho do público. É uma grande família que participou dos meus últimos dois dias. Nos Estados Unidos é mais liberado, então consigo colocar ainda mais fotos e vídeos."
Se a esposa teme, o próprio piloto ainda não sabe o que fazer em relação aos ovais. "Eu acho que qualquer piloto tem curiosidade de saber como é um oval. Um dos meus fortes sempre foi curva de alta. Agora precisa saber se chegou o momento, se não chegou. Eu ainda não tenho essa coisa muito aberta na minha cabeça. Indianapolis chama atenção grande. O campeonato é dividido em duas partes, o geral e o do misto. Então dá para ver o que fazer."
Com residência em Orlando, também nos Estados Unidos, Barrichello se disse animado com a Indy, mas ainda diz ser cedo para tomar uma decisão. "Guiar um carro de corrida é sensacional. É um carro potente, diferente. Minha volta para casa é para conversarmos, ver como será. Se fosse decidir pelas crianças estava decidido. Não é uma decisão que precisa de pressa. Estou calmo, tranquilo, e gostei do que vi. A decisão vai ser um pouco mais para frente. Esperei tanto pela decisão dos outros, então agora não vai mudar nada esperar um pouco a mais."
A possibilidade de correr na F-Indy para tentar voltar à F-1 também é considerada. "Trabalhar com alguma coisa que você ama é o ideal de qualquer ser humano. A pessoa tem de ser feliz com o que faz. Eu sou feliz desde muito cedo com o que faço. Não tenho dúvida nenhuma que meu futuro está relacionado a velocidade. Falar que está aberto agora com todos os acentos da F-1 tomados seria errado. Mas eu acho que tem de deixar em aberto."
Voltando um pouco no tempo, para dezembro, Barrichello contou sobre a frustração de ter visto a vaga na Williams escapar de suas mãos, mesmo tendo feito tudo o que era necessário para se garantir. "Naquele momento situação estava muito aberta. E continuou aberta até dois dias antes da assinatura da Williams. Fiquei dois dias indo para o simulador em dezembro. Nesse sentido estava aberto. Os engenheiros deixavam claro a opinião que eles diziam almejar para a equipe. Após a Renault anunciar os pilotos, o Bruno entrou forte junto a Williams e dali em diante a história começou a mudar. Já entendo a logística da coisa. O Bruno tinha daquilo que a Williams precisava e, logicamente, sendo o bom piloto que ele é também chamava a atenção."
"Não posso negar que fiquei triste. Qualquer pessoa na minha pele sentiria tristeza. Fui atrás do que precisava, achei patrocinador, no começo nem tinham pedido patrocínio. Eu que fui trabalhar atrás disso. Eu achei que situação era confortavelmente boa. Quando tive a notícia ruim ela não encaixou direitinho. Mas, eu vejo sempre os pontos positivos em tudo e rapidamente dei a volta por cima."
Por fim, Rubens acredita que uma decisão sobre o futuro deve aparecer em breve: "Olha eu não acho que tem muito tempo para ficar brincando com a situação. Quero voltar ao Brasil, entender melhor o que pensa toda a minha família, saber como posso lidar com isso. Mas eles sabem que minha vontade é estar atrás de um volante. Não acho que vai demorar para definir o meu futuro."