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Max Verstappen entalado na privada? Bernoldi relembra episódio no auge da 'guerra' com Jos, pai do prodígio

Curitibano foi companheiro do 'patriarca' holandês na equipe Arrows em 2001

Enrique Bernoldi, Johnny Herbert and Jos Verstappen

Piloto brasileiro que correu pela Arrows nas temporadas 2001 e 2002 da Fórmula 1, Enrique Bernoldi foi companheiro de equipe de Jos Verstappen, pai do astro Max Verstappen, e viveu momentos tensos com a família holandesa.

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Em entrevista exclusiva ao Motorsport.com via live de Instagram, o curitibano falou sobre a 'guerra' com Jos e revelou que era encarado por Max: "Acho que o pai dele devia falar mal de mim em casa, então ele ficava me encarando".

Bernoldi deu mais detalhes do clima tenso com os Verstappen e também abordou a relação com Helmut Marko, polêmico consultor da Red Bull que era responsável pelo patrocínio dado ao brasileiro pela empresa. É o que você confere no vídeo imperdível abaixo:

Jos Verstappen

"Era [maluco]. A situação foi mais ou menos assim, imagina: eu entrei na Arrows tendo o [Helmut] Marko por trás [como responsável pelo patrocínio dado a Bernoldi pela Red Bull]. O Marko falou: 'Meu, então vamos falar sério agora. O que você quer?'."

"Falei: 'Quero ser campeão mundial de F1'. Ele: 'Ah, é? Se o Verstappen parar você, você vai embora'. Mensagem clara: se você perder para o Verstappen, acabou. Se o cara quer ser campeão e perder para o Verstappen, não dá...'."

"Então eu queria andar todo treino mais rápido que ele. Eu sempre tive isso: 'Se ele estiver sempre atrás de mim, o subconsciente dele vai se acostumar a estar atrás de mim. E isso que eu quero'. Então eu sempre queria terminar na frente dele no treino."

"E, de algum jeito, isso acontecia. Eu andava sempre mais rápido que ele nos treinos do começo do ano. Teve treino em que eu cheguei a ficar em quinto no geral. Atrás das duas McLaren e das duas Ferrari. Cheguei a ficar em quinto."

"Só que a Arrows estava andando sem peso para tentar conseguir patrocínio. Quando eu cheguei na Austrália (na abertura do campeonato), eu tinha feito vários treinos bons. Mas, quando cheguei na Austrália, saí para andar e não conhecia a pista."

"Na primeira saída, eu falei: 'Ah, vou dar uns 90%'. E comecei a ver meu tempo melhorando. E quando olhei, na quarta volta de cinco, e vi o tempo do [Michael] Schumacher, eu falei: 'Meu Deus... O que que aconteceu? Como que esses caras andam desse jeito?'."

"Porque aí a gente teve que botar o peso no carro. E o carro não era bom em 2001. Nem o motor (Asiatech) e nem o carro. O carro era ruim, o motor era ruim, e o Verstappen não podia perder para um piloto que estava no primeiro ano [de F1]."

"E eu tinha o Marko, não podia perder para o Verstappen. Então a gente já estava na tensão. Na primeira corrida, o Jos falou assim para mim: 'Ah, você é meu segundo companheiro brasileiro (Ricardo Rosset, na Footwork, em 1996). Ganhei dele de 16 a 0 nas classificações'."

"O Marko já olhou com um olho só para mim... Resumindo, a primeira vez em que classifiquei na frente dele foi no Brasil. Daí foram umas seguidas: Brasil, Ímola, Barcelona, Áustria... E aí ele já começou a se perder, a ficar nervoso. E eu comecei a classificar sempre na frente dele."

"E aí teve uma vez em que eu estava em Magny-Cours e, no treino do sábado de manhã, ele foi para o mato, rodou. Quando eu vi que ele estava lá na brita e estavam levando ele embora, já passei [comemorando]. Porque ele é seu companheiro e você quer que o cara se dane."

"Se ele não treinar, é melhor, ele vai acertar menos o carro, e eu: 'Boa! Vamos lá...'. Quando eu parei no box, os caras falaram: 'Desce'. E ele veio no meu carro. Não podia usar o carro reserva no treino. E aí ele andou no meu carro. Eu fiquei sem andar."

"Isso aconteceu duas vezes. Numa vez, estourou o motor, e na outra vez, ele errou. E na próxima vez, em que eu voltava para o carro, era para a classificação. Ele pisava com força (nos freios) e fritava tudo, cozinhava o freio... Então, quando eu entrava no carro, estava tudo meio estranho. E você sair na primeira volta tendo que virar [um bom tempo] não é o ideal. Isso não estava em contrato, mas ele era o 1º piloto, já estava há bastante tempo na F1."

"Ele já tinha feito pódio... Tem uma certa hierarquia, sabe? E a Red Bull não interferiu nisso. Eles sempre falaram: 'Você tem que andar com as tuas pernas. A gente te botou aí e você se vira'. E nas duas vezes que ele pegou meu carro, fui melhor na tomada de tempo que ele."

"Eu cheguei para ele depois e falei: 'Meu, na boa: não pega mais meu carro porque eu viro melhor que você de qualquer jeito'. Eu tava puta e falei para ele. E ele ficou...", seguiu Bernoldi, antes de incluir Max na história.

"O Max era pequenininho, cabelo arrepiadinho, loiro... A Victoria, irmã dele, era bebê de colo. A Sophie, mãe dele, corria de kart. Muito boa e muito gente fina também, simpática. Mas o Jos era um bruto."

"Então, o que acontecia: eu já não falava mais com o Jos. O meu engenheiro do carro era italiano, então várias vezes eu falava italiano. O meu engenheiro de motor era francês e falava italiano. O meu telemetrista era belga e falava italiano. A gente falava muito em italiano para ele não saber o que a gente estava falando. E ele se ligava. Então eu chegava e não falava com ele, mas falava com a Sophie: 'Oi, tudo bem?' Eu fazia isso para provocar."

"Uma vez, antes da corrida, o Max veio no motorhome. O quarto dele era o melhor, o último. No meio, tinha um banheiro. O meu [quarto] era o primeiro e o dele era o último. O Max ficava me encarando. Acho que o pai dele devia falar mal de mim em casa, então ele devia escutar e ficava me encarando. Ele passou e estava com uma bota de plástico. Ele passou por mim, me encarando, e de repente eu comecei a escutar uns barulhos."

"Eu fui olhar, ele tinha pisado dentro da privada e a bota entalou. Com a água correndo. Aquela água azul de motorhome, só de detergente, correndo na bota dele. Eu fui ali, peguei ele e dei para a mãe dele. A bota dele ficou entalada lá [na privada] e a mãe dele foi lá pegar. Então essa é a única história que eu tive com o Max", completou Bernoldi, que teria o alemão Heinz-Harald Frentzen como companheiro na Arrows em 2002, seu segundo e último ano na F1.

Bernoldi, Rosset e cia: relembre todos os pilotos brasileiros da história da Fórmula 1

Chico Landi - de 1951 a 1956 - 6 corridas
Gino Bianco - 1952 - 4 corridas
Hermano da Silva Ramos - 1956 e 1957 - 7 corridas
Fritz d'Orey (#40) - 1959 - 3 corridas
Emerson Fittipaldi - de 1970 a 1980 - 144 corridas, 2 títulos (1972-1974) e 14 vitórias
Wilson Fittipaldi - de 1972 a 1975 - 35 corridas
José Carlos Pace - de 1972 a 1977 - 72 corridas - 1 vitória
Luiz Pereira Bueno - 1973 - 1 corrida
Ingo Hoffmann - 1976 e 1977 - 3 corridas
Alex Dias Ribeiro - de 1976 a 1979 - 10 corridas
Nelson Piquet - de 1978 a 1991 - 204 corridas, 3 títulos (1981, 1983 e 1987), 23 vitórias
Chico Serra - de 1981 a 1983 - 18 corridas
Raul Boesel - de 1982 a 1983 - 23 corridas
Roberto Moreno - de 1982 a 1995 - 42  corridas
Ayrton Senna - de 1984 a 1994 - 3 títulos (1988, 1990 e 1991) 161 corridas, 41 vitórias
Mauricio Gugelmin - de 1988 a 1992 - 74 corridas
Christian Fittipaldi - de 1992 a 1994 - 40 corridas
Rubens Barrichello - de 1993 a 2011 - 324 corridas - 11 vitórias
Pedro Paulo Diniz - de 1995 a 2000 - 98 corridas
Ricardo Rosset - de 1996 a 1998 - 26 corridas
Tarso Marques - de 1996 a 2001 - 24 corridas
Ricardo Zonta - de 1999 a 2005 - 36 corridas
Luciano Burti - 2000 e 2001 - 15 corridas
Enrique Bernoldi - de 2001 a 2002 - 28 corridas
Felipe Massa - de 2002 a 2017 - 269 corridas - 11 vitórias
Cristiano da Matta - 2003 e 2004 - 28 corridas
Antonio Pizzonia - de 2003 a 2005 - 20 corridas
Nelsinho Piquet - 2008 e 2009 - 28 corridas
Bruno Senna - de 2010 a 2012 - 46 corridas
Lucas di Grassi - 2010 - 18 corridas
Felipe Nasr - 2015 e 2016 - 39 corridas
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