Análise

ANÁLISE: Entenda o tamanho do jejum sem vitórias da Mercedes na F1 e o impacto no campeonato

Pela primeira vez desde 2014, a Mercedes completa quatro corridas sem vitórias na categoria

Valtteri Bottas, Mercedes W12

Desde o início da era dos motores híbridos na Fórmula 1, em 2014, a Mercedes nunca havia se encontrado em uma situação como a atual, vivendo um jejum de quatro corridas consecutivas sem vencer e tendo ao lado uma rival tão forte quanto a Red Bull vem provando ser nesta temporada.

Ao longo dos sete primeiros anos da era híbrida, a Mercedes havia passado por sequências de corridas sem vitórias, mas nunca havia passado de três. Isso aconteceu em outras duas ocasiões, em momentos muito distintos para a equipe alemã.

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Primeiro, em 2018, quando Lewis Hamilton e Valtteri Bottas não triunfaram em nenhuma das três corridas que abriram o campeonato: enquanto Sebastian Vettel triunfou nos GPs da Austrália e do Bahrein, Daniel Ricciardo cruzou em primeiro na China.

Antes de 2021, esse era o único ano em que podíamos falar de um desafio para a Mercedes no campeonato. Hamilton e Vettel tiveram uma luta intensa na primeira metade da temporada, mas o britânico deslanchou no segundo semestre, emplacando quatro vitórias consecutivas e garantindo o pentacampeonato no México, a duas corridas do fim.

No ano seguinte, a Ferrari obteve uma impressionante sequência de vitórias na segunda metade do campeonato, com Charles Leclerc vencendo os GPs da Bélgica e da Itália, com Vettel ganhando em Singapura após uma estratégia da equipe que o favoreceu contra o monegasco.

Valtteri Bottas, Mercedes AMG F1, Race winner Charles Leclerc, Ferrari and Lewis Hamilton, Mercedes AMG F1 celebrate on the podium

Valtteri Bottas, Mercedes AMG F1, Race winner Charles Leclerc, Ferrari and Lewis Hamilton, Mercedes AMG F1 celebrate on the podium

Photo by: Andy Hone / Motorsport Images

Já em 2019, a situação era bem mais tranquila para a equipe alemã. Enquanto a Ferrari tinha um bom carro para classificações, com Leclerc fazendo o maior número de poles no ano, a situação em corridas era muito diferente. Quando a equipe de Maranello emplacou a sequência de vitórias, Hamilton já liderava o mundial com folga, abrindo 70 pontos de vantagem para Bottas. Entre os construtores, a diferença passava de 150.

Agora, a Mercedes chega a quatro corridas consecutivas sem vitórias, todas conquistadas pela Red Bull: Max Verstappen venceu os GPs de Mônaco, França e Estíria, enquanto Sergio Pérez triunfou no Azerbaijão.

Mesmo que em 2018 a Mercedes tenha perdido momentaneamente a liderança para a Ferrari no Mundial de Construtores, a situação vivida pela equipe alemã aparenta ser muito diferente. Se naquele ano as duas equipes se mostravam em pé de igualdade, hoje a Red Bull tem uma sequência importante de bons resultados, enquanto a Mercedes parece em busca de respostas que não consegue encontrar na velocidade que gostaria.

Como resultado, vemos uma equipe muito diferente da que tínhamos nos anos anteriores, onde exerceu um forte domínio dentro da Fórmula 1.

Hamilton e Bottas já destacam desde o início do ano que o carro não tem o mesmo poder do ano passado. O W11 é, inquestionavelmente, uma das máquinas mais dominantes da história da categoria, enquanto o W12 parece ter seus altos e baixos, entregando boas performances em algumas pistas, mas sendo irreconhecível em outras.

E o carro não é o único ponto fraco da Mercedes em 2021: ao longo das oito primeiras etapas da temporada, vimos uma equipe que aparenta estar mais fragilizada, suscetível a erros, tanto nas paradas quando nas estratégias, perdendo posições na pista devido a undercut e sem ter como responder no momento em que a Red Bull arrisca algo diferente.

Para piorar, a equipe alemã encontra do outro lado uma Red Bull muito diferente dos anos anteriores, que comete poucos erros de estratégia, que conta com um Verstappen bem mais maduro e que entende o potencial de seu carro e tendo ao lado um Sergio Pérez que pegou o jeito do RB16B em um momento fundamental para a arrancada da equipe no campeonato.

Neste fim de semana, a F1 segue no Red Bull Ring, para o que promete ser mais uma exibição de gala da equipe austríaca, aumentando ainda mais o jejum da Mercedes de vitórias.

Max Verstappen, Red Bull Racing RB16B, crosses the line to win the race

Max Verstappen, Red Bull Racing RB16B, crosses the line to win the race

Photo by: Charles Coates / Motorsport Images

Pela primeira vez em oito anos, a Mercedes se encontra na posição de caçador, tendo que correr atrás do prejuízo para recuperar o terreno perdido para a Red Bull. E isso acontece no pior momento possível, com o regulamento parcialmente congelado, o teto orçamentário e os esforços para o desenvolvimento do carro de 2022, enquanto a rival vai com tudo para garantir seu primeiro título de 2013.

Com esse jejum sem vitórias podendo aumentar para cinco após o final de semana, com a diferença no Mundial para Verstappen e a Red Bull crescendo ainda mais, a Mercedes precisa entender rapidamente qual é o(s) Calcanhar(es) de Aquiles se quiser se manter viva na luta após a pausa de verão da F1.

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Guilherme Longo
Fórmula 1
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