ANÁLISE F1: Veja como a Aston Martin 'turbinou' o sidepod do AMR23

'Equipe sensação' da Fórmula 1 2023, a Aston Martin introduz seu primeiro grande pacote de atualizações no GP do Canadá deste fim de semana. E as novidades de Montreal nada mais são do que um refinamento do conceito com o qual o time se comprometeu no GP da Espanha de 2022.

A partir da etapa de Barcelona do ano passado, a escuderia de Silverstone 'revolucionou' o 'estilo' de seu carro, inspirando-se no sidepod da Red Bull, tendência que culminou no modelo britânico deste ano, o AMR23 tão elogiado pelo espanhol Fernando Alonso, recém-chegado à Aston Martin.

Da etapa catalã do ano passado em diante, a equipe se recuperou de um péssimo começo de temporada 2022 e terminou no sétimo lugar do campeonato de construtores. Uma posição ainda 'ruim', mas que permitiu ao time uma vantagem para 2023 frente a Ferrari, Mercedes e Red Bull.

Em função das regras da F1, escuderias com piores colocações em um ano têm mais tempo de túnel de vento e CFD (túnel de vento virtual) no ano seguinte, de modo que, até 1º de julho de 2023, quando as referências são 'resetadas' conforme a classificação atual dos times, a Aston leva a melhor.

Voltando à inspiração no sidepod de downwash da Red Bull, o fato de a Aston ter se comprometido tão cedo com essa 'rota' também deu a ela uma vantagem sobre construtores rivais, permitindo que ela reorganizasse componentes como radiadores e outros auxiliares da unidade de potência, que, de outra forma, poderiam comprometer os ganhos aerodinâmicos decorrentes da adoção do sidepod de downwash -- no caso da Aston, o design ficou conhecido como 'slidepod', como explicamos aqui.

Tendo 'recebido' influência significativa da Red Bull, ficou claro que a Aston Martin também estava de olho na Alpine, já que, quando o AMR23 deste ano surgiu, viu-se que a equipe inglesa seguiu a ideia 'estilo toboágua' que sua rival francesa adotou em 2022 -- também conforme link acima.

Aston Martin AMR23 floor

Photo by: Giorgio Piola

Voltando ao pacote da Aston para o GP do Canadá de 2023, trata-se de uma otimização do mesmo conceito. Seu 'DNA' é mantido, mas o sidepod é consideravelmente modificado a fim de gerar mais pressão aerodinâmica. 

Num esforço para melhorar o fluxo ao redor do sidepod e também melhorar a interação do ar com o assoalho, agora há um 'rebaixo' muito mais profundo abaixo da entrada da peça lateral, com a parte central do carro muito mais em função das linhas auxiliares que vão para 'dentro' do monoposto.

O flanco e a seção traseira também foram modificados para aproveitar todas as alterações, enquanto a maior mudança parece estar na posição e no formato do 'toboágua' na parte de cima do sidepod, conforme se vê especialmente abaixo -- na especificação anterior, o 'buraco' era bem mais suave.

Aston Martin AMR23 engine cover

Photo by: Giorgio Piola

Como é possível observar, o canal agora está recuado e é mais estreito. Além disso, parece haver um declínio mais acentuado na parte inferior. O estreitamento também resulta em uma seção posterior mais larga, uma característica que vimos desenvolvida pela Alpine e, mais recentemente, pela Ferrari.

A parte externa do assoalho também foi alterada, com a seção serrilhada da extremidade movida mais para frente para permitir a adição de um 'degrau semicircular' antes da fusão com a protuberância inferior.

Enquanto isso, na parte traseira do carro, também há mudanças na tampa do motor, com uma saída estilo 'caixa de correio' agora presente na coluna, enquanto a barbatana de tubarão foi aparada para se adequar às novidades. Na versão atualizada do AMR23, ela fica 'pendurada' acima da carroceria.

E, embora a Aston tenha declaradamente focado em alcançar a Red Bull à frente, ela também deve estar atenta à Mercedes e à Ferrari, que fizeram mudanças conceituais em larga escala em seus sidepods e assoalhos nas corridas recentes. No caso da marca alemã, com muito mais sucesso...

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