ANÁLISE: Sainz tem trajetória similar a de seu ídolo Alonso, mas chega à Ferrari em condições diferentes
Os dois espanhóis passaram pelas mesmas equipes antes de assinar com a Ferrari, mas Sainz chega à equipe italiana em outro momento da carreira
Desde que começou no automobilismo, Carlos Sainz sempre deixou claro que, apesar de ter seu pai como exemplo, seu grande ídolo no esporte era Fernando Alonso. E agora que se tornou piloto da Ferrari na Fórmula 1, os paralelos da trajetória de ambos os espanhóis ficam ainda mais notáveis
O caminho dos dois pilotos até a chegada na Ferrari tem uma característica muito similar: ambos defenderam as mesmas equipes.
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Fernando Alonso chegou na F1 em 2001, defendendo a pequena Minardi, onde ficou por apenas uma temporada. Anos depois, a operação da Minardi foi comprada pela Red Bull, dando origem à Toro Rosso, equipe pela qual Sainz fez sua estreia na F1 em 2015, ficando na equipe italiana por dois anos e meio.
Após a saída da Minardi, no final de 2001, Alonso assinou com a Renault, inicialmente como piloto de testes, mas, em 2003, assumiu uma das vagas da equipe, correndo ao lado de Jarno Trulli. Depois de uma primeira temporada sem pontuar, Alonso chegou ao seu primeiro pódio já na segunda etapa da temporada, na Malásia, e repetiu o resultado duas semanas depois, no Brasil. Naquela temporada ainda, venceu seu primeiro GP, na Hungria.
GALERIA: Relembre todos os carros da carreira de Fernando Alonso na F1
Foi na Renault que Alonso viveu seus melhores anos na F1, culminando com seus dois títulos mundiais em 2005 e 2006, vencidos após grande disputa com o heptacampeão Michael Schumacher. Foram 15 vitórias conquistadas ao longo dos quatro anos que ficou com a equipe, antes de seu retorno anos depois.
A passagem de Sainz da Toro Rosso para a Renault foi um pouco mais conturbada: aconteceu na reta final da temporada de 2017, com quatro provas para o fim. Sua estreia foi no GP dos Estados Unidos, substituindo Jolyon Palmer, dispensado pela equipe. Mas a Renault de Sainz era muito diferente da época de Alonso.
O piloto ficou na equipe até o final da temporada seguinte, e teve como melhor resultado um quinto lugar no GP do Azerbaijão, sendo que já havia conquistado um quarto lugar com a Toro Rosso no GP de Singapura de 2017.
No final de 2006, Alonso chocou o paddock da F1 ao anunciar sua ida para a McLaren, tendo como companheiro de equipe um então desconhecido Lewis Hamilton, mas que deixou uma impressão no espanhol.
Alonso ficou apenas um ano com a McLaren em sua primeira passagem, mas foi uma temporada marcada por uma intensa disputa interna com Hamilton, que terminou dando a Kimi Raikkonen a chance de surpreender os dois pilotos e conquistar o título daquele ano.
A chegada de Sainz à McLaren em 2019 está, inclusive, diretamente ligada à Fernando Alonso. Ainda em 2018, a Renault anunciou sua dupla para o ano seguinte, com Daniel Ricciardo e Nico Hulkenberg, deixando Sainz sem uma vaga na equipe.
Com sorte, sua busca durou pouco. Alonso anunciou sua aposentadoria da F1, deixando uma vaga na McLaren livre para correr ao lado do novato Lando Norris. A equipe britânica aproveitou a oportunidade e garantiu Sainz para o ano seguinte.
Foi na McLaren que Sainz teve sua melhor fase na F1 até o momento. Em fase de reconstrução, Sainz foi essencial na campanha da equipe, que terminou em quarto no mundial de construtores, ganhando o título simbólico de melhor do pelotão do meio.
Sua melhor corrida veio no final do ano passado, no GP do Brasil, onde fez uma grande prova de recuperação, largando de último para terminar em quarto, e conquistando seu primeiro pódio na F1 após o fim da prova, devido à punição de Lewis Hamilton.
Antes de assinar com a Ferrari para a temporada de 2010, Alonso ainda voltou à Renault em 2008 e 2009, onde teve uma passagem menos expressiva, reflexo de um carro que não era o mesmo da época de seus títulos. Em duas temporadas, foram apenas duas vitórias (incluindo a polêmica vitória em Singapura em 2008) e outros dois pódios.
Alonso chegou à Ferrari tendo visivelmente o status de piloto principal, apesar de ter ao seu lado o brasileiro Felipe Massa, que já estava com a equipe desde 2006 e que havia chegado próximo do título em 2008. Mas o brasileiro estava em um momento de volta ao campeonato, após o acidente sofrido no GP da Hungria no ano anterior, que o tirou do resto da temporada. A falta de resultados no início ajudou a consolidar a posição de Alonso.
Agora, Sainz chega à Ferrari em uma situação bastante diferente da vista com Alonso. O mais novo piloto da equipe italiana terá ao seu lado outro jovem, mas que já está consolidado na equipe e tem o apoio da direção, da torcida e da imprensa do país: Charles Leclerc.
O desafio de Sainz será grande. Além de ter Leclerc ao seu lado, ele chegará em um momento muito importante para a Ferrari, com a equipe tentando voltar à forma, em busca de vitórias e de se colocar como postulante ao título frente à Mercedes. A aposta da equipe é alta, mas, se vai dar certo ou não, e se os paralelos com Alonso continuarão, só saberemos a partir do ano que vem.
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