Análise
Fórmula 1 GP da Estíria

Análise técnica: as atualizações de Ferrari, Red Bull, McLaren e Williams apresentadas no GP da Estíria de F1

Giorgio Piola e Matt Somerfield mostram as principais novidades que três das equipes do grid apresentaram para o segundo GP de 2020

McLaren MCL35 chassis front

Análise técnica de Giorgio Piola

Análise técnica de Giorgio Piola

A contínua guerra de desenvolvimento da Fórmula 1 é um dos grandes atrativos da categoria ao longo de sua história. E ela esteve presente novamente neste final de semana, no GP da Estíria, segunda etapa da temporada de 2020.

O segundo GP trouxe mais novidades entre as equipes, que buscam recuperar o tempo perdido durante a paralisação. Várias tiveram novas peças visando não apenas para melhorar a performance mas também em preparação para o GP da Hungria e as próximas etapas.

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Ferrari

A Scuderia começou bem atrás de suas principais rivais, e a sequência de vitórias entre os GPs da Bélgica e de Singapura do ano passado parecendo mais uma memória distância.

As sanções recebidas acerca de seu motor da temporada passada a atingiu em cheio, mas há também a impressão de que a equipe seguiu também um caminho errado em termos de aerodinâmica.

A equipe adiantou algumas das atualizações marcadas inicialmente para o GP da Hungria, como parte de um esforço para reverter a performance ruim no GP da Áustria e tentar entender onde que errou.

O pacote inclui uma novas asa dianteira e assoalho, que parecem modificar as superfícies aerodinâmicas para lidar com a turbulência criada pelos pneus.

Ferrari SF1000 front wing, Styrian GP

Ferrari SF1000 front wing, Styrian GP

Photo by: Giorgio Piola

As alterações feitas na asa dianteira incluem uma nova base para os pés, em um retorno da equipe a um design mais arqueado, em vez da versão plana que vinha sendo usada há algum tempo. Várias alterações foram feitas nas abas superiores, com a seção mais externa agora unida à placa final em um ponto inferior, e a forma geométrica interna também foi alterada.


Ferrari SF1000 floor comparison, Styrian GP

Ferrari SF1000 floor comparison, Styrian GP

Photo by: Giorgio Piola

As equipes têm usado dos furos na borda do assoalho como um meio de controlar a turbulência criada pelo pneu dianteiro, limitando o quanto é ingerido, criando estruturas de fluxo que "selam" a borda do assoalho. Já a Ferrari havia decidido usar três orifícios longitudinais totalmente fechamos à frente de quatro orifícios angulares, bem na frente do pneu traseiro.

O novo design reduz esses orifícios longitudinais, favorecendo mais orifícios angulados com 45 graus cada à frente do pneu traseiro. Esses orifícios ajudam a limitar os efeitos do esguicho do pneu no difusor, com o fluxo de ar passando a ser empurrado lateralmente no caminho do difusor, e podem prejudicar o desempenho, se não for verificado.

A aba horizontal montada pela Ferrari acima do assoalho também foi alterada, com um perfil mais torcido, colocado onde se conecta à linha reta vertical, com o objetivo de ampliar seu efeito. Essas mudanças sugerem que a Ferrari acabou indo longe demais em sua busca para controlar a esteira dos pneus dianteiros, o que resultou em uma perda de desempenho e estabilidade na traseira do carro.


Red Bull

Red Bull Racing RB16 rear wing endplate comparison

Red Bull Racing RB16 rear wing endplate comparison

Photo by: Giorgio Piola

A Red Bull tinha uma nova asa traseira disponível para o GP da Estíria que, não era apenas significativamente mais complexa que sua antecessora (sendo que esta última era muito similar à da RB15, de 2019), mas também apresentava vários recursos distintos já vistos em outros lugares do grid.


Haas F1 Team VF-19 rear wing detail

Haas F1 Team VF-19 rear wing detail

Photo by: Giorgio Piola

Mercedes AMG F1 W10 rear wing detail

Mercedes AMG F1 W10 rear wing detail

Photo by: Giorgio Piola

A Haas (acima à esquerda) e a Mercedes (à direita), introduziram novidades no GP da Alemanha de 2019. A Haas com suas palhetas com formas sinuosas e a Mercedes com seu corte serrado na parte superior traseira. Ambos foram introduzidos no pacote da RB16.


Toro Rosso STR14 rear wing detail

Toro Rosso STR14 rear wing detail

Photo by: Giorgio Piola

Alfa Romeo Racing C38 rear wing detail

Alfa Romeo Racing C38 rear wing detail

Photo by: Giorgio Piola

Esse conceito de design foi visto pela primeira vez em seu irmão, o STR14 (acima à esquerda) e, posteriormente, na Alfa Romeo.

Os projetistas dobraram o canto superior dianteiro da placa final para influenciar o fluxo de ar de uma maneira diferente e, assim como as palhetas suspensas sinuosas, os entalhes traseiros serrilhados e as novas formas de lavagem que foram adicionadas, tudo isso é usado para alterar a força da ponta do vórtice e a taxa geral de arrasto para downforce da asa.


Red Bull RB16 rear wing detail

Red Bull RB16 rear wing detail

Photo by: Andy Hone / Motorsport Images

Parece que a Red Bull tem que trabalhar na integridade estrutural do novo design da suspensão dianteira, já que os dois pilotos terminaram a corrida sem eles e provavelmente sofrendo de um desequilíbrio devido a isso. Parece que a equipe não estava convencida pelas atualizações introduzidas na primeira corrida da Áustria, porque nenhum piloto correu com os novos bico ou assoalho (abaixo).

Red Bull Racing RB16 front wing Austrian GP

Red Bull Racing RB16 front wing Austrian GP

Photo by: Giorgio Piola

Red Bull Racing RB16 floor

Red Bull Racing RB16 floor

Photo by: Giorgio Piola


McLaren

McLaren MCL35 chassis front

McLaren MCL35 chassis front

Photo by: Giorgio Piola

A McLaren continua impressionando, com o MCL35 provando ser ainda mais prático do que a equipe imaginava, em comparação com os concorrentes. Esta ilustração acima destaca uma solução inovadora, pois a equipe usa um spoiler em formato triangular similar a um queixo sob o chassi que, sem dúvidas, ajuda a guiar o fluxo de ar em direção ao alvo pretendido.


McLaren MCL35 floor detail

McLaren MCL35 floor detail

Photo by: Giorgio Piola

McLaren MCL35 engine cover detail

McLaren MCL35 engine cover detail

Photo by: Mark Sutton

A equipe também usou parte dos treinos livres da segunda corrida na Áustria para testar algumas peças experimentais e soluções de refrigeração que serão usadas na Hungria. A imagem (acima à esquerda) mostra a nova solução de assoalho testada pela McLaren, que é semelhante à da Ferrari, com uma aba montada acima do assoalho, à frente do pneu traseiro, que se conecta à esteira vertical do assoalho.

Com a expectativa de que as temperaturas afetem o desempenho na Hungria, a equipe avaliou uma solução que vimos em anos anteriores, na qual uma aba é colocada na borda da saída de resfriamento, para agir como uma aba Gurney para extrair calor da saída abaixo.


Williams

Outra equipe que impressionou no sábado com a pista molhada foi a Williams, com uma coleção de partes menores usadas no FW43 visando uma melhoria de performance. Apesar de não ter ido tão bem na corrida, os sinais são encorajadores, e mostram que a equipe está começando a contornar a má fase.

Williams FW43 bracket detail

Williams FW43 bracket detail

Photo by: Giorgio Piola

Testado durante os treinos livres para o GP da Áustria, a equipe avaliou novamente uma nova extensão vertical da suspensão, mais fina, buscando obter ganhos aerodinâmicos sem perder integridade estrutural.


George Russell, Williams FW43 downwash fin & T-Wing detail

George Russell, Williams FW43 downwash fin & T-Wing detail

Photo by: Andy Hone / Motorsport Images

Ambos os pilotos tinham novas asas T à disposição (seta azul), com uma placa final estendida, que foi empregada para influenciar o fluxo de ar circundante, algo que a variante em forma de loop vista anteriormente não apresentava.

Na frente do carro, uma nova aleta do chassi pode ser encontrada no lado direito do FW43 de George Russell (seta vermelha), que é um recurso assimétrico interessante, pois eles têm um intercooler de ar para ar em um lado do carro e um radiador normal do outro.

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