Análise técnica: volante é segredo da Ferrari nas largadas
As excelentes largadas de Sebastian Vettel e Kimi Räikkönen no GP da Austrália foram essenciais para que eles entrassem na briga pela vitória; sucesso ao apagar das luzes vermelhas pode estar ligado a uma abordagem única em relação aos novos procedimentos de largada, como mostra Giorgio Piola
Embora o resultado final do GP da Austrália tenha sido a dobradinha da Mercedes - com Nico Rosberg à frente de Lewis Hamilton - e que as 'flechas de prata' tenham largado da primeira fila, o que chamou mesmo a atenção de todos foi a excelente largada de Sebastian Vettel, que pulou para o primeiro lugar antes da primeira curva, mesmo partindo da terceira posição - Kimi Räikkönen também foi bem, saindo de quarto para segundo.
"A largada foi fantástica. Devo dizer que nossos pilotos largaram como foguetes. Depois, conseguimos sustentar uma boa vantagem, o que foi bom para nós", disse Maurizio Arrivabene, chefe da Ferrari.
Boas largadas dos carros do time italiano não são nenhuma novidade - basta relembrar o GP da Hungria do ano passado - mas Giorgio Piola, em novos desenhos feitos com exclusividade para o Motosport.com, revela que a equipe de Maranello tem trabalhado para elevar ainda mais o nível das largadas, assegurando-se de observar cada detalhe neste sentido.
Trabalho na pré-temporada
Nos primeiros momentos dos testes de pré-temporada, as rivais já estavam ciente da capacidade que a Ferrari demonstrava em largadas, como observou Christian Horner, chefe da Red Bull. "Vimos nos testes de pré-temporada que as largadas deles eram realmente boas", disse.
Antes do GP da Austrália, surgiram rumores que reforçaram a ideia de que a Ferrari tinha consciência do potencial nas largadas. A decisão de não fazer uma segunda tentativa no Q3 foi motivada, aparentemente, pelo desejo de guardar um jogo de pneus supermacios para a corrida.
Entretanto, outra hipótese foi levantada: a de que, ao saber da força que tinha nas largadas, o time ficou satisfeito com a segunda fila, acreditando que tal resultado seria suficiente para terminar a primeira volta na liderança.
Apenas uma 'borboleta' de embreagem
Conforme pode ser visto acima no desenho feito por Piola, a comparação entre os volantes da Ferrari de 2015 e da 2016 mostra que a Ferrari foi a equipe mais agressiva nas mudanças da configuração da embreagem para esta temporada.
De acordo com as novas regras, os pilotos só podem utilizar uma das mãos na embreagem para a largada - mesmo que os volantes tenham duas 'borboletas' para acionamento da embreagem para o caso de uma delas não funcionar.
A Ferrari, no entanto, optou por algo totalmente distinto se comparado às rivais, abandonando as borboletas duplas (indicadas pelas setas vermelhas no volante de 2015, à esquerda). No lugar, a equipe colocou uma borboleta longa, que se estende por praticamente toda a parte traseira inferior do volante (ver imagem do volante à direita na ilustração acima).
Investir em uma mudança desta amplitude trouxe dividendos para o time de Maranello. As razões exatas da mudança não são certas, mas a novidade deve permitir aos pilotos da equipe maior sensibilidade para encontrar o ponto ideal da embreagem e, desta forma, largar da maneira mais eficiente possível.
Some-se a isso a já conhecida agressividade da Ferrari no mapeamento do motor nas largadas e tal combinação pode colocar a equipe italiana bem à frente dos adversários neste aspecto.
Mantendo a vantagem
Será interessante ver se a Ferrari repetirá a largada de Melbourne em Sakhir, já que as adversárias estão analisando em detalhes o que aconteceu na Austrália - especialmente a Mercedes, que partiu da primeira fila e foi superada pelos carros da equipe italiana no curto caminho até a primeira curva do circuito montado no Albert Park.
Mais cedo nesta semana, o diretor-executivo da Mercedes, Paddy Lowe, revelou ao Motorsport.com que não há apenas uma explicação para que tanto Rosberg como Hamilton não tenham sido páreo para a Ferrari na largada.
"Não foi apenas um desastre que temos que parar e analisar. Creio que tenha sido uma combinação de fatores que culminou em uma largada ruim. O objetivo da mudança no regulamento - ou reinterpretação, na verdade - é tornar as largadas mais imprevisíveis. Foi o que vimos na corrida. Isso foi algo que foi levado em consideração", completou.
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