Bastidores: veja como a F1 fez 'milagre' para GP do Japão acontecer
Andrew James, diretor técnico do centro de transmissões da F1, explicou o trabalho de preservação dos equipamentos em Suzuka
Para muitos fãs e telespectadores da Fórmula 1, o maior inconveniente que o supertufão Hagibis impôs no GP do Japão foi ter que acompanhar a classificação e a corrida no mesmo dia, com algumas horas de intervalo. Em Suzuka, porém, o impacto foi muito maior. A F1 teve que realizar quase um milagre para garantir que o evento fosse transmitido.
Ficou claro na preparação para o fim de semana da corrida que o Hagibis iria atrapalhar o GP em algum momento, embora não se soubesse como e por quanto tempo. À medida que a situação se desenvolvia, tornou-se cada vez mais óbvio que havia um risco sem precedentes de ventos fortes e inundações. Isso significava que o impacto iria além das ações na pista: o próprio centro de transmissão da F1 estava na linha de tiro.
Embora a estrutura que viaja ao redor do mundo proteja os sistemas das intempéries que a maioria dos locais podem oferecer, suportar tufões não é algo planejado. E esse foi um grande problema, porque o Centro de Mídia e Tecnologia, como é oficialmente conhecido, é o centro nervoso de um fim de semana de F1.
Sem ele, não há imagens de televisão sendo transmitidas ao redor do mundo, e provavelmente não há corrida, porque muitos dos sistemas são essenciais para a realização de um GP. A F1 não poderia se arriscar.
Andrew James, diretor técnico do centro, disse: "Se não há TV, não há muito sentido em ter a corrida. Mas [o centro de transmissão] é responsável por muitas outras coisas também. Nós fazemos a largada e a detecção de velocidade nos pits, as câmeras onboard, marcação de tempos etc. Tudo isso teria sido comprometido.”
No final da quinta-feira, a F1 enfrentava um cenário em que o centro de transmissão correria riscos, precisando armazenar todos os equipamentos em algum lugar seguro e depois montá-lo novamente depois que a ameaça passasse.
Mas as coisas mudaram para pior na manhã de sexta-feira, quando a última reunião com os responsáveis da pista deixou claro que o momento do tufão significava que provavelmente não haveria um período de tempo suficiente para que o centro de transmissão fosse reconstruído. James disse: “Tivemos uma reunião com o circuito às 8h e ficou muito claro para mim que não teríamos tempo de fazer uma reconstrução.”
“E sabia que tínhamos que nos proteger das intempéries, então a única maneira de fazer isso era arrumar um teto seguro. Tive que colocar tudo em uma garagem. Sabia que poderíamos não conseguir, então tivemos que encontrar uma maneira de fazer isso acontecer.” James enviou um e-mail esclarecendo a seriedade da situação, e deu início a uma incrível sequência de eventos, enquanto ele e sua equipe trabalhavam com o circuito e a FIA para resolver as coisas.
Sua tarefa era encontrar um local para toda a operação de TV da F1, que inclui 11 contêineres de equipamentos e posições para 70 pessoas. Você está falando de 80 toneladas de equipamento no total.
A solução foi mover o equipamento que normalmente está alojado na estrutura de transmissão para um lugar mais sólido - e o lugar mais óbvio na pista era uma garagem. Inicialmente, parecia não haver lugar livre, mas com um pouco de criatividade, algum espaço foi encontrado. "Tivemos a ajuda da FIA", acrescentou James. “Eles limparam a garagem e mudamos nossa oficina de câmeras. O circuito nos ajudou a diminuir a divisão entre duas garagens.”
Com o local definido, a tarefa hercúlea de mover o equipamento começou. Normalmente, a F1 leva um dia e meio para montar todo o equipamento no centro de transmissão e depois mais cinco ou seis horas para desmontá-lo. Essas eram escalas de tempo que não eram uma opção desta vez.
"Começamos a retirar tudo das 16h na sexta-feira e estava tudo no deck", explicou James. “Tínhamos uma equipe fantástica de pessoas e todo mundo sabia o que estava fazendo. Nós desmontamos em cerca de duas horas e meia. Então tivemos que mudar para a garagem. E quando o tiramos até ligarmos na garagem, foram oito horas e meia - o que era inacreditável. As pessoas sabiam exatamente o que precisavam fazer.”
“Era a F1 em sua melhor face. Quando enfrentamos isso, todo mundo se juntou para fazer acontecer”. Originalmente esperava terminar tudo às 10 horas da manhã de sábado e o trabalho foi concluído às 3h30, e isso incluiu a montagem de alguns aparelhos de ar-condicionado improvisados para garantir que as temperaturas dentro da garagem não ficassem muito quentes.
Quando a F1 soube no início da manhã de sábado que tudo estava funcionando, os sistemas foram desligados e a garagem selada para que o Hagibis pudesse chegar. Às 5h do domingo, a equipe voltou a ligar os sistemas, passou pelos procedimentos de verificação às 8h e estavam todos prontos para o início da classificação às 10h. A prova do sucesso da batalha da F1 contra o tempo e foi que os fãs em casa não notaram nada de diferente.
E para James, a velocidade do que sua equipe fez em Suzuka mostrou o que era possível, mas isso não é algo que ele gostaria de repetir. "Eu disse isso ao Chase [Carey, CEO da F1] na manhã da corrida", sorriu James. "Ele disse: 'Muito bem'. Eu disse: 'Por favor, não espere que façamos isso em todas as corridas!'"
Confira as imagens do 'milagre' da F1 no GP do Japão
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