Análise

F1: Entenda como corridas classificatórias devem impactar estratégias das equipes nos fins de semana

Testes do novo formato devem mostrar uma versão diferente da guerra de pneus na F1 devido às mudanças no regulamento

George Russell, Williams FW43B, Mick Schumacher, Haas VF-21, Kimi Raikkonen, Alfa Romeo Racing C41, and Lewis Hamilton, Mercedes W12

A aprovação das corridas classificatórias em etapas selecionados da Fórmula 1 neste ano já começa a levantar grandes debates sobre o impacto que elas terão no próprio GP.

O esporte sempre foi desenvolvido em torno da criação de um clímax na tarde de domingo, e as regras foram feitas para garantir que haja espaço suficiente para mexer as coisas sem tornar tudo uma loteria.

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Essa é uma das razões pela qual a F1 operou por muitos anos com regras sobre quais pneus os pilotos são obrigados a largar. Com o top 10 saindo com o composto da volta mais rápida do Q2 e os demais tendo uma escolha livre, sempre houve um elemento de estratégia desenvolvido ao longo de dois dias.

Aos sábados, sempre houve um elemento imprevisível: os pilotos podendo ser eliminados ainda no Q2 ao tentar passar para o Q3 com compostos mais duros, que são melhores para a corrida.

Enquanto isso, nos domingos, sempre tivemos uma mistura decente de estratégias pelo grid, especialmente entre o top 10. Vários pilotos que passaram para o Q3 são forçados a largar com os pneus macios, que podem não ser os melhores, enquanto os que saem de 11º para baixo se encontram em posição melhor.

Mas toda essa imprevisibilidade dos pneus mudará com a chegada das corridas classificatórias, com o novo formato significando que as regras de pneus serão revisadas para acomodar as mudanças.

Em termos básicos, não haverá mais uma obrigatoriedade aos pilotos do top 10 de largar com o mesmo pneu do Q2, mas isso significa o fim da emoção das estratégias aos domingos? Talvez não.

Pirelli tyres on the Ferrari SF21

Pirelli tyres on the Ferrari SF21

Photo by: Glenn Dunbar / Motorsport Images

Como o novo regulamento funciona?

Enquanto ainda existe espaço para que o regulamento de pneus seja alterado nas próximas semanas, as delimitações básicas de como funcionará um final de semana de corrida classificatória já são conhecidas.

Para os três eventos, os pilotos receberão um jogo a menos de pneus, 12 em vez de 13, em comparação ao que é feito hoje. Estes serão divididos em seis macios, quatro médios e dois duros.

No TL1 de sexta, os pilotos devem usar dois jogos de pneus, de qualquer composto, e devolver um à Pirelli após o fim da sessão. Para a classificação da tarde de sexta, apenas os macios serão utilizados, limitado a cinco jogos. Porém, que passar ao Q3 precisa guardar um macio para a disputa da pole.

Já o TL2 do sábado de manhã terá uma escolha livre para os pilotos, mas já mantendo em mente a possibilidade de guardar os compostos ideais para a corrida.

As corridas classificatórias também terão escolha livre de pneus, mas a possibilidade mais alta é de que os pilotos escolham os compostos mais macios, mesmo que isso signifique um pouco de gerenciamento ao final. 

Após a corrida, as equipes devolverão à Pirelli o conjunto de pneus que deu o maior número de voltas no dia.

Para o domingo, os pilotos terão liberdade de escolha sobre os pneus com os quais largarão, mas a regra que exige a utilização de dois compostos distintos, obrigando a realização de pelo menos uma parada, segue em vigor.

Max Verstappen, Red Bull Racing RB16B, leaves his pit box after a stop

Max Verstappen, Red Bull Racing RB16B, leaves his pit box after a stop

Photo by: Glenn Dunbar / Motorsport Images

Qual será o impacto disso?

Olhando para o regulamento, as implicações são uma possível relutância pela utilização dos pneus macios nos treinos livres da sexta, com as equipes preferindo gastar apenas os compostos médios e duros.

Com seis macios disponíveis para todo o final de semana e os pilotos cientes que cinco destes são necessários para a classificação e um para a corrida classificatória, ninguém vai querer gastar um jogo nos treinos livres.

Isso significa que os pilotos podem chegar à classificação sem ter feito nenhum tipo de volta com os jogos macios. Porém, se os pilotos estão confiantes de que podem passar pela sessão sem usar os cinco jogos (o pessoal da ponta pode precisar de apenas uma saída no Q1 / Q2 e até duas no Q3), podemos ver a tentativa de usar um nos treinos livres.

Os pilotos que são capazes de não gastar jogos extras na classificação terão também uma vantagem para o resto do fim de semana, com conjuntos novos para a corrida classificatória e o GP no domingo.

Igualmente, quem for eliminado no Q2 e não gastou um jogo extra no Q3 terá uma escolha a mais para o domingo.

Se um piloto acabar usando os cinco jogos na classificação, ele precisará usar um outro conjunto na classificatória do sábado e poderá ter que devolver ao final, ficando apenas com opções de médios e duros para a corrida.

Para aqueles GPs onde a escolha do pneu macio é evitada aos domingos, isso não será um problema, mas pode ser um fator determinante em eventos onde os pilotos preferem evitar ao máximo os duros.

Olhando às opções para o domingo, a tendência é que tenhamos diversas escolhas de pneus na largada como já temos agora. Uma escolha livre (como vimos agora em Ímola) não significa que automaticamente todos seguirão o mesmo caminho.

E as equipes podem potencialmente ficarem comprometidas em relação ao que querem fazer por terem que se comprometer ao ajuste do carro dentro das novas regras de parque fechado da sexta. Por outro lado, as escolhas para o domingo serão baseadas no julgamento a partir do que foi visto na corrida do sábado.

Frequentemente as equipes descobrem que os pneus funcionam muito melhor nas tardes de domingo do que as previsões da sexta apontavam, então será fascinante ver como elas se adaptarão ao banco de dados flutuante que elas terão com uma "verdadeira simulação de corrida" na tarde de sábado.

Enquanto as regras das corridas classificatórias eliminaram opções de estratégia por um lado, ao não forçar os pilotos do Q3 a largarem com um pneu pré-determinado, eles podem ter nos entregado mais na outra mão, com as opções dos pilotos sendo ditadas pelo modo como eles lidaram com o final de semana.

E as coisas ficam ainda mais complicadas se a classificação ou a corrida classificatória forem afetadas pela chuva. No final, o verdadeiro julgamento do sucesso só pode ser feito quando tivermos passado por um final de semana completo sob o novo formato. E, para isso, precisamos esperar até o GP da Grã-Bretanha.

F1 - CORRIDAS aos SÁBADOS: Todos os DETALHES, como será, incógnita sobre BRASIL e IMPACTO em equipes

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Jonathan Noble
Fórmula 1
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