F1: Ferrari resolve problema de confiabilidade no motor que afetou equipe em 2022; saiba mais

Performance mais agressiva em Abu Dhabi deixa boa impressão para 2023

Charles Leclerc, Ferrari F1-75

O rendimento desigual da Ferrari nas últimas corridas da temporada 2022 da Fórmula 1, indo desde o sofrimento do México até a luta contra a Red Bull em Abu Dhabi, mostram o quão crítico é a performance do motor.

Haviam dois fatores em jogo: o primeiro é o ajuste da unidade de potência, e especialmente o tamanho do turbo, pouco ideal para as corridas em alta altitude, como México e Brasil. Mas, para além disso, tivemos a confirmação de Mattia Binotto após o último GP que a equipe teve que reduzir a performance do motor nas últimas provas do ano devido à preocupações com confiabilidade.

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Algumas falhas espetaculares e custosas no início da campanha (Charles Leclerc na Espanha e no Azerbaijão e o incêndio de Carlos Sainz na Áustria) forçaram a equipe a reduzir um pouco as coisas enquanto buscava uma solução.

"Tivemos que reduzir levemente a potência", disse Binotto em Abu Dhabi. "Sim, tivemos que fazer isso".

Mas, desde então, surgiu a informação de que a Ferrari pôde voltar a ser agressiva em Abu Dhabi com o 066/7, com a equipe acreditando ter encontrado a solução para esses problemas de confiabilidade. Segundo fontes, o elo fraco na unidade de potência era a vela de ignição na pré-câmara.

Essa foi a evolução mais recente do sistema de combustão TJI (Ignição a Jato Turbulenta) que a Mahle disponibilizou para a Ferrari em 2016, e que permitiu à equipe diminuir a diferença de potência para a Mercedes nos anos seguintes.

Nos seis anos desde então, grandes evoluções foram feitas no desenvolvimento de um sistema que foi otimizado para a mais recente geração de motores, homologados e congelados até o fim de 2025.

O sistema TJI inclui a vela de ignição e o injetor de combustível. Ambos estão alocados em um poço na cabeça do cilindro, e ambos os elementos trabalham juntos para maximizar a potência.

Apenas 2 a 3% do combustível é injetado na câmara pré-combustão, com o resto sendo espalhado pela superfície do pistão. A mistura ali dentro é particularmente rica, com o agente de combustão na câmara sendo mais leve, com mais ar do que combustível.

Enrico Gualtieri, Head of Power Unit Area, Ferrari, Carlos Sainz, Ferrari F1-75

Enrico Gualtieri, Head of Power Unit Area, Ferrari, Carlos Sainz, Ferrari F1-75

Photo by: Ferrari

A ignição da vela reage com essa mistura bem rica na câmara, e causa a criação de jatos de plasma, que passam pelos buracos abertos. Graças a uma pressão muito alta, essa mistura entra em ignição sozinha em vários pontos da câmara com uma chama se espalhando por todo o volume do cilindro.

O sistema torna possível a redução do tempo de combustão, que traz duas vantagens. Primeiro, essa mistura mais leve na câmara faz com que os efeitos danosos da detonação ficam reduzidos, permitindo um aumento da taxa de compressão para mais performance.

Segundo, com as equipes ainda tendo limitação na quantidade de combustível usada em uma corrida (atualmente 100kg), para a mesma quantidade de combustível injetado, é obtido uma eficiência termal maior, o que equivale a mais potência.

A Ferrari forçou o desenvolvimento para explicar a pressão máxima do sistema de injeção, que atinge 500 bar, o permitido pelo regulamento, mirando cinco descargas para cada ciclo do motor. Mas esse conceito extremo levou a um aumento da temperatura interna, que levou a vela à sofrer, quebrando eventualmente.

Por isso, os engenheiros tiveram que mexer o mapeamento para não levar a vela além do limite, enquanto um fornecedor externo trabalhou na entrega de novos materiais para garantir que o componente aguentaria as necessidades do motor em modo de potência máxima.

A performance da Ferrari em Abu Dhabi sugere que o problema com a vela parece ter sido resolvida, o que pode aumentar ainda mais as esperanças da Ferrari em 2023, sabendo que não pode sofrer as mesmas falhas de 2022.

 

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Franco Nugnes
Fórmula 1
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