Sem corridas, F1 relata perda de renda de mais de R$ 1 bi no primeiro trimestre de 2020
Os dados financeiros da Liberty Media do primeiro trimestre mostram o tamanho do impacto da crise da Covid na F1
Que a pandemia da Covid-19 teria um impacto econômico no esporte a motor, todo mundo já sabia. Mas, com a divulgação dos números financeiros do primeiro trimestre de 2020 da Liberty Media, foi possível entender melhor o quão afetada a Fórmula 1 foi atingida pela crise.
A renda de janeiro a março do mesmo período do ano passado, que foi de 246 milhões de dólares (cerca de 1,44 bilhão de reais) caiu para apenas 39 milhões de dólares (230 milhões de reais) no primeiro trimestre desse ano, sendo que essa fase contou apenas com as perdas das provas na Austrália e no Bahrein.
Apesar desses eventos terem pago as taxas de recebimento da prova adiantado, a F1 deixou claro que não reconhece esses pagamentos como renda, e fez o mesmo com acordos de televisão e contratos de patrocínio.
A renda primária, que inclui as taxas de provas e contratos de transmissão e patrocínio teve uma queda brusca, de 198 milhões de dólares (1,16 bilhão de reais) para apenas 13 milhões (76 milhões), com apenas alguns elementos de patrocínio contando para esse valor. Outras fontes de renda caíram de 48 milhões (281 milhões) para 26 (152).
O lucro operacional geral passou de uma perda de 47 milhões de dólares (275 milhões de reais) no primeiro trimestre do ano passado para 137 milhões (803 milhões).
A Liberty Media observou: "Como não houve eventos realizados durante o primeiro trimestre de 2020, a receita primária da F1 consistiu apenas de elementos de contratos de patrocínios não relacionados às corridas que foram reconhecidos durante o período, e nenhuma taxa de promoção de corrida nem de transmissão foram contabilizadas".
"Da mesma forma, outras receitas da F1 diminuíram devido à receita zero contabilizada pelo Paddock Club e outras atividades realizadas nos eventos e de produções de televisão. Atualmente, não contamos com a realização de corridas no segundo trimestre de 2020".
Empty seats in a grandstand on Thursday
Photo by: Andrew Hone / Motorsport Images
A F1 conseguiu reduzir seus custos operacionais durante o primeiro trimestre, de 52 milhões de dólares (304 milhões) para 43 (252). Isso ocorreu apesar dos custos de transporte de todo o aparato da F1 para a Austrália, e do fato de as dispensas subsidiadas pelo governo não terem começado até abril, impactando o segundo trimestre.
Oficialmente, nenhum pagamento foi feito às equipes, já que a prática contábil da F1 os aloca como e quando as corridas acontecem. No ano passado, as equipes receberam 93 milhões de dólares (545 milhões de reais) no período de janeiro a março.
A Liberty observou: "Não houve despesas de pagamento de equipe registradas, pois esses pagamentos são reconhecidos de acordo com a realização das corridas no calendário. Outros gastos da receita da F1 são de natureza bastante variável e estão diretamente relacionados às oportunidades de receita".
"Estes gastos diminuíram principalmente devido à não realização de corridas e ao diferimento de despesas não críticas. Certos custos foram incorridos durante o primeiro trimestre, mas antes do início da temporada de 2020, incluindo frete, viagens e custos técnicos relacionados ao GP da Austrália, que foi cancelado às vésperas do evento".
A empresa acrescentou: "A F1 implementou certas medidas de corte de gastos, incluindo reduções salariais e dispensas apoiadas pelo governo do Reino Unido, afetando aproximadamente 50% de sua base de funcionários, a partir de 03 de abril de 2020, não afetando os resultados do primeiro trimestre, mas afetando no segundo".
No mês passado, a Liberty trocou ativos entre suas divisões para dar à F1 1,4 bilhão de dólares (8,1 bilhões de reais) em dinheiro extra para enfrentar a crise, e a empresa continua otimista.
"Somos gratos à FIA, equipes, promotores, nossos funcionários e outros parceiros importantes por seu apoio e esforços durante esse período desafiador", disse Chase Carey, CEO da F1.
"Estamos avançando com nossos planos para 2020, enquanto trabalhamos para fortalecer o futuro a longo prazo da Fórmula 1 por meio dos novos regulamentos técnico, esportivo e financeiro, que melhorarão ainda mais a competição e a ação na pista, tornando-a um negócio mais saudável para todos os envolvidos".
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