RESENHA: Drive to Survive 3 decepciona ao ignorar boas histórias da F1 2020
Nova safra de episódios da série que mostra os bastidores da F1 chegou à Netflix nesta sexta (19)
Depois de meses de espera, os fãs finalmente puderam assistir à íntegra da terceira temporada de Drive to Survive, série da Netflix que mostra os bastidores da Fórmula 1. Mas, apesar de muito querida pelos fãs, a produção peca em sua nova leva de episódios, ignorando boas histórias do campeonato de 2020 para criar histórias que não existiram ao longo do ano passado (confira debate temporada sobre a nova temporada abaixo).
Atenção: se você ainda não viu a terceira temporada de Drive to Survive, fica aqui o alerta de spoiler
A expectativa para a terceira temporada era enorme. A F1 enfrentou um ano sem precedentes em 2020. A pandemia da Covid-19 forçou o cancelamento do GP da Austrália aos 45 do segundo tempo, levando a um período de mais de 200 dias sem corridas, antes do retorno no GP da Áustria, que abriu oficialmente o campeonato de 2020.
Valtteri Bottas, Mercedes-AMG Petronas F1, arrives at the track
Photo by: Sam Bloxham / Motorsport Images
A partir da primeira prova em solo austríaco, iniciou-se uma verdadeira maratona, com 17 corridas em pouco mais de cinco meses, que renderam histórias que ficarão guardadas para sempre nos anais da F1: os recordes e o heptacampeonato de Lewis Hamilton, as vitórias surpreendentes de Pierre Gasly em Monza e de Sergio Pérez no GP de Sakhir, além do acidente de Romain Grosjean no Bahrein e a despedida da família Williams do esporte.
O grande problema da temporada é que a produção de Drive to Survive ignora eventos fundamentais de 2020 em detrimento de criar histórias onde não existem, gastando tempo precioso de seus dez episódios em situações que ficaram em segundo plano ao longo do ano passado.
Uma das primeiras decepções vem já no primeiro episódio, sobre o cancelamento do GP da Austrália.
Com seu acesso total aos bastidores, os fãs esperavam saber mais sobre as questões políticas do anúncio, mas a série foca mais na pré-temporada, deixando os acontecimentos de Melbourne para os minutos finais, sem se aprofundar em um episódio quase inédito na F1.
A série perde outras oportunidades ao ignorar completamente o que aconteceu durante o primeiro semestre. Focando apenas nas corridas, acaba deixando de lado tópicos importantes que aconteceram durante a paralisação, como o consórcio de equipes para a produção de respiradores e os desafios enfrentados pelos atletas para se manter em forma.
Já a partir do segundo episódio, o foco está no campeonato, e o polêmico sistema de direção de eixo duplo da Mercedes se torna uma das pautas de destaque, apesar da história colocá-lo como se tivesse surgido apenas no GP da Áustria, e não na pré-temporada.
Os episódios três e quatro estavam, sem dúvidas, entre os mais aguardados, por focarem na Mercedes e na Ferrari. Mas os resultados destes foram bem distintos. Enquanto o episódio sobre a Ferrari é um dos destaques, aproveitando bem a crise vivida pela equipe com o desastroso SF1000 e a deterioração do relacionamento com Sebastian Vettel após a sua demissão, com a Mercedes, a situação foi bem diferente.
Valtteri Bottas and his manager Ville Ahtiainen
Photo by: Reprodução
A ideia de fazer um episódio centrado em Bottas não é ruim, já que a discussão sobre primeiro e segundo piloto está sempre em voga na F1. Mas o momento não poderia ter sido pior, e a cena de nudez do finlandês deve render nas redes sociais durante as próximas semanas.
A série acaba ignorando o personagem principal da F1 2020: Lewis Hamilton. Com o britânico em busca do heptacampeonato e dos principais recordes do Mundial, sua participação, restrita aos acontecimentos do GP da Rússia é decepcionante. As vitórias em Silverstone, Portugal e na Turquia são marcos para a temporada e a categoria, e não deveriam ser ignoradas ou apenas mencionadas.
Mas o tratamento à Mercedes ainda tem outros pontos negativos, como apenas uma menção à participação de George Russell no GP de Sakhir.
Entre os positivos sobre a equipe alemã estão a participação de Nico Rosberg para falar do relacionamento com Hamilton e a reflexão de Hamilton no último episódio, falando sobre o que significa ser o único negro da F1.
Indo além dos episódios dedicados à Mercedes e Ferrari, a Red Bull é a protagonista da temporada, com destaque para a derrocada de Alex Albon contra as boas performances de Pierre Gasly na AlphaTauri, culminando em um ótimo episódio sobre a vitória do francês no GP de Monza, onde deixa claro que não gostou nada de não ter sido considerado para a vaga de segundo piloto.
Lance Stroll, Racing Point, 3rd position, and Pierre Gasly, AlphaTauri, 1st position, on the podium
Photo by: Andy Hone / Motorsport Images
Por outro lado, a disputa do pelotão do meio entre Racing Point, Renault e McLaren tem muito espaço, mas com alguns temas questionáveis, para dizer o mínimo. Um exemplo é o oitavo episódio, quando sugerem que a McLaren boicotou a temporada de Carlos Sainz após a confirmação de sua ida à Ferrari em 2021. Mas, no geral, a situação dessas três equipes acabou sendo mais utilizada para preencher espaço, sem construir histórias que prendam o espectador.
No fundo do grid, a Haas volta a ser a equipe com mais tempo de tela, por conta de Gunther Steiner, que se tornou um improvável protagonista da série, além do acidente de Grosjean, que recebeu um ótimo tratamento no penúltimo episódio.
Mas a série volta a errar ao inferir no episódio sete que existe uma rivalidade entre Alfa Romeo e Haas, apenas com o motivo de buscar um gancho para trazer a equipe suíça de volta à série, depois de ser esquecida na temporada passada.
Inclusive, o fundo do grid é palco de um dos grandes pecados desta temporada de Drive to Survive: ignorar a venda da Williams e a despedida da família do esporte. Exceto uma menção no episódio seis, a impressão que fica é que nada mudou na organização da equipe, o que está longe da realidade, além de ser uma das histórias mais importantes da F1 em 2020.
Claire Williams, Deputy Team Principal, Williams Racing
Photo by: Charles Coates / Motorsport Images
Após o final da maratona, fica a impressão de que a série tentou contar uma história bastante diferente da que vimos dentro e fora das pistas em 2020, ignorando histórias e personagens importantes.
Além da venda da Williams e o caminho de Hamilton ao hepta, as ausências de Max Verstappen e Nico Hulkenberg, que se tornou um personagem importante por conta da pandemia, são sentidas.
A terceira temporada de Drive to Survive chega ao fim com mais erros do que acertos, uma decepção considerando que 2020 foi o melhor ano da F1 desde que a série começou. E apesar de ainda não estar oficialmente confirmada, a produção da quarta temporada já deu seu pontapé inicial, com a produção circulando pelo Bahrein durante a pré-temporada.
Fica a expectativa de que, para o futuro, esses problemas possam ser corrigidos, para que volte a ter a mesma qualidade de suas temporadas iniciais.
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