Sette Câmara fala de vitória, pódios e analisa ano na F2
Apesar de início difícil, piloto mineiro diz que paciência foi chave para bons resultados nas últimas etapas
Sem pontuar na temporada de 2017 da Fórmula 2 até a rodada da Bélgica no mês passado, a sorte passou a sorrir para Sérgio Sette Câmara. A partir de Spa-Francorchamps, o piloto mineiro de 19 anos entrou em uma sequência de ótimos resultados.
Depois de pontuar na corrida 1 e ainda ser ajudado por duas desclassificações, que o tiraram de oitavo e o colocaram em sexto lugar, ele venceu a prova de domingo em uma grande atuação, assumindo a ponta na partida depois de largar de terceiro e controlando com maestria os adversários.
Ele voltou a andar bem na etapa seguinte, na Itália, onde foi sexto e segundo. Os resultados o fizeram ir de zero a 43 pontos no campeonato em duas etapas. Agora, ele ocupa o 13º posto na tabela.
Perguntado pelo Motorsport.com sobre o que preponderou em sua boa evolução - paciência, amadurecimento ou parte técnica - Sette Câmara destacou: “Eu atribuo tudo isso a estes três fatores.”
“A gente conseguiu segurar firme e não ser muito abalado pelos resultados ruins do início do ano. Quando os resultados começaram a encaixar, veio muita calma para mim e para todos que trabalhavam em volta do meu carro. Foi como tirar um peso dos ombros.”
“O automobilismo é difícil, porque você trabalha em um coletivo, mas acaba atuando sozinho ao mesmo tempo. No entanto, não nos abalamos com nada. Conseguimos nossos primeiros pontos na corrida 1 de Spa. Isso trouxe calma e conseguimos aplicar o que tínhamos aprendido. Acontecia muito de mudarmos o carro mal do treino livre para a classificação e depois para a corrida.”
“Um exemplo: Na corrida 1 de Monza, deu tudo errado. Larguei mal e perdi tempo no meu pit stop por um erro de um mecânico. Mas, com calma, nós conseguimos chegar ao top-8 – o que me fez ir ao pódio no outro dia. Isso fez a diferença, porque sabia que se não errasse, chegaria ao top-8. Na primeira metade do ano, isso não aconteceria.”
Confiança e adaptação
Para Sérgio, a confiança que os primeiros pontos lhe trouxeram foi a receita para passar a enxergar os finais de semana e campeonato de outra forma.
“Os resultados aumentam muito a confiança. A equipe e eu sabemos o que podemos fazer”, disse.
“Uma coisa é ver o potencial, mas outra coisa é conseguir chegar lá, ganhar e ir para o pódio. Isso mostra que a gente é capaz de finalizar no top-10 neste ano. Mas, mais que top-10 ou terminar no pódio, meu objetivo é seguir pontuando nas corridas (restam duas etapas, as rodadas de Jerez e Abu Dhabi). Já estamos pontuando em quatro provas seguidas e eu quero manter essa onda. Acho que tenho toda a condição do mundo de fazer isso.”
“É óbvio que é um ano de adaptação. Nós estávamos pensando em correr de GP3 até outubro do ano passado. Nós sabíamos que estávamos dando um passo grande. Não havia muita expectativa para esta temporada.”
“É claro, queremos aprender andando na frente. E não tem jeito: Algumas vezes você cria a expectativa. Mas, se parar para pensar, é o ano que tinha que ser.“
O mineiro também diz não ter pressa para chegar à F1, apesar de pilotos cada vez mais jovens estarem entrando na categoria.
“Não tenho que ter pressa. Eu tenho menos de 20 anos, fiz 19 neste ano. Poucos pilotos chegar à F1 com menos de 20 ou mesmo com 20. Não pode se antecipar.”
“A pior coisa é você ter um resultado ruim e querer cobrir o dobro. Isso é igual aposta: Você vai cobrindo e perde tudo. Cheguei a fazer isso e me arrependo. Mas agora estou relaxado. Se eu fizer um trabalho bom, as coisas virão na minha direção. A chave é ter calma.”
F2: Categoria de “muitos contrastes”
Para o estreante, uma das principais dificuldades da Fórmula 2 é se acostumar com o carro mais potente tendo pneus que se desgastam rápido – como os da Fórmula 1 – e um grande contraste entre a estrutura das equipes.
No entanto, Sette Câmara vê o pouco tempo de pista como o principal adversário.
“Tem muita coisa nova. Todo mundo fala muito de degradação de pneus, mas o formato do final de semana e como as coisas acontecem deixa tudo muito complicado”, disse.
“É muito curto. Em um final de semana normal no seco você faz cinco voltas lançadas no treino livre e uma simulação de corrida – que você não aprende nada. Depois você vai para a classificação, onde você tem dois jogos e faz uma ou no máximo duas voltas rápidas por jogo. Ou seja, você tem que chegar na curva e falar: ‘Eu acho que eu vou sair’.”
“A maior dificuldade aqui é se adaptar rápido sem errar. Tem pouco tempo de pista e muita coisa pode dar errado.”
Para Sérgio, outro problema a curto prazo é seu time. A holandesa MP Motorsport não tem tantos recursos como as principais equipes da categoria.
“Dava para ter encaixado mais no início do ano? Dava. Mas estou feliz com o aprendizado e com a equipe. É uma equipe que não é muito grande, mas isso é bom a médio prazo porque tenho mais responsabilidades aqui dentro.”
“Essa equipe aqui não tem tanta estrutura na minha opinião. Eu falo isso de forma amigável. Eu gosto deles e sabia que seria assim. Aqui nós temos um contraste grande de time para time.”
“Eles me dão muito apoio aqui, mas não temos software de simulação, sempre precisamos acertar o carro na mão. O ideal seria não depender tanto do meu feedback quanto eles dependem. Isso é prejudicial a curto prazo, mas a longo é melhor.”
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