Piloto da SuperBike que morreu em Interlagos corria contra a vontade da família
Danilo Berto já havia sofrido acidentes antes e sua família temia os riscos da categoria. Apesar de possuir licença para as pistas, o piloto não podia dirigir nas ruas
Neste domingo, o mundo do esporte a motor perdeu o piloto Danilo Berto, que corria no SuperBike Brasil. Danilo sofreu um acidente durante o aquecimento para a etapa de Interlagos e foi levado de helicóptero para o Hospital das Clínicas, onde passou por cirurgia. A confirmação do falecimento do piloto veio por volta das 17 horas.
Nascido na cidade de Valinhos em 1983, o piloto completaria 36 anos em junho. Fora das pistas, atuava como diretor na gráfica e editora Bercrom, empresa de sua familia. No SuperBike, corria pela equipe Pitico Race Team, pilotando uma Kawasaki ZX-10. Casado desde 2012 com Rafaela Thomás, o piloto ainda não tinha filhos, o que era um de seus sonhos, de acordo com sua mãe, Dalva Berto.
"Sempre considerei ele um ótimo filho, mas ele tinha esse sonho com esse esporte que nos deixava preocupados. Um dos outros sonhos dele era ter filhos, o que não se concretizou. O Danilo era um grande filho e grande empresário. Era um administrador renomado aqui em Valinhos. Ele era tão querido como empresário que na despedida dele, 100% dos funcionários estavam presentes. Mais de 500 pessoas vieram dar adeus", disse a mãe de Danilo, em entrevista exclusiva ao Motorsport.com Brasil.
Em março de 2018, Danilo havia sofrido outro acidente perigoso em Interlagos. Ao cair de sua moto na largada, acabou sendo atropelado por um dos rivais que não conseguiu desviar a tempo. Naquela ocasião, precisou passar por cirurgias para reconstruir a perna direita. De acordo com fontes do Motorsport.com Brasil, aquele acidente foi o quarto de Danilo.
Riscos relacionados à carreira eram uma preocupação da família do piloto. "No sábado ele estava muito feliz porque bateu o próprio recorde na pista de Interlagos. Foi bom ver ele feliz dessa forma. Apesar da nossa preocupação, nós nunca brigamos com ele, mas sempre pontuamos, principalmente após os acidentes. Porém, ele sempre relutou e continuou fazendo o que queria".
"Ele era um filho muito amoroso. Eu amava ele sem queixas. Mas ele tinha esse hobby com a moto e nós ficamos muito preocupados. Depois que ele teve o primeiro acidente nós conversamos para ver se ele poderia se encaminhar para outro esporte. Mas o pedido foi em vão, porque na verdade era disso que ele gostava. Ele não vivia disso, porque era empresário, mas era nisso que estava sua satisfação de vida. Era a vazão dele, a alegria dos fins de semana".
"Fica a tristeza, um vazio, pela dor da separação, mas eu sei que os desígnios de Deus nem sempre são os mesmos desígnios do homem".
Atuando nas pistas desde 2017, Danilo Berto afirmou ao site Torneio Esportivo de Motovelocidade, em entrevista realizada em fevereiro deste ano, que ainda não possuía motocicleta para seu uso pessoal pois não possuía carteira de habilitação para motos, algo que estava nos seus planos para 2019.
É importante destacar que, embora o piloto não possuía habilitação para motocicletas, Berto era devidamente licenciado pela Confederação Brasileira de Motociclismo (CBM), o que o habilitava para competir nas pistas. Situação semelhante a que o piloto Max Verstappen viveu na Fórmula 1, por ter estreado na categoria com 17 anos, quando ainda não possuía idade suficiente para dirigir nas ruas.
Danilo Berto #83 2018
Photo by: Arquivo pessoal
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