Análise: crescimento da Honda deveria preocupar Yamaha
Com Marc Márquez muito próximo de conquistar o terceiro título na MotoGP, a Yamaha precisa entender como perdeu o título mesmo tendo a moto mais equilibrada do grid
O modo como a temporada 2016 da MotoGP progrediu mostra uma estatística interessante: a Yamaha venceu cinco das sete primeiras corridas, mas não voltou a triunfar desde então. A vitória de Valentino Rossi na Catalunha, em junho, marcou a última ida da marca de Iwata ao topo do pódio.
A Honda, por outro lado, cresceu de produção, vencendo cinco vezes e com quatro pilotos diferentes - Márquez com duas, além dos triunfos de Jack Miller, Cal Crutchlow e Dani Pedrosa - além das conquistas singulares da Ducati na Áustria e da Suzuki na Grã-Bretanha.
Apesar da Yamaha tentar demonstrar serenidade, Rossi foi direto no último final de semana, em Aragón: para o italiano, a chance de conquistar o título deste ano já não existe, mas a preocupação vai além e atinge a próxima temporada, devido ao desempenho atual da moto.
Jorge Lorenzo, que deixa a Yamaha no fim do ano e vai para a Ducati, aponta a eletrônica como a raiz do problema. Curiosamente, a fabricante japonesa era apontada por todos na pré-temporada como a que melhor havia se adaptado à centralina padrão, introduzida neste ano.
O coordenador da Yamaha, Massimo Meregalli, busca minimizar os problemas. Recentemente, Meregalli disse que a nova moto da Yamaha não será vista antes de novembro e que terá importantes atualizações até lá. Já a Honda foi duas vezes à pista com o motor do próximo ano, que tem agradado os pilotos.
Embora Meregalli tenha tentado colocar panos quentes, ninguém no paddock duvida que a Yamaha perdeu uma chance de ouro para conquistar outro título, especialmente com as dificuldades das rivais no início do ano e levando em consideração que a fabricante levou os títulos de pilotos, equipes e construtores em 2015 - a quatro corridas do fim desta temporada, a Honda lidera nos três campeonatos.
Mudanças nos pneus 'puniram' Yamaha
Como isso foi acontecer? A resposta se baseia em uma combinação de fatores. Primeiro, a Honda tem Márquez, que aos 23 anos e com um talento incrível, agora adicionou ao 'arsenal' a sabedoria de atacar quando pode e ser cauteloso quando não há chance de vencer.
No lado técnico, a Honda fez muitos progressos com a eletrônica, que tanto deu dor de cabeça ao time no início da temporada.
Além disso, há um terceiro elemento que, embora não seja notado por muitos, é tão importante quanto os outros dois: os pneus, que pareciam sob medida para Lorenzo durante a pré-temporada, agora são o 'calcanhar de Aquiles' do espanhol.
Após os problemas enfrentados por Scott Redding na Argentina - o pneu do britânico simplesmente se desfez em alta velocidade - a Michelin colocou em prática um plano de emergência para evitar que o episódio se repetisse, mudando a construção dos pneus.
Lorenzo foi um dos que mais sofreu com as mudanças. Com os novos compostos, a velocidade em curva - uma das principais virtudes do atual campeão - foi comprometido, especialmente pela falta de estabilidade e de aderência nas entradas de curva.
Apesar disso, Lorenzo segue lutando pelo segundo lugar no campeonato com Rossi e, ainda que ninguém dentro da Yamaha queira admitir, isso também é fonte de preocupação. Meregalli pode insistir e dizer que não há motivo para preocupação, mas há poucas razões para manter a calma.
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