ANÁLISE: Viñales, Rossi, Márquez e Rins têm melhor ritmo de teste no Catar
Em simulações de corrida e classificação, espanhóis comandam último dia de testes em Losail e italiano se recupera
A MotoGP finalizou sua última sessão de testes antes da abertura da temporada – a ocorrer no próximo dia 10 – na última segunda-feira no Catar. E com o fim dos ensaios, já podemos tentar decifrar pelo cronômetro quem está melhor e mais bem preparado para o início da temporada, principalmente porque a primeira corrida será disputada na mesma localidade do último teste: o circuito de Losail.
E, com menos variáveis que a Fórmula 1, na MotoGP historicamente testes de pré-temporada têm mais valor para dizer quem está de momento na frente e quem está tendo problemas.
Começando pela parte de cima, Maverick Viñales foi com boa margem o mais veloz juntando os três dias de teste, anotando 1min54s208 em seu melhor giro. Mas será que em ritmo de prova ele também foi o mais veloz? A resposta é... sim!
O espanhol, que neste ano mudou o número de sua moto de 25 para 12 buscando uma nova fase na carreira, cravou cinco voltas em 1min54s – mais do que qualquer outro piloto no teste todo. Fora das simulações de classificação, ele também mostrou a melhor velocidade do grid anotando 12 voltas em 1min55s e ficando com ao todo com 17 voltas abaixo de 1min56s.
Ressurgimento da Yamaha?
Valentino Rossi, Yamaha Factory Racing
Photo by: Yamaha MotoGP
Mas não foi só Viñales que brilhou. O mais ilustre membro do clube dos esportistas quarentões, Valentino Rossi, também mostrou que pode ser combativo. Depois de um assustador 19º no penúltimo dia do teste, ele foi o quinto no último dia registrando nada menos que quatro voltas em 1min54s – perdendo apenas para Viñales, que fez cinco.
Rossi não fez stints longos no treino da última segunda (na verdade, foi um dos pilotos que menos deu voltas, com 38), mas nas pequenas saídas que deu – de seis voltas no máximo – virou cinco voltas na casa de 1min55s e sete em 1min56s baixo. É para se ficar de olho.
Além dele, Fabio Quartararo e Franco Morbidelli surpreenderam bastante. O francês, que muitos dizem que sobe para a MotoGP mais cedo do que deveria, apresentou um ritmo impressionante com duas voltas em 1min54s e nada menos que 13 em 1min55s – uma a mais que Viñales! – ficando com o segundo tempo geral. Morbidelli foi um pouco mais lento, mas mostrou também uma consistência exemplar, fazendo 14 voltas em 1min56s baixo além de cinco em 1min55s e duas em 1min54s. O ítalo-brasileiro foi o piloto que mais deu voltas no top-10 do teste.
Será que a Yamaha deixou para trás os problemas de eletrônica que a assolaram durante o ano de 2018 inteiro? O resultado deste teste sugere que sim, apesar de a montadora de Iwata ainda pecar na velocidade final segundo Rossi.
Ombro no lugar?
Marc Marquez, Repsol Honda Team
Photo by: Gold and Goose / LAT Images
Depois de parecer visivelmente incomodado com sua performance no primeiro teste de pré-temporada, na Malásia, Marc Márquez mostrou muito mais ataque nesta segunda sessão no Catar.
O 93 foi o único a realizar três voltas em 1min54s – uma a menos que Rossi e duas a menos que Viñales. Mas o mais impressionante foi sua simulação de corrida. Ele simplesmente deu 16 voltas em 1min55s no último dia, mais do que qualquer outro piloto na pista. Marc foi o quarto a mais dar voltas, com 53 giros, mostrando uma melhora acentuada de Sepang para Losail em termos de condição física. Para quem disse que só estaria 100% do ombro operado no GP da Argentina, Marc está bem até demais. O campeão vem com tudo e os rivais que se cuidem.
Seu novo companheiro, Jorge Lorenzo, deu poucas voltas no teste para não agravar o pulso recém-operado, mas mostrou no fim do treino que seu relacionamento com a RC213V tem potencial. Ele deu uma única volta abaixo de 1min54s, mas deu seis em 1min55s em sua última saída antes do final. Se você colocar isso sob a perspectiva de um piloto que deu somente 33 voltas (20 a menos que Marc e segundo que menos rodou), o progresso do 99 parece animador.
A grata surpresa
Alex Rins, Team Suzuki MotoGP
Photo by: Gold and Goose / LAT Images
Os cinco pódios de Álex Rins em 2018 não escondem de ninguém que a Suzuki tem tudo para ser uma força a se considerar nesta temporada. O espanhol, que já no ano passado tomou a frente no desenvolvimento da bem equilibrada GSX-RR, mostrou nos dois testes desta pré-temporada que 2019 pode ser o ano de sua primeira vitória na MotoGP.
Terceiro no apanhado dos três dias do teste após ser o mais veloz no segundo dia, o 42 fez no terceiro dia simulações de corrida bastante animadoras com 13 voltas em 1min55s e duas voltas em 1min54s.
Seu parceiro, Joan Mir, também foi bem, mas não mostrou o mesmo ritmo. De qualquer maneira, o estreante espanhol, campeão da Moto3 em 2017, endossa o fato de que a Suzuki pode ser uma grande força nesta temporada.
Fator Ducati
Andrea Dovizioso, Ducati Team
Photo by: Gold and Goose / LAT Images
Depois de fechar as quatro primeiras posições no primeiro teste, a Ducati – que historicamente sempre anda bem no Catar – decepcionou de certa forma no segundo treino desta pré-temporada de 2019. Em nenhum dos dias as Desmosedicis estiveram com destaque à frente do pelotão.
Entretanto, quando vamos ao ritmo de prova, o time mostra que as aparências podem enganar. Líder do primeiro teste, Danilo Petrucci deu nada menos que 15 voltas em 1min55s (uma a menos que Márquez) e na única volta que andou em 1min54s foi para a pista especificamente para isso, tanto que logo após sair dos boxes e fazer essa volta (sua melhor do teste) o italiano retornou à garagem.
Andrea Dovizioso, vencedor do GP do Catar no ano passado e segundo colocado nas três edições anteriores da prova em Losail, escondeu bastante o jogo no último dia. Alegando rajadas fortes de vento, o italiano abortou uma simulação de corrida e jamais foi veloz como seus concorrentes, ficando em 15º no combinado do teste com sua marca do segundo dia. Pouco se pode ler de seu ritmo, mas seu histórico e a confiança em suas declarações nos faz duvidar que isso seja uma má fase.
Jogo aberto
No fim, 15 pilotos ficaram no mesmo segundo no combinado dos três dias de teste no Catar. Isso mesmo: Dovi ficou a 0s997 de Viñales, o que se tratando de um teste de pré-temporada na pista que é a terceira maior do calendário da MotoGP, perdendo apenas para Silverstone e Sepang – onde 12 pilotos ficaram no mesmo segundo do líder no primeiro teste – não é praticamente nada.
O que dá para dizer sem sombra de dúvidas é que certamente teremos uma temporada tão ou mais vibrante quanto as três últimas, recheada de GPs com muitos pretendentes a pódio e vitória.
Prepare o sofá, o refrigerante... e o desfibrilador.
Veja os tempos combinados do teste da MotoGP no Catar:
Pos. | Piloto | Moto | Tempo/Diferença |
---|---|---|---|
1 | Maverick Viñales | Yamaha | 1:54.208 |
2 | Fabio Quartararo | Yamaha | 0.233 |
3 | Álex Rins | Suzuki | 0.385 |
4 | Marc Márquez | Honda | 0.405 |
5 | Valentino Rossi | Yamaha | 0.443 |
6 | Jorge Lorenzo | Honda | 0.445 |
7 | Franco Morbidelli | Yamaha | 0.452 |
8 | Pol Espargaró | KTM | 0.562 |
9 | Takaaki Nakagami | Honda | 0.581 |
10 | Danilo Petrucci | Ducati | 0.610 |
11 | Jack Miller | Ducati | 0.643 |
12 | Joan Mir | Suzuki | 0.789 |
13 | Francesco Bagnaia | Ducati | 0.866 |
14 | Aleix Espargaró | Aprilia | 0.965 |
15 | Andrea Dovizioso | Ducati | 0.997 |
16 | Tito Rabat | Ducati | 1.021 |
17 | Cal Crutchlow | Honda | 1.039 |
18 | Andrea Iannone | Suzuki | 1.135 |
19 | Johann Zarco | KTM | 1.508 |
20 | Miguel Oliveira | KTM | 1.565 |
21 | Karel Abraham | Ducati | 1.743 |
22 | Bradley Smith | Aprilia | 1.864 |
23 | Hafizh Syahrin | KTM | 2.163 |
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