Novo proprietário da KTM culpa donos anteriores por crise e anuncia redução de 50% que pode afetar esporte a motor
Bajaj Auto deve assumir oficialmente o controle da marca austríaca em novembro, com o ok da Comissão Europeia de Aquisições
Rajiv Bajaj, o CEO da Bajaj Auto não poupou críticas à gestão anterior da KTM, que levou a uma grave crise. O novo dono da marca austríaca disse em entrevista que será necessário cortar gastos em diversas áreas, incluindo uma possível redução de 50% no programa de esporte a motor da montadora.
Com a Bajaj Auto prevista para assumir o controle total da KTM no mês de novembro, a nova direção deve chegar com uma forte política de gastos, que pode afetar a participação da marca em locais como o Mundial de Motovelocidade e as competições de off-road.
"Vemos uma oportunidade de reduzir as despesas gerais em mais de 50%, incluindo P&D [Pesquisa e Desenvolvimento], marketing, operações e administração geral", disse. "É interessante notar que, das 4.000 pessoas atualmente empregadas na KTM, apenas cerca de 1.000 são manuais; 3.000 são administrativas, o que é intrigante porque os funcionários manuais fabricam as moto", explica Rajiv, em uma entrevista à CNBC-TV18 da Índia.
Mesmo com várias injeções financeiras para salvar a KTM, a empresa indiana ainda está aguardando a aprovação da Comissão Europeia para concluir a aquisição da montadora austríaca.
"Atualmente, todas as aprovações relacionadas a fusões e aquisições já estão disponíveis, e acho que as que precisavam ser obtidas em termos de aprovações de investimento estrangeiro também foram aprovadas. Agora estamos aguardando a aprovação principal da comissão de aquisições".
"Entendemos que ela poderá ser obtida em novembro. Esperamos que ela seja positiva, o que significa que, após quase 18 anos como parceiro minoritário, nos tornaríamos acionistas de 76% da KTM AG e, de meros observadores, assumiríamos o controle", diz ele.
Bajaj chama o antigo proprietário da KTM, Stefan Pierer, de ganancioso
Foto de: KTM Images
Bajaj não poupa adjetivos quando se trata de descrever o desempenho do antigo maior acionista da KTM, Stefan Pierer, a quem ele culpa pela falência da empresa.
"Ficamos chocados, a maior parte do setor ficou bastante chocada com a velocidade com que tudo se desenrolou. Minha mente remonta há quase 30 anos ao que meu primeiro guru da administração, Dr. John Wallace, me disse: o principal motivo da falência de uma empresa é a ganância. De fato, testemunhei isso na KTM, especialmente nos últimos doze meses. Em termos gerais, eu diria que havia três tipos de ganância", aponta Bajaj.
"Em primeiro lugar, a ganância operacional, melhor exemplificada nos últimos dois anos, quando a KTM Áustria continuou a produzir em excesso, embora o pico de demanda após a Covid-19 tivesse diminuído. Como resultado, os revendedores e distribuidores acumularam mais de um ano de estoque, o que, francamente, era um absurdo", diz ele.
"Ganância estratégica. As empresas geralmente entram em negócios nos quais não deveriam entrar. No caso da KTM, o melhor exemplo foi sua entrada no negócio de bicicletas (...) que não tem sinergia real com seu negócio principal", ele lembra o fracasso retumbante da divisão de bicicletas da marca.
Desde maio passado, o logotipo da Bajaj aparece na cúpula das motos KTM no Campeonato Mundial de MotoGP.
Foto de: Gold and Goose Photography / LAT Images / via Getty Images
"Esses dois fatores combinados levaram a KTM à insolvência em questão de meses. Pode-se dizer que a Bajaj fez parte disso, e admito que sim, também fizemos parte do que deu errado, mas como sócio minoritário, não pudemos evitar".
"E posso dizer que fizemos o possível para resistir a ela, tanto que acabou levando ao terceiro tipo de ganância, que poderia ser chamado de ganância de governança, em que certas decisões foram tomadas sem nosso conhecimento, sem nossas informações ou, às vezes, sem seguir o devido processo", revela.
Entre muitas outras perguntas, o CEO da Bajaj Auto foi questionado sobre como ele conseguiria uma redução como a que está propondo.
"É muito fácil conseguir isso. Vemos uma oportunidade de reduzir as despesas gerais em mais de 50%, incluindo P&D, marketing [onde está incluso o departamento de corridas], operações e administração geral", ele aponta.
"A gerência anterior já reduziu a força de trabalho de 6.000 para 4.000 pessoas, o que ainda é considerado um exagero. É interessante notar que, desses 4.000, apenas cerca de 1.000 são trabalhadores; 3.000 são funcionários administrativos, o que é intrigante. Isso me lembra as palavras de Mark Zuckerberg sobre gerentes que gerenciam gerentes que gerenciam aqueles que fazem o trabalho. A sobrecarga de gerenciamento e a burocracia nessa excelente organização eram surpreendentes", diz o executivo indiano.
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